Direção: John
Badham
Roteiro: W.D. Richter
(baseadono livro de Bram Stoker e na peça de Hamilton Deane e John L.
Balderston)
Produção: Walter
Mirisch, Tom Pevsner (Produtor Associado), Marvin Mirisch (Produtor Executivo)
Elenco: Frank Langella, Laurence Olivier, Donald Pleasence, Kate
Nelling, Trevor Eve, Jan Francis
Drácula de 1979,
dirigido por John Badham é uma espécie de remake da Universal para seu absoluto
clássico da Era de Ouro, dirigido por Tod Browning e com Bela Lugosi no papel
do Conde, lançado em 1931. E ambos foram inspirados na peça da Broadway escrita
por Hamilton Deane e John L. Balderston, e não no livro de Bram Stoker. Por
isso, tome licença poética e não espere que seja uma adaptação fiel ao texto do
escritor irlandês publicado em 1897. Várias mudanças consideráveis são feitas
no roteiro de W.D. Richter, incluindo aí uma verdadeira dança das cadeiras dos
personagens. Mina vira filha de Van Helsing, a noiva de Jonathan Harker é Lucy,
que por sua vez é filha do Dr. Seward e Renfield nunca foi para Trânsilvânia
como corretor (e tampouco Harker, e tampouco ninguém na verdade, pois o filme corta
toda a ação que se passa na Romênia tendo início no navio já transportando o
vampirão para a Inglaterra eduardiana, matando toda a tripulação). Drácula é vivido
magistralmente por Frank Langella, considerada por muitos a melhor
interpretação do Conde. Aristocrata, charmoso, sensual, porém maligno quando
preciso, o sujeito é um Drácula boa pinta, de fala mansa, olhar hipnótico,
dando outra persona para o monstro
que antes já havia sido imortalizado por Lugosi em Drácula e até mesmo por
Christopher Lee nos filmes da Hammer, com seu debute em O Vampiro da Noite. E em comum com
Lugosi, Langella havia interpretado o vampiro nos palcos, exatamente no segundo
revival da peça na Broadway, que estreou em 1977. O produtor Walter Mirisch o
viu e na hora decidiu fazer o filme e escalá-lo para o papel, com a condição do
ator de que não usasse presas escorrendo sangue de sua boca (ah, puxa!). O
veterano e ganhador do Oscar e Globo de Ouro Laurence Olivier vive o Prof.
Abraham Van Helsing, nêmese de Drácula, que vem da Holanda para Londres por
conta da trágica morte da filha Mina (argh!), chamado pelo Dr. Seward (papel de
Donald Pleasence, inicialmente cotado para ser o famoso caçador de vampiros,
mas preferiu um papel menor para não ficar muito parecido com seu personagem
Dr. Loomis em Halloween – A Noite
do Terror de
John Carpenter). Nisso, Drácula já está bem alocado na Abadia de Carfax que
adquiriu por intermédio de Jonathan Harker (Trevor Eve), havia sugado o sangue
de Mina (Jan Francis) e transformado-a em uma desmorta louca pelo sangue de
bebês. Lucy (Kate Nelligan) já está caidinha pelos encantos vampirescos de
Drácula e então se inicia uma corrida contra o tempo unindo Harker, Seward e
Van Helsing para que ela não vire definitvamente uma comcubina das trevas e
seja levada para a Trânsilvania. Tudo isso em meio a fotografia, direção de
arte e figurinhos impecáveis, creditados para Gilbert Taylor, Brian
Ackland-Snow e Julie Harris respectivamente. Atrevo-me a dizer que, dadas às
devidas proporções, está ali pau a pau com todo o fru-fru e estilização
de Drácula de Bram Stoker de Francis Ford Coppola. Langella, indicado
ao Tony pelo seu papel nos palcos, certa vez disse sobre sua interpretação como
Drácula: “eu não o faço como uma criatura assustadora. Ele é um homem nobre, um
homem elegante com um problema muito difícil, com um único e distinto problema
social: precisa de sangue para viver e é imortal”. E toda sua construção de
personagem é baseada nesse preceito. Mas o vampiro-mor de Langella também sabe
ser do mal quando precisa, tentando hipnotizar Van Helsing, quebrando o pescoço
de Renfield quando é traído, lutando contra os intrépidos heróis no mausoléu da
abadia ou no porão do navio e principalmente quando utiliza seus poderes
transmorfos para se tornar lobo (pela primeira vez no cinema vemos essa
capacidade mágica do vilão) e claro, em morcego. Ponto também para a direção
segura e deslumbrante de Badham que originalmente queria filmá-lo em preto e
branco, usando a cenografia e costumes da peça, assim como o Drácula original,
mas foi vetado pela Universal. Mesmo assim, a fotografia remete a uma época
romântica abusando de tonalidades cinza, preto, branco e dourado, além do
excelente uso de luz e sombra e elementos artificiais como uma constante e
densa névoa e emaranhados de teias de aranha na morada do monstro, tudo
cuidadosamente planejado para envocar a atmosfera perfeita. Drácula é um
belo e lascivo filme. Está longe da importância do filme de Lugosi, do viés
popularesco dos filmes da Hammer com a audácia maligna de Christopher Lee e
mesmo da opulência visual do filme vindouro de Copolla. Peca na “tal liberdade
poética” alterando vários elementos chaves do livro, mas é ainda assim uma
adaptação digna e classuda, diferente de muita bobagem que vemos por aí (e
inclua isso a podreira recente de Dario Argento).
FONTE:
http://101horrormovies.com/2014/03/14/390-dracula-1979/
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