quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

#385 1979 ALIEN O OITAVO PASSAGEIRO (Alien, EUA)


Direção: Ridley Scott
Roteiro: Dan O’Bannon, Ronald Shusset
Produção: Gordon Carroll, David Giler, Walter Hill, Ivor Powell (Produtor Associado), Ronald Shusett (Produtor Executivo)
Elenco: Sigourney Weaver, Tom Skerrit, John Hurt, Ian Holm, Veronica Cartwright

“No espaço, ninguém irá ouvir você gritar”. Essa é a famosa tagline de Alien – O Oitavo Passageiro de Ridley Scott. Ah, mas eles gritaram. E muito! Afinal, Alien é a mais perfeita amálgama entre os filmes de terror e ficção científica, e nenhum outro longa antes mostrou uma ameaça alienígena tão implacável em um ambiente extremamente claustrofóbico, trazendo à flor da pele nossos medos mais primais. Esteticamente falando Alien é perfeito. Revendo o filme para escrever esse texto, fico impressionado como ainda hoje a forma do monstro impressiona, mesmo com mais de 30 anos passados. Forma essa criada pelo maluco designer suíço H. R. Giger, que também contribuiu com a criação do visual do planeta e da nave onde o parasita da criatura é encontrado. Além disso a arte conceitual do filme é do quadrinista francês Moebius. Giger claramente tem uma mente doentia, distorcida e sombria. Só isso explica a forma que ele deu a bizarra criatura. Já Ridley Scott merece todos os méritos do filme, por sua ambientação, doses cavalares de suspense e tensão, cenas de sustos impactantes, corredores e mais corredores escuros e apertados e muita nojeira. Afinal, a possibilidade de Alien – O Oitavo Passageiro virar um ridículo filme B era muito grande. Ponto para Scott. Sendo que o roteiro de Dan O’Bannon comprado pela FOX já havia sido descaradamente inspirado em um filme tosco de alienígena da década de 50, chamado O Terror Veio do Espaço. O cargueiro espacial Nostromo, composto por sete tripulantes, recebe um sinal de socorro de um inóspito planeta e interrompe a sua volta à Terra para que a tripulação averigue esse sinal, que supostamente parte de uma forma de vida orgânica. O capitão Dallas (Tom Skerrit) desce ao planeta junto com Lambert (Veronica Cartwright) e Kane (John Hurt), deixando na nave a impetuosa tenente Ellen Ripley (imortalizada por Sigoruney Weaver), os mecânicos representantes da classe operária Brett (Harry Dean Stanton) e Parker (Yaphet Kotto) e o oficial cientista Ash (Ian Holm). No planeta encontram uma nave e Kane é infectado por uma parasita que fixa-se ao seu rosto (o famoso facehugger), depositando um embrião do alienígena no seu sistema digestivo. Bom, acho que todo mundo já sabe o que acontece na sequência, né? A fantástica cena quando o alienígena explode a barriga do seu hospedeiro em pleno jantar tem um fato curioso: ela foi filmada com os demais atores da mesa sem saber o que iria acontecer exatamente. Scott queria uma reação real de medo e choque. E nota-se isso principalmente na personagem de Veronica Cartwright, que é a mais atingida pelo banho de sangue que jorra do peito aberto do pobre Kane. Daí para frente, os tripulantes tentam, sem um pingo de sucesso, caçar a criatura pelos labirintos claustrofóbicos da nave, enquanto vão morrendo um por um. Fora isso, a tripulação ainda têm de lidar com a trairagem de Ash, que na verdade é um androide a serviço da companhia que só quer a criatura viva para usá-la como arma, sendo que o resto da tripulação da Nostromo é descartável. Alien também seria responsável por catapultar Sigourney Weaver ao sucesso, criando a figura de uma das mais emblemáticas heroínas no cinema e colocando uma mulher forte no comando de uma situação em que historicamente, tratando-se do cinema de terror, elas são histéricas, inúteis e as primeiras a morrerem. Na sequência final, Ripley deveria ficar nua para mostrar a fragilidade do corpo humano em comparação a máquina de matar perfeita que era a criatura. Porém para não tomar uma classificação indicativa ainda maior, a FOX vetou a ideia. Uma pena! Os efeitos visuais também são determinantes para o sucesso do filme, levando o Oscar daquele ano, graças a mistura grotesca de elementos orgânicos e mecânicos criada por Giger, e pela beleza da criatura, que nunca é mostrada por inteiro, e é interpretada de forma suave e curvilínea pelo bailarino massai Bolaji Badejo. Engraçado que ver Alien hoje em dia, tirando a defasagem tecnológica dos computadores e instrumentos de navegação, o filme continua assustadoramente atual. A versão do diretor tem seis minutos a mais de duração do que a vista nos cinemas, e isso inclui uma interessante cena onde Ripley encontra os corpos de Dallas e Brett quase sem vida, presos na parede por uma gosma, para serem utilizados posteriormente como futuros hospedeiros do alienígena. Na sequência, Aliens – O Resgate de James Cameron, essa particularidade do monstro é bastante utilizada. Falando em sequência, ao contrário de muitos dos filmes de terror,  o comando da franquia sempre foi entregue para diretores com visões criativas bem diferentes, mas que sempre tinham algo interessante para acrescentar à mitologia. Cameron transformou a segunda parte em um filme de ação recheado de ótimos efeitos especiais e introduziu o conceito da colonização de outros planetas, da terraformação e da Alien Rainha. David Fincher, que depois se tornaria ultracool com produções como Seven – Os Sete Crimes Capitais e Clube da Luta, dirigiu Alien³ e fez um filme ainda mais claustrofóbico que o primeiro, mais sujo, brutal e sangrento, além de dar uma característica quadrúpede inédita para o monstro, ao ser gestado dentro de uma vaca, deixando claro o seu perfil xenomórfico. O quarto filme, em compensação, é uma decepção sem tamanho. O francês Jean Pierre Jeunet tentou dar um ar artístico europeu em Alien – A Ressurreição e acabou por enterrar a franquia, depois ridicularizada pelos seus vexatórios embates com o Predador, outro alienígena da FOX. Mas Prometheus, prequela recém-lançada nos cinemas, novamente com o toque preciso de Ridley Scott na direção, mesmo se distanciando do universo da criatura, elucida algumas características levantadas em Alien – O Oitavo Passageiro, deixando dezenas de outras em aberto, mantendo a franquia viva nos debates entre os fãs.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/03/07/385-alien-o-oitavo-passageiro-1979/

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