Direção: Ridley Scott
Roteiro: Dan O’Bannon, Ronald Shusset
Produção: Gordon Carroll, David Giler, Walter Hill, Ivor Powell
(Produtor Associado), Ronald Shusett (Produtor Executivo)
Elenco: Sigourney Weaver, Tom Skerrit, John Hurt, Ian Holm, Veronica
Cartwright
“No espaço, ninguém
irá ouvir você gritar”. Essa é a famosa tagline de Alien – O Oitavo Passageiro de Ridley
Scott. Ah, mas eles gritaram. E muito! Afinal, Alien é a mais
perfeita amálgama entre os filmes de terror e ficção científica, e nenhum outro
longa antes mostrou uma ameaça alienígena tão implacável em um ambiente
extremamente claustrofóbico, trazendo à flor da pele nossos medos mais primais.
Esteticamente falando Alien é perfeito. Revendo o filme para
escrever esse texto, fico impressionado como ainda hoje a forma do monstro
impressiona, mesmo com mais de 30 anos passados. Forma essa criada pelo maluco
designer suíço H. R. Giger, que também contribuiu com a criação do visual do
planeta e da nave onde o parasita da criatura é encontrado. Além disso a arte
conceitual do filme é do quadrinista francês Moebius. Giger claramente tem uma
mente doentia, distorcida e sombria. Só isso explica a forma que ele deu a
bizarra criatura. Já Ridley Scott merece todos os méritos do filme, por sua
ambientação, doses cavalares de suspense e tensão, cenas de sustos impactantes,
corredores e mais corredores escuros e apertados e muita nojeira. Afinal, a
possibilidade de Alien – O Oitavo Passageiro virar um ridículo
filme B era muito grande. Ponto para Scott. Sendo que o roteiro de Dan O’Bannon
comprado pela FOX já havia sido descaradamente inspirado em um filme tosco de
alienígena da década de 50, chamado O Terror Veio do Espaço. O cargueiro
espacial Nostromo, composto por sete tripulantes, recebe um sinal de socorro de
um inóspito planeta e interrompe a sua volta à Terra para que a tripulação
averigue esse sinal, que supostamente parte de uma forma de vida orgânica. O
capitão Dallas (Tom Skerrit) desce ao planeta junto com Lambert (Veronica
Cartwright) e Kane (John Hurt), deixando na nave a impetuosa tenente Ellen
Ripley (imortalizada por Sigoruney Weaver), os mecânicos representantes da
classe operária Brett (Harry Dean Stanton) e Parker (Yaphet Kotto) e o oficial
cientista Ash (Ian Holm). No planeta encontram uma nave e Kane é infectado por
uma parasita que fixa-se ao seu rosto (o famoso facehugger),
depositando um embrião do alienígena no seu sistema digestivo. Bom, acho que
todo mundo já sabe o que acontece na sequência, né? A fantástica cena quando o
alienígena explode a barriga do seu hospedeiro em pleno jantar tem um fato
curioso: ela foi filmada com os demais atores da mesa sem saber o que iria
acontecer exatamente. Scott queria uma reação real de medo e choque. E nota-se
isso principalmente na personagem de Veronica Cartwright, que é a mais atingida
pelo banho de sangue que jorra do peito aberto do pobre Kane. Daí para frente,
os tripulantes tentam, sem um pingo de sucesso, caçar a criatura pelos
labirintos claustrofóbicos da nave, enquanto vão morrendo um por um. Fora isso,
a tripulação ainda têm de lidar com a trairagem de Ash, que na verdade é um
androide a serviço da companhia que só quer a criatura viva para usá-la como
arma, sendo que o resto da tripulação da Nostromo é descartável. Alien também
seria responsável por catapultar Sigourney Weaver ao sucesso, criando a figura
de uma das mais emblemáticas heroínas no cinema e colocando uma mulher forte no
comando de uma situação em que historicamente, tratando-se do cinema de terror,
elas são histéricas, inúteis e as primeiras a morrerem. Na sequência final,
Ripley deveria ficar nua para mostrar a fragilidade do corpo humano em
comparação a máquina de matar perfeita que era a criatura. Porém para não tomar
uma classificação indicativa ainda maior, a FOX vetou a ideia. Uma pena! Os
efeitos visuais também são determinantes para o sucesso do filme, levando o
Oscar daquele ano, graças a mistura grotesca de elementos orgânicos e mecânicos
criada por Giger, e pela beleza da criatura, que nunca é mostrada por inteiro,
e é interpretada de forma suave e curvilínea pelo bailarino massai Bolaji
Badejo. Engraçado que ver Alien hoje em dia, tirando a defasagem
tecnológica dos computadores e instrumentos de navegação, o filme continua
assustadoramente atual. A versão do diretor tem seis minutos a mais de duração
do que a vista nos cinemas, e isso inclui uma interessante cena onde Ripley
encontra os corpos de Dallas e Brett quase sem vida, presos na parede por uma
gosma, para serem utilizados posteriormente como futuros hospedeiros do
alienígena. Na sequência, Aliens – O Resgate de James Cameron,
essa particularidade do monstro é bastante utilizada. Falando em sequência, ao
contrário de muitos dos filmes de terror, o comando da franquia sempre
foi entregue para diretores com visões criativas bem diferentes, mas que sempre
tinham algo interessante para acrescentar à mitologia. Cameron transformou a
segunda parte em um filme de ação recheado de ótimos efeitos especiais e
introduziu o conceito da colonização de outros planetas, da terraformação e da
Alien Rainha. David Fincher, que depois se tornaria ultracool com
produções como Seven – Os Sete Crimes Capitais e Clube
da Luta, dirigiu Alien³ e fez um filme ainda mais
claustrofóbico que o primeiro, mais sujo, brutal e sangrento, além de dar uma
característica quadrúpede inédita para o monstro, ao ser gestado dentro de uma
vaca, deixando claro o seu perfil xenomórfico. O quarto filme, em compensação,
é uma decepção sem tamanho. O francês Jean Pierre Jeunet tentou dar um ar
artístico europeu em Alien – A Ressurreição e acabou por
enterrar a franquia, depois ridicularizada pelos seus vexatórios embates com o
Predador, outro alienígena da FOX. Mas Prometheus, prequela
recém-lançada nos cinemas, novamente com o toque preciso de Ridley Scott na
direção, mesmo se distanciando do universo da criatura, elucida algumas
características levantadas em Alien – O Oitavo Passageiro, deixando
dezenas de outras em aberto, mantendo a franquia viva nos debates entre os fãs.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/03/07/385-alien-o-oitavo-passageiro-1979/
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