quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

#383 1978 A VOLTA DO MONSTRO (It Lives Again / It’s Alive 2, EUA)


Direção: Larry Cohen
Roteiro: Larry Cohen
Produção: Larry Cohen, William Wellman Jr. (Produtor Associado)
Elenco: Frederic Forrest, Kathleen Lloyd, John P. Ryan, John Marley, Andrew Duggan

O terrível bebê mutante monstro está de volta! A Volta do Monstro, continuação de Nasce um Monstro de Larry Cohen, pérola trash setentista, traz um novo casal às voltas com uma anomalia genética que transforma o que poderia ser um bebê normal e saudável, numa criaturinha violenta, assassina e impiedosa, que sai rastejando por aí mordendo jugulares. O mais interessante é que em detrimento do péssimo título escolhido em português, que dá a entender de primeira que aquele mesmo bebê monstruoso do primeiro filme estaria de volta, na real a premissa desta sequência é bastante interessante, expandindo a mitologia e não se limitando a mais do mesmo, nos trazendo um desenrolar dos eventos do primeiro filme com as demais famílias que por ventura tenham o mesmo terrível destino dos Davis no original, algo que já havia ficado em aberto pouco antes de subir os créditos de Nasce um Monstro, quando começam a surgir reportes de que mais mulheres estavam dando à luz a esses bebês mutantes. O infortúnio da vez se abate sobre o casal Eugene (Frederic Forrest) e Jody Scott (Kathleen Lloyd) que são alertados durante o chá de bebê por Frank Davis (retorno de John P. Ryan ao papel), o nacionalmente conhecido pai do primeiro bebê monstro, que agora trabalha junto com uma organização secreta chefiada pelo Dr. Forest (Eddie Constantine) no intuito de salvar os bebês, todos sumariamente executados pelas autoridades logo após o parto, e poder estuda-los. Para isso, eles criam um complexo científico e depois de uma arriscada operação onde conseguem fugir com Eugene e Jody, levam o monstrinho para se juntar a mais outros dois sobreviventes, ironicamente chamados de Adão e Eva. Só que a polícia não medirá esforços para encontrar Davis, Eugene e o recém-nascido, contando com o auxílio da mãe de Jody para colocar um rastreador na bolsa da filha quando ela vai se encontrar com o marido e o bebê, e tentar dar cabo da criatura mutante. Só que ao chegar ao local, os monstrinhos terão escapado e deixarão seu rastro irracional de morte, sem demonstrar piedade dos cientistas e do próprio Davis, quando tentava escapar com um deles e protege-lo. Assim como o original, a cereja do bolo obviamente não são os bebês monstros, afinal Cohen tinha o mesmo problema de orçamento do primeiro filme, e preferiu deixar a maioria das cenas de ataque subentendidas, com ângulos fechados e aparições rápidas da criatura (novamente criadas pelo oscarizado Rick Baker), geralmente envoltas nas sombras, para não colocar tudo a perder o transformar o filme em gozação, e sim o desenvolvimento psicológico dos personagens e as questões reflexivas do filme. Os pais mais uma vez têm sua vida deteriorada depois do nascimento do bebê, e Eugene é o mais afetado, vivendo um dilema sobre qual sentimento nutrir pela criatura, assim como sua esposa, que inicialmente terá o instinto materno gritando mais alto, mas depois se pegará na dúvida sobre qual o melhor destino para a prole, após comprovar sua sede por sangue e irracionalidade assassina. A cena em que os dois discutem após um tempo separados, e Jody aparenta uma espécie de repulsa ao desejo sexual do marido (afinal o sexo deu origem àquela aberração e sua mãe ficava lhe colocando caraminhola na cabeça, dizendo que todos da família eram normais, e o problema genético deve ter vindo do pai) é muito bem escrita e interpretada pelo casal de atores. Frank Davis também está bem mais introspectivo e determinado que no primeiro filme, após sua redenção ao tentar salvar seu filho depois de tê-lo baleado, acreditando que no final das contas ele era humano e o havia perdoado, tentando de qualquer forma ajudar a entender aquelas criaturas, algo que foge completamente de qualquer explicação que os cientistas tenham tentando. E claro, há todo o elemento de uma grande conspiração do governo, que usará de qualquer método para abafar esses nascimentos e evitar criar uma crise médica e científica, preferindo exterminá-los do que compreende-los. Filmado em apenas 18 dias, A Volta do Monstro é uma daquelas continuações decentes, que acrescenta ao público ao invés de ser um simples caça-níquel do estúdio. E mostra mais uma vez a qualidade de Larry Cohen como diretor e contador de histórias, por saber como poucos, valorizar uma podreira e torna-la assistível, sempre com uma interessante mensagem por trás.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/03/05/383-a-volta-do-monstro-1978/

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