Direção: Larry Cohen
Roteiro: Larry Cohen
Produção: Larry Cohen, William Wellman Jr. (Produtor Associado)
Elenco: Frederic Forrest, Kathleen Lloyd, John P. Ryan, John
Marley, Andrew Duggan
O terrível bebê
mutante monstro está de volta! A Volta do Monstro, continuação de Nasce um Monstro de Larry Cohen,
pérola trash setentista, traz um novo casal às voltas com uma anomalia genética
que transforma o que poderia ser um bebê normal e saudável, numa criaturinha
violenta, assassina e impiedosa, que sai rastejando por aí mordendo jugulares. O
mais interessante é que em detrimento do péssimo título escolhido em português,
que dá a entender de primeira que aquele mesmo bebê monstruoso do primeiro
filme estaria de volta, na real a premissa desta sequência é bastante
interessante, expandindo a mitologia e não se limitando a mais do mesmo, nos
trazendo um desenrolar dos eventos do primeiro filme com as demais famílias que
por ventura tenham o mesmo terrível destino dos Davis no original, algo que já
havia ficado em aberto pouco antes de subir os créditos de Nasce um Monstro, quando começam a surgir reportes de que
mais mulheres estavam dando à luz a esses bebês mutantes. O infortúnio da vez
se abate sobre o casal Eugene (Frederic Forrest) e Jody Scott (Kathleen Lloyd)
que são alertados durante o chá de bebê por Frank Davis (retorno de John P.
Ryan ao papel), o nacionalmente conhecido pai do primeiro bebê monstro, que
agora trabalha junto com uma organização secreta chefiada pelo Dr. Forest
(Eddie Constantine) no intuito de salvar os bebês, todos sumariamente
executados pelas autoridades logo após o parto, e poder estuda-los. Para isso,
eles criam um complexo científico e depois de uma arriscada operação onde
conseguem fugir com Eugene e Jody, levam o monstrinho para se juntar a mais
outros dois sobreviventes, ironicamente chamados de Adão e Eva. Só que a
polícia não medirá esforços para encontrar Davis, Eugene e o recém-nascido,
contando com o auxílio da mãe de Jody para colocar um rastreador na bolsa da
filha quando ela vai se encontrar com o marido e o bebê, e tentar dar cabo da
criatura mutante. Só que ao chegar ao local, os monstrinhos terão escapado e
deixarão seu rastro irracional de morte, sem demonstrar piedade dos cientistas
e do próprio Davis, quando tentava escapar com um deles e protege-lo. Assim
como o original, a cereja do bolo obviamente não são os bebês monstros, afinal
Cohen tinha o mesmo problema de orçamento do primeiro filme, e preferiu deixar
a maioria das cenas de ataque subentendidas, com ângulos fechados e aparições
rápidas da criatura (novamente criadas pelo oscarizado Rick Baker), geralmente
envoltas nas sombras, para não colocar tudo a perder o transformar o filme em
gozação, e sim o desenvolvimento psicológico dos personagens e as questões
reflexivas do filme. Os pais mais uma vez têm sua vida deteriorada depois do
nascimento do bebê, e Eugene é o mais afetado, vivendo um dilema sobre qual
sentimento nutrir pela criatura, assim como sua esposa, que inicialmente terá o
instinto materno gritando mais alto, mas depois se pegará na dúvida sobre qual
o melhor destino para a prole, após comprovar sua sede por sangue e
irracionalidade assassina. A cena em que os dois discutem após um tempo
separados, e Jody aparenta uma espécie de repulsa ao desejo sexual do marido
(afinal o sexo deu origem àquela aberração e sua mãe ficava lhe colocando
caraminhola na cabeça, dizendo que todos da família eram normais, e o problema
genético deve ter vindo do pai) é muito bem escrita e interpretada pelo casal
de atores. Frank Davis também está bem mais introspectivo e determinado que no
primeiro filme, após sua redenção ao tentar salvar seu filho depois de tê-lo
baleado, acreditando que no final das contas ele era humano e o havia perdoado,
tentando de qualquer forma ajudar a entender aquelas criaturas, algo que foge
completamente de qualquer explicação que os cientistas tenham tentando. E
claro, há todo o elemento de uma grande conspiração do governo, que usará de
qualquer método para abafar esses nascimentos e evitar criar uma crise médica e
científica, preferindo exterminá-los do que compreende-los. Filmado em apenas
18 dias, A Volta do Monstro é uma daquelas continuações decentes, que acrescenta ao
público ao invés de ser um simples caça-níquel do estúdio. E mostra mais uma
vez a qualidade de Larry Cohen como diretor e contador de histórias, por saber
como poucos, valorizar uma podreira e torna-la assistível, sempre com uma
interessante mensagem por trás.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/03/05/383-a-volta-do-monstro-1978/
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