Direção: Abel
Ferrara
Roteiro: Nicholas
St. John
Produção: Douglas
Anthony Metro (Produtor Associado), Rochelle Weisberg (Produtora Executiva)
Elenco: Jimmy Laine, Carolyn Marz, Baybi Day, Harry Shcutlz, Alan
Wynorth
Esse filme deve ser
assistido ALTO! Assim somos apresentados ao cult O Assassino da Furadeira, de Abel Ferrara. Um
filme completamente retardado, punk rock, transgressor, violento e imundo. É
uma produção doentia e chapada, sobre a escória, sobre o caos social e sobre a
insanidade humana gerada pela vida na maldita metrópole de Nova York. A falta
de perspectiva, de grana, a aporrinhação, o caos urbano, o barulho
ensurdecedor… São todos os motivos que levam um artista plástico frustrado e
falido, que inconsequentemente, tocando um foda-se, pega uma furadeira e sai
matando sem tentos, a torto e a direito, nas noites da Big Apple. Já dizia LCD Soundsystem: “NY I Love You, But You Bring me Down!” Abel gastando
ridículos 20 mil dólares, com uma estética tosca e suja, interpretando o papel
principal do frustrado pintor Reno Miller (usando o pseudônimo de Jimmy Laine)
faz uma reflexão anarquista da descida ao inferno provocada por percalços da
vida moderna e os males da megalópole. Sem grana para pagar o aluguel, vivendo
com duas roommates, sendo uma sua
namorada, não conseguindo finalizar seu próximo quadro pelo qual está obcecado
(um búfalo gigante com um olhar hipnótico) para tentar vender a uma galeria de
arte e tendo que aguentar uma banda de punk vizinha ensaiando dia e noite para
tocar em uma espelunca qualquer, Reno simplesmente surta de vez, acometido por
acessos de loucura que o fazem começar a chacinar os mendigos com sua
furadeira, e mais tarde, partir em busca de vingança contra o galerista que lhe
humilhou ou sua namorada que o deixou na mão e voltou para o ex, um burguês
cosmopolita ridículo. O Assassino da Furadeira preza pela não
coerência. A edição parece vomitada na tela e é visivelmente amadora. Tem horas
que parece que você está assistindo a um videoclipe de uma banda, de tanto que
mostra os infelizes ensaiando ou tocando no show. É o imediatismo de querer
capturar nas telas, lá no final dos anos 70, a efervescência do movimento punk
de NY, o uso de drogas, a decadência moral da sociedade e meter de vez o prego
no caixão do sonho americano. Mas essa podreira experimental de Ferrara, que
tem toda uma filmografia maldita no currículo, tornou-se cultuada exatamente
por todo esse caos e barulho, e retrato de uma geração e de uma Nova York suja
e decadente, mais ou menos como Scorcese fez com seu Taxi Driver,
só que ligado no 220V. Por isso O Assassino da Furadeira é um dos
trabalhos mais admirados do diretor. E Ferrara ainda arrumou um espaço para
cutucar a Igreja Católica em vários simbolismos espalhados pelo filme (a
primeira cena se passa dentro de uma igreja; Reno utiliza a furadeira pela
primeira vez ao inconscientemente fazer o formato de uma cruz ao furar a porta
para uma de suas colegas de apartamento; um dos mendigos é crucificado…) e
inserir inspirações de Repulsa ao Sexo, de Roman Polanski,
como o explodir das suas alucinações, o confinamento em um apartamento
decadente e até um coelho pelado que Reno ganha de presente, que serve como
estopim de onde começa a deixar fluir seu sadismo. O Assassino da
Furadeira é um deleite para os ãs do cinema transgressor. Por mais que não
seja uma festival de sangue e exploitation como The Toolbox Murders ou outros
exemplares gore do cinema europeu, ou impactante e demente como O Massacre da Serra Elétrica, é uma ode à
perdição, trash, visceral,
impossível de ser feitos nos dias de hoje. Mas que serviu de retrato visual de
um conturbado período e como influência para pencas de diretores que viriam
depois, como os próprios Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, entre outros.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2014/03/11/387-o-assassino-da-furadeira-1979/
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