Direção: Ruggero Deodato
Roteiro: Gianfranco
Clerici, Vincenzo Mannino
Produção: Franco
Di Nunzio, Franco Palaggi
Elenco: David
Hess, Annie Belle, Christian Borromeo, Giovanni Lombardo Radice, Marie Claude
Joseph, Gabriele Di Giulio
The House on the Edge of the Park sempre será
inevitavelmente tachado como cópia italiana de Aniversário Macabro de Wes Craven.
Principalmente por conta do título (o nome original de Craven é The Last
House on the Left), a presença do ator David Hess e a história recheada de
brutalidade, sadismo, tortura e estupro. Mas acho que no final das contas, são
duas obras que tem suas coincidências, mas também suas disparidades, e devem
ser vistas de maneira independente. Pois bem, o diretor Ruggero Deodato já é
velho conhecido dos fãs de filme de horror por conta de seu trabalho chocante e
polêmico em Cannibal Holocaust. Aqui nesta
película, ele deixa um pouco a violência gráfica e o gore desmedido
de lado (o que pode até chatear os mais reaças) e parte para um suspense forte
com requintes de crueldade, quando dois punks resolvem fazer um grupo
de amigos endinheirados de refém e promover jogos sexuais e sessões de agressão
física e tortura. Mas como é um filme italiano, o final terá lá sua reviravolta
estrambólica da vez. Logo no começo da fita, Deodato já nos mostra ao que veio,
mostrando uma cena tensa com uma trilha sonora adocicada do mestre Riz
Ortolani, falecido recentemente, que já havia feito esse tipo de brincadeira de
sentimentos musicais no próprio Cannibal Holocaust. Alex (Hess) persegue
uma garota de carro em um parque e acaba estuprando-a e matando-a brutalmente.
Corte de cena e Alex, que trabalha como mecânico, interceptador e vendedor de
carros roubados nas horas vagas e seu comparsa, Ricky (Giovanni Lombardo
Radice), são convidados para uma festinha privé na casa dos aristocráticos Tom
(Christian Borromero) e Lisa (Annie Belle), clientes que precisavam que seu
carro fosse arrumado tarde da noite e impede os dois de sair para alguma
discoteca festejar. Tá, por aí já começa a inverossimilhança do filme, pois
quem em sua sã consciência, e tudo bem que estamos falando do começo dos anos
80, chamaria dois sujeitos como Alex e Ricky para uma festa na sua casa? Nesse
angu tem caroço ou é apenas ingenuidade e furo de roteiro? Aguardem até o final
da fita. Chegando lá, Alex fica louquinho para pegar Lisa, e Ricky faz papel de
idiota perante os outros ricaços, sendo motivo de chacota e trapaceado no
pôquer. Alex então saca qual é a dos metidos que queriam humilhá-los e
transforma a festinha em um pesadelo, fazendo os cinco de reféns, torturando-os
física e psicologicamente e abusando sexualmente das garotas. O que é pretexto
para toneladas e toneladas de frames de garotas nuas em pelo (e olhe, coloque
pelo nisso!). Filme vai, filme vem, a tensão vai aumentando, assim como o
suspense, os reféns tentam ludibriar Ricky, principalmente Glenda (Marie Claude
Jospeh), por quem o rapaz ficou amarradão, rola sexo aqui, acolá, os homens
moles são feitos de saco de pancada e até aparece uma nova refém, a ninfeta
Cindy (Brigitte Petronio), loirinha virgem e inocente que quase tem sua pureza
deflagrada pelo escroque Alex, além de ser severamente cortada por golpes de
sua navalha enquanto o sádico cantarola a música “Cindy, Oh Cindy” (que já
ganhou até versão do Beach Boys), que por sinal, é uma das melhores cenas do
filme e mostra que Hess sabia interpretar um cara mau como ninguém. Daí vem o
final e você precisa usar toda a suspensão de descrença que você seja capaz
para conseguir engoli-lo.
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia
por sua conta e risco.
Na verdade, tudo não
passou de um embuste que Tom preparou para atrair Alex para sua casa e executar
seu mirabolante plano de vingança, já que a garota violentada e morta no começo
do filme era sua irmã. E usar a desculpa de que os dois invadiram sua casa e
suas mortes foram em legítima defesa. É inteligente e estúpido ao mesmo tempo,
mas o problema é que os panacas nunca tiveram as rédeas da situação, daí
milagrosamente o roteiro cheio de buracos se encarregou de nada sair do
controle e ninguém ser morto. E com toda sua dose de perversão e violência,
claro que The House on the Edge of the Park, foi parar na lista
dos nasty videos do DPP e proibido de ser exibido na Inglaterra. E
olhe que coisa, só conseguiu ser exibido por lá em 2002, com nada mais nada
menos que 11 minutos e 43 segundos de corte. Ou seja, não sobrou nada de interessante
para se ver no filme. E todo filme que era banido e entrava na famigerada lista
do BBFC claro que ganhava um marketing adicional por se envolver nessa
polêmica. Até hoje. The House on the Edge of the Park foi sim idealizado
tentando pegar carona no sucesso de Aniversário Macabro de Craven,
lançado quase dez anos antes, mas tem seus próprios méritos e vai se
distanciando do exemplar americano na condução extensa e muito mais violenta da
tortura, estupro e assassinato e também no que concerne a vingança. Detêm certo
mau gosto com justiça poética e é só para os fãs mesmo do cinema exploitation, apesar de ser muito bem
dirigido e conduzido por Deodato até seu final, e contar com a explosiva
atuação de David Hess, que faleceu em 2011.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/04/07/408-the-house-on-the-edge-of-the-park-1980/
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