Direção: John
Carpenter
Roteiro: John
Carpenter, Debra Hill
Produção: Debra
Hill, Pegi Brotman (Produtora Associado), Barry Bernardi e Charles B. Bloch
(Produtores Executivos)
Elenco: Adrienne Barbeau, Jamie Lee Curtis, Janet Leigh, John
Houseman, Tom Atkins, Hal Holbrook, Charles Cyphers
Caso você não conheça
essa pequena gema do horror do mestre John Carpenter, não deixe se enganar pelo
ridículo título que ele levou aqui em terras
brazilis: A Bruma Assassina, tradução de The
Fog, que ao pé da letra seria A Névoa, como acabou sendo batizada a
malfadada refilmagem de 2005 com o Superboy no papel principal. Ainda em começo
de carreira, após o baita sucesso de seu filme anterior, Halloween – A Noite do Terror, e preparando
terreno para seu melhor filme (na minha humilde opinião), O Enigma de
Outro Mundo, Carpenter faz um horror de baixo orçamento (porém sem estética de
baixo orçamento, principalmente pelo inusitado fato de ter sido filmado em
Widescreen Anamórfico) correto, decente e direto ao ponto, trabalhando aqui o
que sabe fazer de melhor: o prolongamento e manutenção do suspense. A história
que se vista por um ângulo diferente, pode muito bem se encaixar no gênero
zumbi, é localizada na cidadezinha costeira de Antonio Bay, na Califórnia, que
está preste a comemorar o centésimo aniversário de sua fundação. Porém as
raízes de sua fundação estão fincadas em uma trama de horror, ganância, assassinato
e preconceito, como contado por um velho lobo do mar a um grupo de crianças ao
redor de uma fogueira, e depois confirmado por um antigo diário que o padre
Malone (Hol Holbrook) descobre com relatos de seu bisavô. Na verdade, Antonio
Bay ficava próximo de uma ilha de leprosos, e o capitão Blake (interpretado
pelo mago dos efeitos visuais Rob Bottin, que seria responsável pelos efeitos
memoráveis do próprio O Enigma de Outro Mundo), comandante do navio
Elizabeth Dane tenta barganhar um pedaço de terra com os fundadores de Antonio
Bay para que eles pudessem viver por ali em terra firme. Só que Blake era podre
de rico e detentor de um tesouro, e seis conspiradores locais resolvem traí-lo,
atraindo o seu navio com uma fogueira para se estapifar nas rochas (ajudados
por uma misteriosa névoa que pairava sobre o mar naquela fatídica noite) e
roubam o ouro do Capitão Blake para poder construir a cidade. Passam-se esses
100 anos, e durante a data de celebração do centenário, uma série de
acontecimentos macabros começa a se acometer sobre alguns moradores díspares,
aparentemente sem nenhuma conexão um com os outros, justamente quando a
sinistra névoa resplandecente avança pela cidade. Entre esses moradores estão a
radialista Stevie Wayne (interpretada por Adrianne Barbeau), que com sua voz de
travesseiro embala as noites do povo de Antonio Bay e será responsável por
narrar a trajetória da névoa; Elizabeth Solley (Jamie Lee Curtis) uma caronista
em direção a Vancouver que se envolve com Nick Castle (Tom Atkins) um
marinheiro; a responsável pela organização das festividades, Kathy Williams
(Janet Leigh, a eterna Marion Crane de Psicose e mãe de Jamie
Lee Curtis) e claro, o padre Malone, peça fundamental para o desenrolar final
da vingança dos mortos-vivos aquáticos contra os descendentes daqueles que os
traíram e foram responsáveis por suas mortes, munidos de suas espadas, foices e
ganchos. Obviamente por conta da falta de recursos, os efeitos visuais deixam
um pouco a desejar, como quase tudo que foi desenvolvido nos anos 80, mas a
técnica e a maestria em conduzir o suspense de Carpenter consegue equilibrar as
coisas, já que a sua maior proeza é durante a primeira metade apenas arrastar
as ações e clima de horror com o descobrir dos acontecimentos (e sempre
auxiliado pela excelente trilha sonora, conduzida pelo próprio) e na segunda
metade, nunca mostrar claramente a tripulação afogada do Elizabeth Dane, sempre
envoltos pela bruma e seus olhos brilhantes, até o ataque final. Ponto para
Carpenter que trabalha o efeito do medo do desconhecido, que funciona sempre
melhor que qualquer terror escancarado. Talvez o maior defeito de A Bruma
Assassina seja exatamente um problema de ritmo, com um clímax apressado
onde em sua metragem curta (pouco mais de 80 minutos), faz com que algumas
cenas e situações passem a se atropelar para conseguir dar uma conclusão no
roteiro, já que três quartos do filme focam-se apenas na construção exata da
atmosfera de terror, porém sem poder desenvolver demais seus personagens
separadamente, e sem poder estender demais em sua conclusão. Mas isso não
impede a presença de algumas cenas emblemáticas, como a sinistra primeira noite
quando os acontecimentos estranhos acontecem por toda Antonio Bay, ou quando os
desafortunados marinheiros do barco Sea Grass são as primeiras vítimas dos
espíritos/zumbis vingativos, ou mesmo, em uma cena enxertada depois do primeiro
corte (pois nas exibições prévias foi se constatado que o filme estava pouco
assustador), quando um dos cadáveres se levanta no necrotério para dar um baita
susto na Scream Queen Jamie Lee Curtis. Fato é que A Bruma
Assassina funciona de forma tão bem simplesmente por toda a competência da
equipe técnica, de seus atores e obviamente pelo talento na direção de John
Carpenter, que adentra na década que o deixaria famoso de verdade (mesmo com o
êxito da criação de Michael Myers dois anos antes), e o estabeleceria como um
dos maiores diretores do cinema fantástico de todos os tempos, emplacando nos
anos 80 clássicos eternos de terror como o já citado O Enigma de Outro
Mundo, Eles Vivem e Christine – O Carro Assassino e
os sci-fide ação Fuga de Nova York e Os Aventureiros do
Bairro Proibido.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/04/02/404-a-bruma-assassina-1980/
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