segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

#404 1980 A BRUMA ASSASSINA (The Fog, EUA)


Direção: John Carpenter
Roteiro: John Carpenter, Debra Hill
Produção: Debra Hill, Pegi Brotman (Produtora Associado), Barry Bernardi e Charles B. Bloch (Produtores Executivos)
Elenco: Adrienne Barbeau, Jamie Lee Curtis, Janet Leigh, John Houseman, Tom Atkins, Hal Holbrook, Charles Cyphers

Caso você não conheça essa pequena gema do horror do mestre John Carpenter, não deixe se enganar pelo ridículo título que ele levou aqui em terras brazilisA Bruma Assassina, tradução de The Fog, que ao pé da letra seria A Névoa, como acabou sendo batizada a malfadada refilmagem de 2005 com o Superboy no papel principal. Ainda em começo de carreira, após o baita sucesso de seu filme anterior, Halloween – A Noite do Terror, e preparando terreno para seu melhor filme (na minha humilde opinião), O Enigma de Outro Mundo, Carpenter faz um horror de baixo orçamento (porém sem estética de baixo orçamento, principalmente pelo inusitado fato de ter sido filmado em Widescreen Anamórfico) correto, decente e direto ao ponto, trabalhando aqui o que sabe fazer de melhor: o prolongamento e manutenção do suspense. A história que se vista por um ângulo diferente, pode muito bem se encaixar no gênero zumbi, é localizada na cidadezinha costeira de Antonio Bay, na Califórnia, que está preste a comemorar o centésimo aniversário de sua fundação. Porém as raízes de sua fundação estão fincadas em uma trama de horror, ganância, assassinato e preconceito, como contado por um velho lobo do mar a um grupo de crianças ao redor de uma fogueira, e depois confirmado por um antigo diário que o padre Malone (Hol Holbrook) descobre com relatos de seu bisavô. Na verdade, Antonio Bay ficava próximo de uma ilha de leprosos, e o capitão Blake (interpretado pelo mago dos efeitos visuais Rob Bottin, que seria responsável pelos efeitos memoráveis do próprio O Enigma de Outro Mundo), comandante do navio Elizabeth Dane tenta barganhar um pedaço de terra com os fundadores de Antonio Bay para que eles pudessem viver por ali em terra firme. Só que Blake era podre de rico e detentor de um tesouro, e seis conspiradores locais resolvem traí-lo, atraindo o seu navio com uma fogueira para se estapifar nas rochas (ajudados por uma misteriosa névoa que pairava sobre o mar naquela fatídica noite) e roubam o ouro do Capitão Blake para poder construir a cidade. Passam-se esses 100 anos, e durante a data de celebração do centenário, uma série de acontecimentos macabros começa a se acometer sobre alguns moradores díspares, aparentemente sem nenhuma conexão um com os outros, justamente quando a sinistra névoa resplandecente avança pela cidade. Entre esses moradores estão a radialista Stevie Wayne (interpretada por Adrianne Barbeau), que com sua voz de travesseiro embala as noites do povo de Antonio Bay e será responsável por narrar a trajetória da névoa; Elizabeth Solley (Jamie Lee Curtis) uma caronista em direção a Vancouver que se envolve com Nick Castle (Tom Atkins) um marinheiro; a responsável pela organização das festividades, Kathy Williams (Janet Leigh, a eterna Marion Crane de Psicose e mãe de Jamie Lee Curtis) e claro, o padre Malone, peça fundamental para o desenrolar final da vingança dos mortos-vivos aquáticos contra os descendentes daqueles que os traíram e foram responsáveis por suas mortes, munidos de suas espadas, foices e ganchos. Obviamente por conta da falta de recursos, os efeitos visuais deixam um pouco a desejar, como quase tudo que foi desenvolvido nos anos 80, mas a técnica e a maestria em conduzir o suspense de Carpenter consegue equilibrar as coisas, já que a sua maior proeza é durante a primeira metade apenas arrastar as ações e clima de horror com o descobrir dos acontecimentos (e sempre auxiliado pela excelente trilha sonora, conduzida pelo próprio) e na segunda metade, nunca mostrar claramente a tripulação afogada do Elizabeth Dane, sempre envoltos pela bruma e seus olhos brilhantes, até o ataque final. Ponto para Carpenter que trabalha o efeito do medo do desconhecido, que funciona sempre melhor que qualquer terror escancarado. Talvez o maior defeito de A Bruma Assassina seja exatamente um problema de ritmo, com um clímax apressado onde em sua metragem curta (pouco mais de 80 minutos), faz com que algumas cenas e situações passem a se atropelar para conseguir dar uma conclusão no roteiro, já que três quartos do filme focam-se apenas na construção exata da atmosfera de terror, porém sem poder desenvolver demais seus personagens separadamente, e sem poder estender demais em sua conclusão. Mas isso não impede a presença de algumas cenas emblemáticas, como a sinistra primeira noite quando os acontecimentos estranhos acontecem por toda Antonio Bay, ou quando os desafortunados marinheiros do barco Sea Grass são as primeiras vítimas dos espíritos/zumbis vingativos, ou mesmo, em uma cena enxertada depois do primeiro corte (pois nas exibições prévias foi se constatado que o filme estava pouco assustador), quando um dos cadáveres se levanta no necrotério para dar um baita susto na Scream Queen Jamie Lee Curtis. Fato é que A Bruma Assassina funciona de forma tão bem simplesmente por toda a competência da equipe técnica, de seus atores e obviamente pelo talento na direção de John Carpenter, que adentra na década que o deixaria famoso de verdade (mesmo com o êxito da criação de Michael Myers dois anos antes), e o estabeleceria como um dos maiores diretores do cinema fantástico de todos os tempos, emplacando nos anos 80 clássicos eternos de terror como o já citado O Enigma de Outro Mundo, Eles Vivem e Christine – O Carro Assassino e os sci-fide ação Fuga de Nova York e Os Aventureiros do Bairro Proibido.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/04/02/404-a-bruma-assassina-1980/


Nenhum comentário:

Postar um comentário