terça-feira, 22 de dezembro de 2015

#483 1984 GREMLINS (EUA)


Direção: Joe Dante
Roteiro: Chris Columbus
Produção: Michel Finnel, Kathleen Kennedy, Frank Marshall, Steven Spielberg
Elenco: Zach Galligan, Phoebe Cates, Dick Miller, Corey Feldman, Hoyt Axton

“Então, se o seu ar-condicionado emperrar, sua máquina de lavar explodir, ou seu videocassete travar, antes de chamar o técnico, apague as luzes, cheque os armários e guarda-roupas, olhe embaixo da cama… Pois nunca se sabe, pode haver um gremlin em sua casa”. Essa frase final de Gremlins, me fez sentir um baita medo quando era criança e assisti esse filme pela primeira vez. Porque, né… Vai que possa ter uma criatura daquelas na sua casa, espreitando para fazer o diabo com a sua vida? E isso é o que os gremlins sabem fazer de melhor: transformar sua vida em um verdadeiro inferno, com sua atitude grosseira e mal-educada, suas travessuras mortais e suas risadas e gritos histéricos! Gremlins é um daqueles filmes pipocas preferidos da infância, campeão de reprises da Sessão da Tarde. Um filme inteligente, que mistura horror e comédia escrachada na mistura certa, e que consegue ser querido por todos aqueles que o assistem, independente do público. Pode ser você querendo ver aqueles seres verdes gosmentos e feiosos tocando o terror e aloprando geral, ou para aquela sua namorada que faz aquele famoso barulhinho feminino característico voltado para bebês ou cachorrinhos (oooooooown…) quando vê o Gizmo em sua forma fofinha de bolinha de pelos marrom e branca. A responsabilidade pelo sucesso da fita pode ser dividido em três nomes: o diretor Joe Dante, que  soube muito bem incluir os elementos assustadores e asquerosos, pois já havia feito dois clássicos do cinema de terror anteriormente, Piranha (sob a batuta do lendário Roger Corman) e Grito de Horror; Chris Columbus, que escreveu o roteiro e deu aquele ar natalino americano piegas e conseguiu imprimir a comédia e o aspecto filme família (antes de escrever e dirigir o mega-hit Esqueceram de Mim); e claro, Steven Spielberg, midas midiático sinônimo de retorno financeiro e visibilidade. Mas mesmo assim, toda vez que assisto ao primeiro Gremlins de novo, nunca me deixa escapar a pergunta do que seria esse filme sem o dedo de Columbus e Spielberg. Poderia ser realmente um filme macabro, assustador e violento. Ou poderia ser um filme B sem tamanho. O fato é que ele de qualquer forma não teria o mesmo charme é claro, nem as impagáveis paródias de filmes natalinos ou sacanear filmes icônicos do cinema, como Flashdance e Branca de Neve e os Sete Anões. E talvez não fosse tão popular. O fato é que Dante, diferente, por exemplo, de Tobe Hooper, que abaixou a cabeça e só criou confusão no set de Poltergeist – O Fenômeno e acabou domando pelo cabresto dos produtores (leia-se Spielberg, Frank Marshall e Kathleen Kennedy, os mesmos de Gremlins), que já havia trabalhado com essa turma em No Limite da Realidade, conseguiu impor mais do seu estilo e mordeu a mão daqueles que o alimentara, nunca fazendo o tipo de filme que os produtores, que são aqueles que mais pensam com a cabeça do público médio, queriam. Afinal se dependesse do trio da Amblin e do roteirista infantiloide Columbus, Gremlins seria um filme natalino para crianças com lições de moral no meio. Ponto. Mas Dante conseguiu colocar seu lado obscuro, expondo a violência sádica das criaturas verdes e uma grande dose de nojeira (como a cena do gremlin sendo trucidado dentro do liquidificador ou outro que explode dentro do microondas) ou mesmo a tenebrosa história que a namoradinha de Billy conta sobre seu pai ser encontrado morto na chaminé vestido de Papai Noel, ao escorregar e quebrar o pescoço, tentando descer e fazer uma surpresa para a família na noite de Natal. Devaneios à parte, acho que todo mundo já está careca de saber quais as três regras fundamentais e imprescindíveis para se ter um mogwai em casa, a raça peluda chinesa a qual Gizmo faz parte, que dá origem aos macabros monstrinhos espevitados: nunca o exponha à luz forte, principalmente do sol, pois pode matá-lo; nunca os molhe, pois com isso ele pode se reproduzir e dar origem a mogwais desajustados; e a regra mais importante, jamais fale sobre o clube da lu…quer dizer, jamais os alimente depois da meia-noite, senão, de bolinhas de pelo encantadoras eles se transformam em horrendas criaturas escamosas com garras, orelhas pontudas, olhos esbugalhados, dentes afiados e um senso de humor negro maligno. E essas três regras são quebras por Billy Peltzer (Zach Galligan), jovem morador da cidadezinha de Kingston Falls, típico subúrbio do interior dos EUA, que ganhou o pequeno mogwai de presente de seu pai, Randall Peltzer (Hoyt Axton), um inventor cujas invenções são verdadeiros desastres, que comprou o bichinho de um velho senhor chinês em uma loja em Chinatown durante uma de suas viagens. Isso faz com que um exército de gremlins comece a destruir a até então pacata cidade em plena véspera de natal. Cabe a ele, Gizmo e sua namorada, Kate Beringer (Phoebe Cates), tentar destruir os monstrengos. E na cidade não faltam aqueles personagens caricatos clichês que todo filme americano possui. Além do pai de Billy que é um inventor fracassado, há Murray Futterman, interpretado por Dick Miller (que está sempre presente nos filmes de Dante), um americano xenófobo que detesta tudo que é estrangeiro e que acredita piamente que nos EUA só deveria ser usados produtos yankees (um reflexo crítico do conservadorismo da era Reagan) ou a Sra. Deagle, locatária de metade da cidade, que odeia Natal, crianças e cachorros, e é uma espécie de Ebenezer Scrooge de saias. Outro ponto fundamental do sucesso de Gremlins foram os efeitos especiais criados pela equipe de Chris Walas, criador do desenho dos monstros (que tem em seu currículo Scanners – Sua Mente Pode Destruir de David Croneneberg, Os Caçadores da Arca Perdida e Inimigo Meu). O grande golaço foi ter conseguido construir criaturas com diferentes aparências (tanto dos gremlins quando dos mogwais) e utilizar diversas técnicas de animação diferentes, desde marionetes e bonecos animatrônicos, até fantoches e stop-motion. Lembremos que nenhuma criatura foi criada digitalmente (afinal, estamos em 1984, lembra?). Além disso tudo, a trilha de Jerry Goldsmith para o filme é sensacional e a música tema tornou-se um verdadeiro clássico. Gremlins é um filme divertidíssimo e fez um estrondoso sucesso, faturando mais de 150 milhões de dólares só no mercado doméstico (contra um orçamento de 11 milhões). Deu origem a uma sequência,Gremlins 2 – A Nova Geração em 1990, ainda mais escrachada que o original.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/07/23/483-gremlins-1984/

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