Direção: Joe Dante
Roteiro: Chris
Columbus
Produção: Michel
Finnel, Kathleen Kennedy, Frank Marshall, Steven Spielberg
Elenco: Zach
Galligan, Phoebe Cates, Dick Miller, Corey Feldman, Hoyt Axton
“Então, se o seu ar-condicionado
emperrar, sua máquina de lavar explodir, ou seu videocassete travar, antes de
chamar o técnico, apague as luzes, cheque os armários e guarda-roupas, olhe
embaixo da cama… Pois nunca se sabe, pode haver um gremlin em sua casa”. Essa
frase final de Gremlins, me fez sentir um baita medo
quando era criança e assisti esse filme pela primeira vez. Porque, né… Vai que
possa ter uma criatura daquelas na sua casa, espreitando para fazer o diabo com
a sua vida? E isso é o que os gremlins sabem fazer de melhor: transformar sua
vida em um verdadeiro inferno, com sua atitude grosseira e mal-educada, suas
travessuras mortais e suas risadas e gritos histéricos! Gremlins é um
daqueles filmes pipocas preferidos da infância, campeão de reprises da Sessão
da Tarde. Um filme inteligente, que mistura horror e comédia escrachada na
mistura certa, e que consegue ser querido por todos aqueles que o assistem,
independente do público. Pode ser você querendo ver aqueles seres verdes
gosmentos e feiosos tocando o terror e aloprando geral, ou para aquela sua
namorada que faz aquele famoso barulhinho feminino característico voltado para
bebês ou cachorrinhos (oooooooown…) quando vê o Gizmo em sua forma fofinha de
bolinha de pelos marrom e branca. A responsabilidade pelo sucesso da fita pode
ser dividido em três nomes: o diretor Joe Dante, que soube muito bem
incluir os elementos assustadores e asquerosos, pois já havia feito dois
clássicos do cinema de terror anteriormente, Piranha (sob
a batuta do lendário Roger Corman) e Grito de Horror; Chris Columbus, que escreveu o
roteiro e deu aquele ar natalino americano piegas e conseguiu imprimir a
comédia e o aspecto filme família (antes de escrever e dirigir o mega-hit
Esqueceram de Mim); e claro, Steven Spielberg, midas midiático sinônimo de
retorno financeiro e visibilidade. Mas mesmo assim, toda vez que assisto ao
primeiro Gremlins de novo, nunca me deixa escapar a pergunta do que
seria esse filme sem o dedo de Columbus e Spielberg. Poderia ser realmente um
filme macabro, assustador e violento. Ou poderia ser um filme B sem tamanho. O
fato é que ele de qualquer forma não teria o mesmo charme é claro, nem as
impagáveis paródias de filmes natalinos ou sacanear filmes icônicos do cinema,
como Flashdance e Branca de Neve e os Sete Anões. E talvez não
fosse tão popular. O fato é que Dante, diferente, por exemplo, de Tobe Hooper,
que abaixou a cabeça e só criou confusão no set de Poltergeist – O Fenômeno e acabou domando pelo cabresto
dos produtores (leia-se Spielberg, Frank Marshall e Kathleen Kennedy, os mesmos
de Gremlins), que já havia trabalhado com essa turma em No Limite da Realidade, conseguiu impor mais do seu
estilo e mordeu a mão daqueles que o alimentara, nunca fazendo o tipo de filme
que os produtores, que são aqueles que mais pensam com a cabeça do público
médio, queriam. Afinal se dependesse do trio da Amblin e do roteirista
infantiloide Columbus, Gremlins seria um filme natalino para crianças
com lições de moral no meio. Ponto. Mas Dante conseguiu colocar seu lado
obscuro, expondo a violência sádica das criaturas verdes e uma grande dose de
nojeira (como a cena do gremlin sendo trucidado dentro do liquidificador ou
outro que explode dentro do microondas) ou mesmo a tenebrosa história que a
namoradinha de Billy conta sobre seu pai ser encontrado morto na chaminé
vestido de Papai Noel, ao escorregar e quebrar o pescoço, tentando descer e
fazer uma surpresa para a família na noite de Natal. Devaneios à parte, acho
que todo mundo já está careca de saber quais as três regras fundamentais e
imprescindíveis para se ter um mogwai em casa, a raça peluda chinesa a qual
Gizmo faz parte, que dá origem aos macabros monstrinhos espevitados: nunca o
exponha à luz forte, principalmente do sol, pois pode matá-lo; nunca os molhe,
pois com isso ele pode se reproduzir e dar origem a mogwais desajustados; e a
regra mais importante, jamais fale sobre o clube da lu…quer dizer, jamais os
alimente depois da meia-noite, senão, de bolinhas de pelo encantadoras eles se
transformam em horrendas criaturas escamosas com garras, orelhas pontudas,
olhos esbugalhados, dentes afiados e um senso de humor negro maligno. E essas
três regras são quebras por Billy Peltzer (Zach Galligan), jovem morador da
cidadezinha de Kingston Falls, típico subúrbio do interior dos EUA, que ganhou
o pequeno mogwai de presente de seu pai, Randall Peltzer (Hoyt Axton), um
inventor cujas invenções são verdadeiros desastres, que comprou o bichinho de
um velho senhor chinês em uma loja em Chinatown durante uma de suas viagens.
Isso faz com que um exército de gremlins comece a destruir a até então pacata
cidade em plena véspera de natal. Cabe a ele, Gizmo e sua namorada, Kate
Beringer (Phoebe Cates), tentar destruir os monstrengos. E na cidade não faltam
aqueles personagens caricatos clichês que todo filme americano possui. Além do
pai de Billy que é um inventor fracassado, há Murray Futterman, interpretado
por Dick Miller (que está sempre presente nos filmes de Dante), um americano
xenófobo que detesta tudo que é estrangeiro e que acredita piamente que nos EUA
só deveria ser usados produtos yankees (um reflexo crítico do
conservadorismo da era Reagan) ou a Sra. Deagle, locatária de metade da cidade,
que odeia Natal, crianças e cachorros, e é uma espécie de Ebenezer Scrooge de
saias. Outro ponto fundamental do sucesso de Gremlins foram os
efeitos especiais criados pela equipe de Chris Walas, criador do desenho dos
monstros (que tem em seu currículo Scanners – Sua Mente Pode
Destruir de
David Croneneberg, Os Caçadores da Arca Perdida e Inimigo Meu).
O grande golaço foi ter conseguido construir criaturas com diferentes
aparências (tanto dos gremlins quando dos mogwais) e utilizar diversas técnicas
de animação diferentes, desde marionetes e bonecos animatrônicos, até fantoches
e stop-motion. Lembremos que nenhuma criatura foi criada digitalmente (afinal,
estamos em 1984, lembra?). Além disso tudo, a trilha de Jerry Goldsmith para o
filme é sensacional e a música tema tornou-se um verdadeiro clássico.
Gremlins é um filme divertidíssimo e fez um estrondoso sucesso, faturando
mais de 150 milhões de dólares só no mercado doméstico (contra um orçamento de
11 milhões). Deu origem a uma sequência,Gremlins 2 – A Nova Geração em
1990, ainda mais escrachada que o original.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/07/23/483-gremlins-1984/
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