Direção: Barbara
Peeters, Jimmy T. Murakami (não creditado)
Roteiro: William Martin, Frank Arnold & Martin B. Cohen
(história)
Produção: Martin B. Cohen, Hunt Lowry (Co-Produtor), Roger Corman
(Produtor Executivo)
Elenco: Doug McClure, Ann Turkel, Vic Morrow, Cindy Weintraub,
Anthony Penya, Denise Galik
Lá no finalzinho dos
anos 70, o italiano Sergio Martino brindou o mundo com sua pérola trash,
intragável cópia da Ilha do Dr. Moreau e campeão de reprise da Sessão das Dez
do SBT, A Ilha dos
Homens-Peixe.
Na América, o filme foi distribuído pela New World Pictures, produtora do Rei
dos Filmes B, Roger Corman, e editado para incluir mais violência para o
público yankee. Pois parece que Corman gostou tanto da história desses
monstros humanoides anfíbios, e misturada com a inspiração dos filmes sci-fi da
década de 50, principalmente O Monstro da Lagoa Negra de Jack Arnold,
eis que surge a gema inominável Criaturas das Profundezas. Se você é fã da
podreira em seu mais baixo nível, efeitos de maquiagem tosquíssimos, muito
sangue e mulher pelada, definitivamente Criaturas das Profundezas é
seu filme. Juro que ele até tenta passar uma mensagem ecológica, de testes
científicos utilizados por uma inescrupulosa fábrica que tenta alterar
geneticamente os peixes de uma cidadezinha pesqueira, e também tenta calcar uma
parte da sua história no preconceito contra os povos indígenas, mas nem tente
levar isso adiante. O que importa mesmo é a quantidade de gore no
ataque desses mutantes marinhos e na incessante busca de mulheres para eles se
reproduzirem. Dirigido por Barbara Peeters (após ter sido recusado por Joe Dante,
que havia dirigido Piranha anteriormente
para Corman) – e mais tarde eu volto na picuinha que rolou entre ela e o
produtor executivo – a trama já foi adiantada de grosso modo no parágrafo
acima. A cidade costeira de Noyo, na Califórnia está mal das pernas, com a
pesca de salmão cada vez mais escassa, e parece que a solução de todos os
problemas é aderir ao progresso, com a instalação de uma fábrica da companhia
Canco no local, que com certeza destruiria todo o ecossistema, mas entregaria
peixes maiores e em abundância. Há um grupo liderado pelo infame Hank Slattery
(Vic Morrow) que é totalmente à favor da indústria, e outro, do descendente
indígena Johnny Eagle (Anthony Pena) que não gosta nem um pouco da ideia, e
isso irá gerar atritos eternos entre os dois até o final do filme. No meio
termo, está o herói da vez, o pescador Jim Hill (Doug McClure), que começa a
perceber as misteriosas mutilações, mortes e o desaparecimento de garotas na
praia e com a ajuda da cientista da Canco, Dr. Susan Drake (Ann Turkel),
descobre as terríveis experiências da companhia que geraram uma mutação
desordenada em celacantos, que era alimentos dos salmões e voilá, deram
origem a essas bestias criaturas marinhas. O grande deleite mesmo é quando
esses bichos feios de dar dó vestidos em roupas de borracha e cobertos por
algas marinhas saem dos oceanos para destroçar humanos e cães com suas afiadas
garras e estuprar as garotas. Engraçado é nunca deixar de reparar é que quando
ele ataca as vítimas do sexo feminino, de forma certeira, o primeiro golpe é
arrancar a parte de cima de seus biquínis, deixando seus belos seios à mostra.
Afinal, as criaturas não são nem um pouco bobas. E criaturas essas criadas por
ninguém menos que Rob Bottin, que ganharia o Oscar® de efeitos visuais
mais tarde. Fora que só três trajes foram criados, e em apenas uma cena os três
monstros aparecem juntos, que é exatamente no clímax onde eles atacam a feira
anual de Noyo e causam um verdadeiro pandemônio. Coisas de filmes B, sabe? E
não há como passar incólume ao final espetacular de Criaturas das
Profundezas.
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia
por sua conta e risco.
Uma das garotas
estupradas pelos mutantes sobrevive ao ataque só para ficar grávida dos
anfíbios anabolizados, e na cena final, mostra-la em uma mesa de operação com
uma dessas criaturinhas, ao melhor estilo Alien – O Oitavo Passageiro, rompendo sua
barriga, gunchinando enquanto um jorro de sangue voa para todo o lado.
Simplesmente espetacular! Na verdade Criaturas das Profundezas foi
um celeiro de nomes que se tornariam bem famosos na indústria do cinema e da TV
futuramente. Entre eles, o compositor que faz a trilha sonora, James Horner,
aquele que fez a OST de Titanic (e ganhou o Oscar® por isso) e a
futura produtora do seriado The Walking Dead, Gale Anne Hurd, que
trabalhou como assistente de produção aqui. Mas o grande entrevero envolvendo a
equipe de filmagem foi de Corman com a diretora Barbara Peeters. Filmado em 16
dias e com um plot de suspense e ciência, Corman não gostou do resultado final
e resolveu incluir (para nossa alegria), mais sangue e sexo. Peeters foi
veementemente contra, dizendo que era apenas para mostrar mais nudez (ah,
jura?), torna-lo exploitation e principalmente por conta da história
dos monstros estuprarem garotas, e foi demitida por Corman (mesmo com as
filmagens terminadas), com as cenas adicionais dirigidas por Jimmy T. Murakami
(de forma não creditada). E o melhor é que essas mudanças no conteúdo visual do
filme não foram avisadas para a maioria dos envolvidos, tendo gente passado
carão até na pré-estreia (como foi o caso da atriz Ann Turkel). E ainda ambas
bravejaram para que seus nomes fossem tirados dos créditos do filme, o que não
adiantou muito. Turkel até apareceu em um programa de TV sentando o cacete em
Corman e o culpando por aquela afronta. Agora cá entre nós? Criaturas das
Profundezas já é ruim de doer, com uma história chula, atores medíocres,
direção pavorosa e efeitos especiais bisonhos. Agora imagine a porcaria que
seria sem a violência e a nudez? A meu ver, Corman tinha toda a razão. É que
acabou pisando no calo de algumas garotas lutando pelos direitos femininos e
contra e exploração da nudez das mulheres e coisa e tal, porque realmente são
cenas passíveis de ofensa. Mas são essas cenas toscas que o tornou um
daqueles cults da bagaceira. Sem nada disso, seria somente um filme
dos mais chatos e dispensáveis. Hail Corman!
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/04/05/407-criaturas-das-profundezas-1980/
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