quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

#372 1978 HALLOWEEN (Halloween, EUA)


Direção: John Carpenter
Roteiro: John Carpenter, Debra Hill
Produção: Debra Hill, John Carpenter (não creditado), Kool Marder (Produtor Associado), Irwin Yabians (Produtor Executivo), Moustapha Akkad (Produtor Executivo – não creditado)
Elenco: Donald Pleasence, Jamie Lee Curtis, Tony Moran, Chalres Cyphers

Alguns dos psicopatas assassinos mais célebres do cinema como Jason Voohrees, Freddy Krueger e Ghostface, têm muito que agradecer aHalloween – A Noite do Terror de John Carpenter. Pois sem Michael Myers para fazer escola, talvez nenhum desses outros vilões tivesse feito tanto sucesso. Fora que Halloween também é responsável por conceber as três regras básicas de sobrevivência dos filmes slasher: 1 – Não fume maconha; 2 – Não faça sexo; 3 – Nunca, absolutamente nunca, diga “eu já volto”. Halloween – A Noite do Terror foi um definidor de gêneros. A figura implacável de Michael Myers serviria como estereótipo para todos os outros que viessem depois e se tornou o responsável por colocar os filmes de terror de uma vez por todas no imaginário popular adolescente, quando as suas facas, cutelos, machados e afins, tornam-se instrumentos de uma pesada punição contra jovens estudantes que só querem se divertir, beber, usar drogas, acampar, trepar e dar festas. Por isso Myers é o irmão mais velho e sério dos serial-killers dos slasher moviesque seriam produzidos a rodo na década seguinte, até levar o cinema de horror ao seu fatídico esgotamento criativo e quase falência. Carpenter é o pupilo mais dedicado de Alfred Hitchock. O voyeurismo, a crescente tensão acompanhada de uma minimalista trilha sonora (faixa tema inesquecível criada pelo próprio Carpenter e que se tornaria um clássico, que você consegue ouvir aqui), o assassino metódico que espreita nas esquinas. Tudo aqui é devidamente inspirado no mestre do suspense. Halloween é seu macabro tributo ao diretor inglês. Sem contar que Jamie Lee Curtis, em seu deu debute no cinema, é filha de Janet Leigh, a Marion Craine de Psicose. Os nomes de alguns personagens do filme também são abertamente inspirados em Hitchcok, como Tom Doyle de Janela Indiscreta e Sam Loomis de Psicose. A trama é bem simples: Michael Myers é um garoto psicopata de seis anos que mata sua irmã na noite de Halloween. Simples assim. Depois de 15 anos internado em um manicômio, Myers consegue escapar e volta para a sua cidade natal, a fictícia Haddonfield, típica pacata cidadezinha americana, para tocar o terror e perseguir os adolescentes também no dia 31 de outubro. Um ínterim: Uma coisa que nunca entendi nos filmes adolescentes americanos é porque eles sempre colocam atores com seus 20 anos para interpretar colegiais. Como é o caso de Jamie Lee Curtis nesse filme. Tipo, credibilidade zero, né? Enfim… Nas sequências posteriores, acaba-se descobrindo que Laurie Strode, a personagem de Jamie Lee Curtis, perseguida pelo vilão, é na verdade sua irmã. Outro personagem principal é o Dr. Loomis (interpretado por Pleasence), que ficou todo esse tempo estudando o assassino e parte em seu encalço quando ele foge, tentando impedir uma tragédia, já que como ele mesmo diz em determinado momento do filme para o oficial da lei: “A morte chegou em sua pequena cidade, Xerife”. A cena de abertura já é fantástica, com toda a sequência filmada pelo ponto de vista do garoto, através de uma máscara de palhaço, enquanto pratica sua execução. A grande inquietação do filme é que Carpenter desconstrói a premissa que o subúrbio em si e o interior de nossa própria casa, são lugares seguros. E Myers sempre aparece no limite do vídeo, como uma sombra nos arbustos, dirigindo um carro, escondido na escuridão, acompanhado por uma pesada respiração ofegante, passando a horripilante sensação de onipresença ao espectador, e mostrando a ele como suas vítimas são completamente indefesas. E no final em aberto do filme, quando descobre-se que Myers não é um simples humano, e sim uma força assassina incompreensível, reside a analogia entre o bem e o mal, sendo que o bem é personificado aqui pela virginal e pura Laurie, que enquanto suas amigas estão mais preocupadas com o baile de formatura e em transar com os namorados, ela mantém-se irredutivelmente casta, cuidando das crianças do bairro na noite em que todos querem se divertir. E qual sua recompensa, assim como a recompensa de todas as virgens e moralistas dos filmes de terror vindouros? A sobrevivência. Por isso, Jamie Lee Curtis ganhou o status de Scream Queen definitiva, graças ao papel de mocinha que viria a reprisar em diversas outras produções, como A Morte Convida Para Dançar, por exemplo. Algumas curiosidades: Halloween foi filmado em uma cidade da Califórnia durante pleno verão. Para passar a ideia de outono, já que a trama acontece no Dia das Bruxas, os produtores tiveram que pintar algumas folhas e espalhar pelas ruas e calçadas durante as gravações. A máscara sem expressão de Myers foi um improviso, encontrado em uma loja de fantasias pela produção do filme. Um dos filmes que Laurie e as crianças assistem é O Monstro do Ártico, que quatro anos depois, seria refilmado por Carpenter, e ganharia o título de O Enigma de Outro Mundo aqui no Brasil. Halloween – A Noite do Terror é um dos maiores sucessos comerciais do cinema independente de todos os tempos. Teve um orçamento irrisório de 320 mil dólares e faturou mais de 60 milhões nos cinemas ao redor do mundo. Como de praxe, deixo o último parágrafo para falar desse mal que infesta o cinema de terror: o remake. Dessa vez o responsável por assassinar um clássico, com a mesma frieza que Myers assassina suas vítimas, foi o cantor metido a diretor Rob Zombie. Em 2007 ele fez sua versão execrável batizada por aqui de Halloween – O Início, que ainda rendeu uma sequência pior ainda em 2009. Já a franquia original ganhou mais sete continuações. Destaque para Halloween 2 – O Pesadelo Continua, que se passa cronologicamente logo após o término do primeiro filme e Halloween H20 – Vinte Anos Depois, lançado 20 anos após o original, que ignora todas as sequências e segue do ponto de partida deixado pelo filme de Carpentar, com a volta de Jamie Lee Curtis ao papel de Laurie Strode, agora mais velha, tendo que combater Myers e ajudar seu filho e outros adolescentes a escapar com vida.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/02/15/372-halloween-a-noite-do-terror-1978/

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