quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

#410 1980 O INTERMEDIÁRIO DO DIABO (The Changeling, Canadá)


Direção: Peter Medak
Roteiro: William Gray e Diana Maddox, Russell Hunter (história)
Produção: Garth H. Drabinsky, Joel B. Michaels, Mario Kassar e Andrew G. Vajna (Produtores Executivos)
Elenco: George C. Scott, Trish Van Devere, Melvyn Douglas, Jean Marsh, John Colicos
     
Ah, o Brasil e seus títulos maravilhosos! Mesmo que depois tenha recebido o nome de A Troca quando lançado em DVD, ao chegar aos cinemas, esse excelente suspense sobrenatural do diretor Peter Medak e magistralmente elencado por George C. Scott, recebeu o infame nome de Intermediário do Diabo. O título não condiz em nada com a realidade (o Diabo, coitado, nem dá as caras por aqui, e nunca imaginei o Tinhoso tendo um intermediário, enfim…), mas foi obviamente pensado em capitalizar na onda dos filmes que traziam a temática do Coisa-Ruim na década passada, como O Exorcista e A Profecia. Na verdade, Intermediário do Diabo é daquele típico filme de fantasma vingativo, que leva uma pessoa que se muda para um casarão assombrado a entrar em uma profunda investigação, conduzida por manifestações sobrenaturais do espírito que ali não descansa, e descobrir a causa de seu assassinato. Essa pessoa no caso é o personagem de Scott, o pianista John Russell, que após sua esposa e filha morrerem em um trágico acidente de carro, muda-se para um casarão pertencente à Sociedade Histórica de Seattle, doado pelo poderoso senador Joe Carmichael (Melvyn Douglas). Lá, ele pretende recomeçar a vida em frangalhos por conta da perda, dando aulas na Universidade local, porém, logo ao se mudar, o bater de portas, ruídos ritmados e sons estranhos típicos de uma casa mal assombrada começam a atormentar ainda mais Russell, que descobre um sótão trancado nos andares superiores do casarão e lá conhecerá as pistas com as quais montará seu quebra cabeças. Ao descobrir uma cadeira de rodas infantil e uma caixa de música, Russell, com a ajuda de Claire Norman (Trish Van Devere – esposa de Scott na época), começa a revirar os arquivos do local, antiga morada dos Carmichael, para tentar descobrir alguma pista sobre a presença, quando ao realizar uma sinistra sessão espírita (um dos pontos altos do filme), realiza que um garotinho de nome Joseph, detentor de paralisia, foi afogado pelo próprio pai na banheira em seu quarto (onde é o atual sótão). Este será o estopim para uma intrincada conspiração política, já que Eugene Carmichael, pai do atual senador, matara o próprio filho inválido para garantir sua participação no poderoso império dos Carmichael e ter direito sobre a fortuna futura de sua família. Após a morte de Joseph, o nefasto Eugene trocou seu filho por um sósia, enviou-o para a Europa onde anos mais tarde milagrosamente se curou da paralisia, e desde então, o proeminente Senador vem passando-se por outro e tornando-se uma das pessoas mais poderosas dos EUA, como se nada tivesse acontecido. Cabe a Russell tentar aplacar a ira do espírito do pequeno Jospeph original, brutalmente assassinado e de alguma forma buscar por justiça, enquanto ainda é assolado pela tragédia (explorada pelo fantasma para aproximá-lo psiquicamente) da perda recente de seus familiares. E claro, que o espírito não medirá esforços em assombrar a casa e utilizar até de modos traiçoeiros para garantir a ajuda de Russell, como, por exemplo, usando uma pequena bola branca e vermelha pertencente à filha morta do pianista para chamar sua atenção. Baita sacanagem. O filme é todo de Scott, mostrando mais uma vez porque ele é um PUTA ator. Com personagens secundários completamente descartáveis (exceto a breve e também excelente participação de Melvyn Douglas – que faz aqui seu penúltimo filme, seguido por outro fantasmagórico thriller, História de Fantasmas, lançado no ano seguinte), o ator leva o filme inteiro nas costas, em uma interpretação ora sofrida e comedida, hora explosiva em busca de respostas. A atmosfera sobrenatural também é muito bem construída, principalmente quando se desenvolve dentro do casarão gótico vitoriano (construído em estúdio) e serviu facilmente como referência para diversas obras do gênero vindouras e tornado-se um verdadeiro clássico. Alejandro Amenábar, diretor de Os Outros, mesmo já disse que Intermediário do Diabo é uma de suas maiores inspirações, além da fita estar presente na famosa lista dos filmes de terror preferidos de ninguém menos que Martin Scorcese. Interessante é que a história do filme é baseada em fatos reais, em uma “casa mal assombrada de verdade” conhecida como Henry Treat Rogers Mansion, localizada em Denver, no Colorado, próximo ao Chessman Park. Foi lá que o escritor Russel Hunter morou durante os anos 60 e presenciou vários fenômenos paranormais. Os roteiristas Adrian Morrall e William Gray gastaram seis meses fazendo pesquisas em artigos de jornais, encontros com parapsicólogos, lendo mais de 700 livros e vários estudos de casos de histórias que envolvem fantasmas para complementar o roteiro. Outro detalhe bacana é que o nome original, “The Changeling”, remete a uma lenda do folclore europeu de uma criatura que era secretamente deixada no lugar das crianças que eram roubadas durante à noite. Intermediário do Diabo, ou A Troca (não confundir com o filme de Clint Eastwood com a Angelina Jolie) é um daqueles clássicos eternos do cinema de terror, e presente em qualquer lista dos melhores filmes de cunho sobrenatural ou de casas mal assombradas. Climático, é uma produção típica do final dos anos 70 que assusta para valer, completamente calcado no terror psicológico, algo bem raro no gênero nos dias de hoje.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/04/09/410-intermediario-do-diabo-1980/

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