domingo, 13 de dezembro de 2015

#377 1978 PATRICK (Austrália)


Direção: Richard Franklin
Roteiro: Everett De Roche
Produção: Richard Franklin, Antony I. Ginnane, William Fayman (Produtor Executivo)
Elenco: Susan Penhalignon, Robert Helpmann, Rod Mullinar, Bruce Barry, Julia Blake, Robert Thompson

Interessante exemplar do cinema de terror australiano este Patrick do diretor Richard Franklin. Baixo orçamento, história bacana, boa atuação do personagem título e um clima capaz de prender o espectador de uma forma funcional. Um verdadeiro clássico e gênese do ozploitation (como eram conhecidos os filmes B vindo da Austrália). Após o sucesso de Carrie – A Estranha de Brian De Palma, inspirado no livro de Stephen King, a telecinésia virou um assunto recorrente no cinema de terror. O poder psíquico de mover objetos por meio da força da mente (que foi usado novamente por De Palma no tosco A Fúria, e outras fitas emblemáticas como Scanner – Sua Mente Pode Destruir de David Cronenberg) é o mote principal deste suspense da terra do canguru, que coloca um paciente em coma (o tal Patrick, vivido por Robert Thompson) usando seus poderes psicocinéticos para fazer o mal. Patrick entrou nesse estado vegetativo após assassinar sua mãe e seu amante, logo no início do filme, em uma clara referência a Psicose de Alfred Hitchcock, inspiração maior de Franklin. Transtornado e emputecido com a fornicação da velha, ele simplesmente joga um alto falante na banheira quando os dois estão se esfregando e os frita. Corta para dois anos e a enfermeira Kathy Jacquard (a gracinha Susan Penhaligon) está em um processo de separação do marido Ed (Rod Mullinar) e muda-se para um apartamento sozinha e busca por um novo emprego, conseguindo na clínica Roget, chefiada pelo Dr. que dá nome ao hospital (Robert Helpmann) mas gerida pela megera Enfermeira-Chefe Cassidy (Julia Blake). Kathy então torna-se encarregada de cuidar de Patrick e também redigir textos na máquina de escrever, pois datilografar era uma de suas especialidades. Não tarda para que, movido por um sentimento doentio de amor e ciúmes, Patrik comece a manifestar seus poderes malignos para afastar tanto o ex-marido de Kathy, quanto um novo pretê, o neurocirurgião playboy Brian Wright (Buce Barry), isso sem contar o silencioso plano de vingança que arquiteta contra a Enfermeira-Chefe Cassidy, que quer praticar a eutanásia no paciente, e o inescrupuloso Dr. Roget, que usa-o como cobaia para experimentos com eletrochoque (que por sinal, foi realizado de verdade e o diretor, produtor e ator toparam. O cinema de terror australiano era algo realmente singular). Ninguém acredita em Kathy quando Patrick tenta se comunicar com ela por meio de cuspidelas (uma quer dizer sim, e duas quer dizer não), ou quando ele psiquicamente toma o controle das funções motoras da enfermeira e a faz redigir cartas desconexas e ameaçadoras à máquina. Como se não bastasse, o paciente comatoso ainda exige que ela não conte a ninguém sob sua situação, acreditando que o staff do hospital mancomune contra ele e esse seria seu fim. Fato é que Patrick tem um poder telecinético fortíssimo, ao melhor estilo Jean Grey possuída pela Fênix nos quadrinhos dos X-Men (tá, exagerei um pouco). Mas o alcance da telecinesia dele é absurdo, podendo tentar afogar o Dr. Wright na piscina de sua suntuosa casa ou destruir o modesto apartamento de Kathy à quilômetros (ou milhas, já que o filme é australiano) de distância do seu quarto no hospital. A explicação desse poder descomunal é das mais bacanas: segundo o neurocirurgião, quando perdemos um dos sentidos, logo os outros tornam-se mais acurados, como alguém que perde a visão, passar a ter a audição e o tato mais sensíveis. Como todos os sentidos de Patrick estavam inativos, se existisse mesmo um sexto sentido, ele teve pacientemente dois anos para desenvolvê-lo e treiná-lo, que é o que se mostra presente aqui. Patrick é um dos mais bem sucedidos filmes ozploitation, que apesar de não ter retorno financeiro em sua ilha natal, fez um barulho tremendo ao redor do mundo, que o conferiu esse status cult e serviu como pontapé inicial para a exportação do horror made in Australia pelo globo. Principalmente na Itália (ganhando uma nova trilha sonora feita pelo Goblin de Carlo Simonetti) e nos EUA o filme foi muito bem nas sessões de drive-in assim como em diversos países europeus. Tem como fã Quentin Tarantino, que até queria que Uma Thurman cuspisse e girasse o olho nas órbitas em coma em Kill Bill (mas a atriz recusou por achar ridículo). Também é mencionado no interessantíssimo documentário Além de Hollywood: O Melhor do Cinema Australiano, que eu indico se você quiser saber mais sobre os filmes exploitation vindos da Terra dos Cangurus. Depois de Patrick, o diretor Richard Franklin dirigiria outro emblemático ozploitation, o road movie Enigma na Estrada, com a Scream Queen Jamie Lee Curtis, e ao ir para os EUA, dirigiu o pavoroso e desnecessário Psicose – 2ª Parte e um monte de barbaridades irrelevantes, fazendo um mal danado à sua carreira. Mais tarde trabalharia novamente com o roteirista Everett De Roche, já de volta à Austrália, no decente Visitors – Nas Profundezas do Medo e faleceu de câncer de próstata em 2007 com apenas 58 anos.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/02/21/377-patrick-1978/

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