Direção: Richard Franklin
Roteiro: Everett De Roche
Produção: Richard Franklin, Antony I. Ginnane, William Fayman
(Produtor Executivo)
Elenco: Susan Penhalignon, Robert Helpmann, Rod Mullinar, Bruce
Barry, Julia Blake, Robert Thompson
Interessante exemplar
do cinema de terror australiano este Patrick do diretor
Richard Franklin. Baixo orçamento, história bacana, boa atuação do personagem
título e um clima capaz de prender o espectador de uma forma funcional. Um
verdadeiro clássico e gênese do ozploitation (como eram conhecidos os
filmes B vindo da Austrália). Após o sucesso de Carrie – A Estranha de Brian De
Palma, inspirado no livro de Stephen King, a telecinésia virou um assunto
recorrente no cinema de terror. O poder psíquico de mover objetos por meio da
força da mente (que foi usado novamente por De Palma no tosco A Fúria, e
outras fitas emblemáticas como Scanner – Sua Mente Pode Destruir de
David Cronenberg) é o mote principal deste suspense da terra do canguru, que
coloca um paciente em coma (o tal Patrick, vivido por Robert Thompson) usando
seus poderes psicocinéticos para fazer o mal. Patrick entrou nesse estado
vegetativo após assassinar sua mãe e seu amante, logo no início do filme, em
uma clara referência a Psicose de Alfred
Hitchcock, inspiração maior de Franklin. Transtornado e emputecido com a
fornicação da velha, ele simplesmente joga um alto falante na banheira quando
os dois estão se esfregando e os frita. Corta para dois anos e a enfermeira
Kathy Jacquard (a gracinha Susan Penhaligon) está em um processo de separação
do marido Ed (Rod Mullinar) e muda-se para um apartamento sozinha e busca por
um novo emprego, conseguindo na clínica Roget, chefiada pelo Dr. que dá nome ao
hospital (Robert Helpmann) mas gerida pela megera Enfermeira-Chefe Cassidy
(Julia Blake). Kathy então torna-se encarregada de cuidar de Patrick e também
redigir textos na máquina de escrever, pois datilografar era uma de suas
especialidades. Não tarda para que, movido por um sentimento doentio de amor e
ciúmes, Patrik comece a manifestar seus poderes malignos para afastar tanto o
ex-marido de Kathy, quanto um novo pretê, o neurocirurgião playboy Brian Wright
(Buce Barry), isso sem contar o silencioso plano de vingança que arquiteta
contra a Enfermeira-Chefe Cassidy, que quer praticar a eutanásia no paciente, e
o inescrupuloso Dr. Roget, que usa-o como cobaia para experimentos com
eletrochoque (que por sinal, foi realizado de verdade e o diretor, produtor e
ator toparam. O cinema de terror australiano era algo realmente singular). Ninguém
acredita em Kathy quando Patrick tenta se comunicar com ela por meio de
cuspidelas (uma quer dizer sim, e duas quer dizer não), ou quando ele
psiquicamente toma o controle das funções motoras da enfermeira e a faz redigir
cartas desconexas e ameaçadoras à máquina. Como se não bastasse, o paciente
comatoso ainda exige que ela não conte a ninguém sob sua situação, acreditando
que o staff do hospital mancomune contra ele e esse seria seu fim. Fato
é que Patrick tem um poder telecinético fortíssimo, ao melhor estilo Jean Grey
possuída pela Fênix nos quadrinhos dos X-Men (tá, exagerei um pouco). Mas o
alcance da telecinesia dele é absurdo, podendo tentar afogar o Dr. Wright na
piscina de sua suntuosa casa ou destruir o modesto apartamento de Kathy à
quilômetros (ou milhas, já que o filme é australiano) de distância do seu
quarto no hospital. A explicação desse poder descomunal é das mais bacanas:
segundo o neurocirurgião, quando perdemos um dos sentidos, logo os outros
tornam-se mais acurados, como alguém que perde a visão, passar a ter a audição
e o tato mais sensíveis. Como todos os sentidos de Patrick estavam inativos, se
existisse mesmo um sexto sentido, ele teve pacientemente dois anos para
desenvolvê-lo e treiná-lo, que é o que se mostra presente aqui. Patrick é
um dos mais bem sucedidos filmes ozploitation, que apesar de não ter
retorno financeiro em sua ilha natal, fez um barulho tremendo ao redor do
mundo, que o conferiu esse status cult e serviu como pontapé inicial
para a exportação do horror made in
Australia pelo globo. Principalmente na Itália (ganhando uma nova
trilha sonora feita pelo Goblin de Carlo Simonetti) e nos EUA o filme foi muito
bem nas sessões de drive-in assim
como em diversos países europeus. Tem como fã Quentin Tarantino, que até queria
que Uma Thurman cuspisse e girasse o olho nas órbitas em coma em Kill
Bill (mas a atriz recusou por achar ridículo). Também é mencionado no
interessantíssimo documentário Além de Hollywood: O Melhor do Cinema
Australiano, que eu indico se você quiser saber mais sobre os filmes exploitation vindos
da Terra dos Cangurus. Depois de Patrick, o diretor Richard Franklin
dirigiria outro emblemático ozploitation, o road movie Enigma na
Estrada, com a Scream Queen Jamie Lee Curtis, e ao ir
para os EUA, dirigiu o pavoroso e desnecessário Psicose – 2ª Parte e um
monte de barbaridades irrelevantes, fazendo um mal danado à sua carreira. Mais
tarde trabalharia novamente com o roteirista Everett De Roche, já de volta à
Austrália, no decente Visitors – Nas Profundezas do Medo e faleceu de
câncer de próstata em 2007 com apenas 58 anos.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2014/02/21/377-patrick-1978/
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