quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

#414 1980 MOTEL DIABÓLICO (Motel Hell, EUA)


Direção: Kevin Connor
Roteiro: Robert Jaffe, Steven-Charles Jaffe
Produção: Robert Jaffe, Steven-Charles Jaffe, Austen Jewell (Produtor Associado), Herb Jaffe (Produtor Executivo)
Elenco: Rory Callhoun, Paul Linke, Nancy Parsons, Nina Axelrod, Wolfman Jack

Motel Diabólico é um daqueles emblemáticos trash oitentistas que traz nele todo o perfil da década do gênero: é nonscense, divertido, lunático, perverso e com suas doses de sangue e humor negro. Daqueles em que 11 entre 10 fãs do horror gostam e se divertem pacas assistindo. Afinal, Motel Diabólico reúne durante toda sua metragem canibalismo, plantações humanas (!?), serras elétricas, gente vestida com cabeça de porco, mau gosto, sujeira, depravação, comédia pastelão, um ou outro peito de fora, crítica à religião e ao sistema e por aí vai. Ou seja, não tem como não ser querido! E há de se pensar: o que diabo se passa com os caipiras americanos, pois geralmente eles sempre são psicopatas canibais nos filmes de terror? O diretor Kevin Connor dirige essa fita como um influenciado pelo cinema setentista do Tobe Hooper (que por sinal, originalmente fora cotado para dirigi-lo, quando o projeto ainda era da Universal, antes de ser vetado pelo estúdio). A trama de rednecks canibais, apesar de mais sutis (entenda isso como quiser) que a família de Leatherface, claramente tem um que de O Massacre da Serra Elétrica, e a ideia de utilizar um motel beira de estrada onde os hóspedes são transformados em vítimas, também lembra o seu filme seguinte, Eaten Alive. A diferença é que aqui os hóspedes não são usados como alimentos de um crocodilo de estimação, e sim transformados em carne defumada e vendidos no motel e no comércio local. É isso mesmo, o fazendeiro Vincent Smith (Rory Calhoun) ao lado de sua irmã, Ida (Nancy Parsons, a eterna treinadora Balbricker de Porky’s – A Casa do Amor e do Riso) além de gerirem esse simples e modesto motel localizado na sua fazenda, espalham armadilhas pela estrada da cidadezinha que usam para capturar suas vítimas, enterrá-las no fundo da sua fazenda, deixando somente as cabeças para fora (como uma plantação humana mesmo!), cortar as suas cordas vocais para não gritarem e mantê-las alimentadas (despejando uma gororoba em suas gargantas por meio de um funil) – detalhe, sem usar agrotóxicos ou química – e quando estiverem prontas para serem colhidas, são defumadas, misturadas com carne de porco e servidas como o melhor presunto da região. Pois bem, acontece que em uma dessas noites, Vincent ataca um casal de moto, e leva a bela loirinha Terry (Nina Axelrod) para o motel, deixando-a sob seus cuidados, alegando que seu namorado tinha morrido no acidente e sido enterrado. Só que o casal tem mais um irmão adotivo, Bruce Smith (Paul Linke), que por sua vez é o xerife da cidade, e ele acaba caindo de amores pela Terry, que por sua vez, se apaixona pelo velho Vincent, seu salvador e benfeitor. Movido por ciúmes que Bruce resolve começar a investigar os misteriosos desaparecimentos, principalmente após o pedido de socorro de uma garota que vinha sendo perseguida por Vincent, e acaba ligando os pontos e descobrindo as atrocidades que seus irmãos cometiam e a origem daquela deliciosa e tenra carne que todos adoravam. Tudo bem, a trama pode ser uma porcaria, as atuações tão péssimas quanto exageradas e caricatas (claro que essa é a intenção), a trilha sonora de comédia oitentista e fotografia e iluminação que deixam a desejar. Maaaas há várias particularidades que fazem o filme ser o máximo (se a ideia de caipiras canibais defumando carne humana e mantendo uma plantação de gente não tenha sido o suficiente para você). Uma delas sem dúvida é a “fantasia” que Vincent gosta de usar para vez ou outra atacar suas vítimas ou então para acompanha-lo em sua jornada de preparação culinária: uma bizarra máscara de porco, que combina perfeitamente com sua camisa xadrez, seu macacão jeans e sua motosserra. Outras são as críticas subentendidas de cunho religioso e de autoridade. Vira e mexe aparece um pastor na televisão, daqueles naipes cafajestes ao melhor estilo evangelista televisivo brasileiro, pedindo doação e subvertendo palavras da bíblia para sua comodidade, como o próprio Vincent o faz, utilizando como cúmplice os dogmas e verdades absolutas da Igreja para justificar suas barbáries, afinal, ele é amparado por Deus, busca caçar aqueles que têm certo desvio de conduta e acredita fazer “Sua vontade”, cheio das boas intenções, como acabar com dois problemas mundiais com essa sua solução gastronômica: erradicar a fome e dar um jeito na superpopulação. Justo! A crítica à autoridade está na forma do xerife Bruce, que certo momento tenta impressionar a bela Terry levando-a para o Drive-In (para assistir ao infame sci-fi dos anos 50, O Monstro que Deafiou o Mundo), só que ele chega a um local onde vários carros estão parados com cidadãos usando aquele point para dar seus amassos, e expulsa a todos abusando da autoridade policial, para que ali ele fique sozinho com a moçoila, e assista ao filme de binóculos e pede para que lá na delegacia o áudio seja transferido para seu rádio policial (e aí estamos nos primórdios da pirataria). E ainda nisso vai tentar bolinar Terry a força usando seu xaveco barato e sua demonstração de poder. Ou seja, façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço. Mas tudo bem, essas sutilezas realmente não são o ponto forte de Motel Diabólico (mesmo sendo deveras interessante). Só uma forma de tentar deixa-lo, digamos, mais profundo. Porque o que é para valer mesmo é a bagaceira, o humor negro e as cenas antológicas de tosquice desvairada. Que é exatamente o que tornou o cinema de terror dos anos 80 tão singular e tão amado para os fãs.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/04/14/414-motel-diabolico-1980/

#413 1980 A MORTE CONVIDA PARA DANÇAR (Prom Night,EUA)


Direção: Paul Lynch
Roteiro: William Gray, Robert Guza Jr. (história)
Produção: Peter Simpson, Richard Simpson (Produtor Associado)
Elenco: Jamie Lee Curtis, Leslie Nielsen, Casey Stevens, Anne-Marie Martin, Antoniette Bower
    
Acredito que Jamie Lee Curtis deve morrer de vergonha ao assistir novamente A Morte Convida para Dançar. Se eu assistindo já senti uma baita vergonha alheia, imagine ela, principalmente nas cenas de dança? Esse clássico do cinema slasher dos anos 80 pode ser definido como Halloween – A Noite do Terror encontra Carrie – A Estranha e encontra Os Embalos de Sábado à Noite. Sim, é isso mesmo que você acabou de ler. A Morte Convida para Dançar tem uma trama que envolve um assassino serial que fica espreitando e utiliza as regras básicas dos filmes slasher (que começaram com Halloween), se passa em um baile de formatura transformado em uma verdadeira discoteca (cujo tema do baile é Disco Madness), e tem até uma sequência inteira de dança com os dois protagonistas (Jamie Lee Curtis inclusa), que poderia muito bem competir com o casal Tony Manero e Stephanie. É simplesmente ridículo! Bom, no enredo, a eterna Scream Queen Jamie Lee Curtis interpreta Kim, uma adolescente prestes a ser rainha do baile de formatura do colegial (ela nasceu em 1958, então faça as contas: tinha 22 anos fazendo o papel de uma garota de 17. Quer enganar quem?). Porém sua família sofreu uma tragédia irreparável no passado, quando sua irmã mais nova foi morta por acidente, ao cair de uma janela de um colégio abandonado, perseguida por um grupo de crianças que faziam uma brincadeira nada saudável. Após o acontecido, todos os pivetes juraram não contar aquilo para ninguém, para não terem suas vidas arruinadas desde cedo. Passam-se anos e todos são amigos agora no colégio. Kim até namora Nick, um dos responsáveis pelo acidente com a irmã. E na noite da formatura, os envolvidos começam a receber um estranho telefonema de um suspeito misterioso, que vem planejando vingança. O roteiro faz nos pensar que o assassino é um maníaco sexual que foi falsamente acusado do crime original, perseguido pela polícia, desfigurado em um acidente de carro e hospitalizado por todo esse tempo. E claro que na noite do baile ele escapou. Após a morte acidental no começo do filme, ficamos até os 30 minutos finais sem ver nenhuma vítima ser assassinada. Isso é um ultraje em um filme slasher. Nesse ínterim, somos brindados com diálogos ridículos, atores canastríssimos com atuações bisonhas (coloque nessa conta a própria Jamie Lee Curtis, Leslie Nielsen no papel de seu pai e diretor do colégio e David Mucci que interpreta o personagem Lou, uma espécie debad boy feioso que tenta imitar John Travolta em Carrie – A Estranha). Fora as intermináveis cenas do baile, com a disco music rolando solta e os formandos dançando com seus ternos, calças boca de sino e sapatos plataforma. Sério, é patético! O final nos reserva as cenas de morte executadas por um psicopata usando uma máscara de esqui, que não são lá grandes coisas, perto do que já vimos até então aqui no blog. E a perseguição do assassino às suas vítimas lembra aquelas perseguições de Os Trapalhões, até finalmente ser revelada a sua verdadeira identidade e sua real motivação. O filme não se sustenta e é um verdadeiro escracho. E nem é pela participação do comediante Leslie Nielsen, famoso pela trilogia Corra que a Polícia Vem Aí. É perfeito para você dar boas risadas. Talvez por isso tenha se tornado cult. É um daqueles filmes que de tão ruim, ficam engraçados e garante momentos divertidos ao assistir com os amigos. Mas mortes violentas, sangue abundante e mulher pelada que é bom, necas. A Morte Convida para Dançar ainda deu origem a uma franquia que mudou completamente o escopo do filme. Sua sequência, que no Brasil ganhou o título de Vestida Para Vingança (que fez até relativo sucesso por aqui ao ser exibido na Rede Globo) conta com um ar sobrenatural, e a história da rainha do baile Mary Lou Maloney, assassinada pelo seu namorado rebelde na noite da formatura em 1957, e que retorna 30 anos depois como uma lenda urbana do colégio em busca de vingança. Essa brincadeira ainda rendeu outras duas continuações, agora batizada aqui de Baile de Formatura (confuso, né?) e uma refilmagem sofrível em 2008.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/04/12/413-a-morte-convida-para-dancar-1980/

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

FROZEN FEVER (EUA, 2015)


STAR WARS VII THE FORCE AWAGENS (EUA,2015)


#410 1980 O INTERMEDIÁRIO DO DIABO (The Changeling, Canadá)


Direção: Peter Medak
Roteiro: William Gray e Diana Maddox, Russell Hunter (história)
Produção: Garth H. Drabinsky, Joel B. Michaels, Mario Kassar e Andrew G. Vajna (Produtores Executivos)
Elenco: George C. Scott, Trish Van Devere, Melvyn Douglas, Jean Marsh, John Colicos
     
Ah, o Brasil e seus títulos maravilhosos! Mesmo que depois tenha recebido o nome de A Troca quando lançado em DVD, ao chegar aos cinemas, esse excelente suspense sobrenatural do diretor Peter Medak e magistralmente elencado por George C. Scott, recebeu o infame nome de Intermediário do Diabo. O título não condiz em nada com a realidade (o Diabo, coitado, nem dá as caras por aqui, e nunca imaginei o Tinhoso tendo um intermediário, enfim…), mas foi obviamente pensado em capitalizar na onda dos filmes que traziam a temática do Coisa-Ruim na década passada, como O Exorcista e A Profecia. Na verdade, Intermediário do Diabo é daquele típico filme de fantasma vingativo, que leva uma pessoa que se muda para um casarão assombrado a entrar em uma profunda investigação, conduzida por manifestações sobrenaturais do espírito que ali não descansa, e descobrir a causa de seu assassinato. Essa pessoa no caso é o personagem de Scott, o pianista John Russell, que após sua esposa e filha morrerem em um trágico acidente de carro, muda-se para um casarão pertencente à Sociedade Histórica de Seattle, doado pelo poderoso senador Joe Carmichael (Melvyn Douglas). Lá, ele pretende recomeçar a vida em frangalhos por conta da perda, dando aulas na Universidade local, porém, logo ao se mudar, o bater de portas, ruídos ritmados e sons estranhos típicos de uma casa mal assombrada começam a atormentar ainda mais Russell, que descobre um sótão trancado nos andares superiores do casarão e lá conhecerá as pistas com as quais montará seu quebra cabeças. Ao descobrir uma cadeira de rodas infantil e uma caixa de música, Russell, com a ajuda de Claire Norman (Trish Van Devere – esposa de Scott na época), começa a revirar os arquivos do local, antiga morada dos Carmichael, para tentar descobrir alguma pista sobre a presença, quando ao realizar uma sinistra sessão espírita (um dos pontos altos do filme), realiza que um garotinho de nome Joseph, detentor de paralisia, foi afogado pelo próprio pai na banheira em seu quarto (onde é o atual sótão). Este será o estopim para uma intrincada conspiração política, já que Eugene Carmichael, pai do atual senador, matara o próprio filho inválido para garantir sua participação no poderoso império dos Carmichael e ter direito sobre a fortuna futura de sua família. Após a morte de Joseph, o nefasto Eugene trocou seu filho por um sósia, enviou-o para a Europa onde anos mais tarde milagrosamente se curou da paralisia, e desde então, o proeminente Senador vem passando-se por outro e tornando-se uma das pessoas mais poderosas dos EUA, como se nada tivesse acontecido. Cabe a Russell tentar aplacar a ira do espírito do pequeno Jospeph original, brutalmente assassinado e de alguma forma buscar por justiça, enquanto ainda é assolado pela tragédia (explorada pelo fantasma para aproximá-lo psiquicamente) da perda recente de seus familiares. E claro, que o espírito não medirá esforços em assombrar a casa e utilizar até de modos traiçoeiros para garantir a ajuda de Russell, como, por exemplo, usando uma pequena bola branca e vermelha pertencente à filha morta do pianista para chamar sua atenção. Baita sacanagem. O filme é todo de Scott, mostrando mais uma vez porque ele é um PUTA ator. Com personagens secundários completamente descartáveis (exceto a breve e também excelente participação de Melvyn Douglas – que faz aqui seu penúltimo filme, seguido por outro fantasmagórico thriller, História de Fantasmas, lançado no ano seguinte), o ator leva o filme inteiro nas costas, em uma interpretação ora sofrida e comedida, hora explosiva em busca de respostas. A atmosfera sobrenatural também é muito bem construída, principalmente quando se desenvolve dentro do casarão gótico vitoriano (construído em estúdio) e serviu facilmente como referência para diversas obras do gênero vindouras e tornado-se um verdadeiro clássico. Alejandro Amenábar, diretor de Os Outros, mesmo já disse que Intermediário do Diabo é uma de suas maiores inspirações, além da fita estar presente na famosa lista dos filmes de terror preferidos de ninguém menos que Martin Scorcese. Interessante é que a história do filme é baseada em fatos reais, em uma “casa mal assombrada de verdade” conhecida como Henry Treat Rogers Mansion, localizada em Denver, no Colorado, próximo ao Chessman Park. Foi lá que o escritor Russel Hunter morou durante os anos 60 e presenciou vários fenômenos paranormais. Os roteiristas Adrian Morrall e William Gray gastaram seis meses fazendo pesquisas em artigos de jornais, encontros com parapsicólogos, lendo mais de 700 livros e vários estudos de casos de histórias que envolvem fantasmas para complementar o roteiro. Outro detalhe bacana é que o nome original, “The Changeling”, remete a uma lenda do folclore europeu de uma criatura que era secretamente deixada no lugar das crianças que eram roubadas durante à noite. Intermediário do Diabo, ou A Troca (não confundir com o filme de Clint Eastwood com a Angelina Jolie) é um daqueles clássicos eternos do cinema de terror, e presente em qualquer lista dos melhores filmes de cunho sobrenatural ou de casas mal assombradas. Climático, é uma produção típica do final dos anos 70 que assusta para valer, completamente calcado no terror psicológico, algo bem raro no gênero nos dias de hoje.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/04/09/410-intermediario-do-diabo-1980/

#408 1980 THE HOUSE ON THE EDGE OF THE PARK (La casa sperduta nel parco, Itália)


Direção: Ruggero Deodato
Roteiro: Gianfranco Clerici, Vincenzo Mannino
Produção: Franco Di Nunzio, Franco Palaggi
Elenco: David Hess, Annie Belle, Christian Borromeo, Giovanni Lombardo Radice, Marie Claude Joseph, Gabriele Di Giulio
    
The House on the Edge of the Park sempre será inevitavelmente tachado como cópia italiana de Aniversário Macabro de Wes Craven. Principalmente por conta do título (o nome original de Craven é The Last House on the Left), a presença do ator David Hess e a história recheada de brutalidade, sadismo, tortura e estupro. Mas acho que no final das contas, são duas obras que tem suas coincidências, mas também suas disparidades, e devem ser vistas de maneira independente. Pois bem, o diretor Ruggero Deodato já é velho conhecido dos fãs de filme de horror por conta de seu trabalho chocante e polêmico em Cannibal Holocaust. Aqui nesta película, ele deixa um pouco a violência gráfica e o gore desmedido de lado (o que pode até chatear os mais reaças) e parte para um suspense forte com requintes de crueldade, quando dois punks resolvem fazer um grupo de amigos endinheirados de refém e promover jogos sexuais e sessões de agressão física e tortura. Mas como é um filme italiano, o final terá lá sua reviravolta estrambólica da vez. Logo no começo da fita, Deodato já nos mostra ao que veio, mostrando uma cena tensa com uma trilha sonora adocicada do mestre Riz Ortolani, falecido recentemente, que já havia feito esse tipo de brincadeira de sentimentos musicais no próprio Cannibal Holocaust. Alex (Hess) persegue uma garota de carro em um parque e acaba estuprando-a e matando-a brutalmente. Corte de cena e Alex, que trabalha como mecânico, interceptador e vendedor de carros roubados nas horas vagas e seu comparsa, Ricky (Giovanni Lombardo Radice), são convidados para uma festinha privé na casa dos aristocráticos Tom (Christian Borromero) e Lisa (Annie Belle), clientes que precisavam que seu carro fosse arrumado tarde da noite e impede os dois de sair para alguma discoteca festejar. Tá, por aí já começa a inverossimilhança do filme, pois quem em sua sã consciência, e tudo bem que estamos falando do começo dos anos 80, chamaria dois sujeitos como Alex e Ricky para uma festa na sua casa? Nesse angu tem caroço ou é apenas ingenuidade e furo de roteiro? Aguardem até o final da fita. Chegando lá, Alex fica louquinho para pegar Lisa, e Ricky faz papel de idiota perante os outros ricaços, sendo motivo de chacota e trapaceado no pôquer. Alex então saca qual é a dos metidos que queriam humilhá-los e transforma a festinha em um pesadelo, fazendo os cinco de reféns, torturando-os física e psicologicamente e abusando sexualmente das garotas. O que é pretexto para toneladas e toneladas de frames de garotas nuas em pelo (e olhe, coloque pelo nisso!). Filme vai, filme vem, a tensão vai aumentando, assim como o suspense, os reféns tentam ludibriar Ricky, principalmente Glenda (Marie Claude Jospeh), por quem o rapaz ficou amarradão, rola sexo aqui, acolá, os homens moles são feitos de saco de pancada e até aparece uma nova refém, a ninfeta Cindy (Brigitte Petronio), loirinha virgem e inocente que quase tem sua pureza deflagrada pelo escroque Alex, além de ser severamente cortada por golpes de sua navalha enquanto o sádico cantarola a música “Cindy, Oh Cindy” (que já ganhou até versão do Beach Boys), que por sinal, é uma das melhores cenas do filme e mostra que Hess sabia interpretar um cara mau como ninguém. Daí vem o final e você precisa usar toda a suspensão de descrença que você seja capaz para conseguir engoli-lo.
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
Na verdade, tudo não passou de um embuste que Tom preparou para atrair Alex para sua casa e executar seu mirabolante plano de vingança, já que a garota violentada e morta no começo do filme era sua irmã. E usar a desculpa de que os dois invadiram sua casa e suas mortes foram em legítima defesa. É inteligente e estúpido ao mesmo tempo, mas o problema é que os panacas nunca tiveram as rédeas da situação, daí milagrosamente o roteiro cheio de buracos se encarregou de nada sair do controle e ninguém ser morto. E com toda sua dose de perversão e violência, claro que The House on the Edge of the Park, foi parar na lista dos nasty videos do DPP e proibido de ser exibido na Inglaterra. E olhe que coisa, só conseguiu ser exibido por lá em 2002, com nada mais nada menos que 11 minutos e 43 segundos de corte. Ou seja, não sobrou nada de interessante para se ver no filme. E todo filme que era banido e entrava na famigerada lista do BBFC claro que ganhava um marketing adicional por se envolver nessa polêmica. Até hoje. The House on the Edge of the Park foi sim idealizado tentando pegar carona no sucesso de Aniversário Macabro de Craven, lançado quase dez anos antes, mas tem seus próprios méritos e vai se distanciando do exemplar americano na condução extensa e muito mais violenta da tortura, estupro e assassinato e também no que concerne a vingança. Detêm certo mau gosto com justiça poética e é só para os fãs mesmo do cinema exploitation, apesar de ser muito bem dirigido e conduzido por Deodato até seu final, e contar com a explosiva atuação de David Hess, que faleceu em 2011.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/04/07/408-the-house-on-the-edge-of-the-park-1980/

#407 1980 CRIATURAS DAS PROFUNDEZAS (Humanoids from the Deep / Monster, EUA)


Direção: Barbara Peeters, Jimmy T. Murakami (não creditado)
Roteiro: William Martin, Frank Arnold & Martin B. Cohen (história)
Produção: Martin B. Cohen, Hunt Lowry (Co-Produtor), Roger Corman (Produtor Executivo)
Elenco: Doug McClure, Ann Turkel, Vic Morrow, Cindy Weintraub, Anthony Penya, Denise Galik
   
Lá no finalzinho dos anos 70, o italiano Sergio Martino brindou o mundo com sua pérola trash, intragável cópia da Ilha do Dr. Moreau e campeão de reprise da Sessão das Dez do SBT, A Ilha dos Homens-Peixe. Na América, o filme foi distribuído pela New World Pictures, produtora do Rei dos Filmes B, Roger Corman, e editado para incluir mais violência para o público yankee. Pois parece que Corman gostou tanto da história desses monstros humanoides anfíbios, e misturada com a inspiração dos filmes sci-fi da década de 50, principalmente O Monstro da Lagoa Negra de Jack Arnold, eis que surge a gema inominável Criaturas das Profundezas. Se você é fã da podreira em seu mais baixo nível, efeitos de maquiagem tosquíssimos, muito sangue e mulher pelada, definitivamente Criaturas das Profundezas é seu filme. Juro que ele até tenta passar uma mensagem ecológica, de testes científicos utilizados por uma inescrupulosa fábrica que tenta alterar geneticamente os peixes de uma cidadezinha pesqueira, e também tenta calcar uma parte da sua história no preconceito contra os povos indígenas, mas nem tente levar isso adiante. O que importa mesmo é a quantidade de gore no ataque desses mutantes marinhos e na incessante busca de mulheres para eles se reproduzirem. Dirigido por Barbara Peeters (após ter sido recusado por Joe Dante, que havia dirigido Piranha anteriormente para Corman) – e mais tarde eu volto na picuinha que rolou entre ela e o produtor executivo – a trama já foi adiantada de grosso modo no parágrafo acima. A cidade costeira de Noyo, na Califórnia está mal das pernas, com a pesca de salmão cada vez mais escassa, e parece que a solução de todos os problemas é aderir ao progresso, com a instalação de uma fábrica da companhia Canco no local, que com certeza destruiria todo o ecossistema, mas entregaria peixes maiores e em abundância. Há um grupo liderado pelo infame Hank Slattery (Vic Morrow) que é totalmente à favor da indústria, e outro, do descendente indígena Johnny Eagle (Anthony Pena) que não gosta nem um pouco da ideia, e isso irá gerar atritos eternos entre os dois até o final do filme. No meio termo, está o herói da vez, o pescador Jim Hill (Doug McClure), que começa a perceber as misteriosas mutilações, mortes e o desaparecimento de garotas na praia e com a ajuda da cientista da Canco, Dr. Susan Drake (Ann Turkel), descobre as terríveis experiências da companhia que geraram uma mutação desordenada em celacantos, que era alimentos dos salmões e voilá, deram origem a essas bestias criaturas marinhas. O grande deleite mesmo é quando esses bichos feios de dar dó vestidos em roupas de borracha e cobertos por algas marinhas saem dos oceanos para destroçar humanos e cães com suas afiadas garras e estuprar as garotas. Engraçado é nunca deixar de reparar é que quando ele ataca as vítimas do sexo feminino, de forma certeira, o primeiro golpe é arrancar a parte de cima de seus biquínis, deixando seus belos seios à mostra. Afinal, as criaturas não são nem um pouco bobas. E criaturas essas criadas por ninguém menos que Rob Bottin, que ganharia o Oscar® de efeitos visuais mais tarde. Fora que só três trajes foram criados, e em apenas uma cena os três monstros aparecem juntos, que é exatamente no clímax onde eles atacam a feira anual de Noyo e causam um verdadeiro pandemônio. Coisas de filmes B, sabe? E não há como passar incólume ao final espetacular de Criaturas das Profundezas. 
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
Uma das garotas estupradas pelos mutantes sobrevive ao ataque só para ficar grávida dos anfíbios anabolizados, e na cena final, mostra-la em uma mesa de operação com uma dessas criaturinhas, ao melhor estilo Alien – O Oitavo Passageiro, rompendo sua barriga, gunchinando enquanto um jorro de sangue voa para todo o lado. Simplesmente espetacular! Na verdade Criaturas das Profundezas foi um celeiro de nomes que se tornariam bem famosos na indústria do cinema e da TV futuramente. Entre eles, o compositor que faz a trilha sonora, James Horner, aquele que fez a OST de Titanic (e ganhou o Oscar® por isso) e a futura produtora do seriado The Walking Dead, Gale Anne Hurd, que trabalhou como assistente de produção aqui. Mas o grande entrevero envolvendo a equipe de filmagem foi de Corman com a diretora Barbara Peeters. Filmado em 16 dias e com um plot de suspense e ciência, Corman não gostou do resultado final e resolveu incluir (para nossa alegria), mais sangue e sexo. Peeters foi veementemente contra, dizendo que era apenas para mostrar mais nudez (ah, jura?), torna-lo exploitation e principalmente por conta da história dos monstros estuprarem garotas, e foi demitida por Corman (mesmo com as filmagens terminadas), com as cenas adicionais dirigidas por Jimmy T. Murakami (de forma não creditada). E o melhor é que essas mudanças no conteúdo visual do filme não foram avisadas para a maioria dos envolvidos, tendo gente passado carão até na pré-estreia (como foi o caso da atriz Ann Turkel). E ainda ambas bravejaram para que seus nomes fossem tirados dos créditos do filme, o que não adiantou muito. Turkel até apareceu em um programa de TV sentando o cacete em Corman e o culpando por aquela afronta. Agora cá entre nós? Criaturas das Profundezas já é ruim de doer, com uma história chula, atores medíocres, direção pavorosa e efeitos especiais bisonhos. Agora imagine a porcaria que seria sem a violência e a nudez? A meu ver, Corman tinha toda a razão. É que acabou pisando no calo de algumas garotas lutando pelos direitos femininos e contra e exploração da nudez das mulheres e coisa e tal, porque realmente são cenas passíveis de ofensa. Mas são essas cenas toscas que o tornou um daqueles cults da bagaceira. Sem nada disso, seria somente um filme dos mais chatos e dispensáveis. Hail Corman!
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/04/05/407-criaturas-das-profundezas-1980/

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

#406 1980 CIDADE MALDITA (ncubo sulla città contaminata / Nightmare City, Itália, México, Espanha)


Direção: Umberto Lenzi
Roteiro: Antonio Cesare Corti, Luis María Delgado, Piero Regnoli
Produção: Diego Alchimede, Luis Méndez
Elenco: Hugo Stiglitz, Laura Trotter, Maria Rosaria Omaggio, Francisco Rabal, Sonia Viviani, Eduardo Fajardo, Mel Ferrer
  
Cidade Maldita é mais uma daquelas pérolas zumbi inexoráveis do cinema italiano. Parecia que a italianada estava ávida por filmes do cinema morto-vivo e por isso, desesperadamente, os produtores lançavam qualquer porcaria para fazer alguns trocados e seguir os passos de Despertar dos Mortos de George Romero e Zumbi 2 – A Volta dos Mortos do patrício Lucio Fulci. O diretor desta raridade é Umberto Lenzi, o pai do cinema canibal, que assim como todos os italianos oportunistas (adjetivo quase intrínseco aos cineastas da Terra da Bota), passeava por vários gêneros que faziam sucesso no período. Aqui ele até tenta falar que “não é um filme de zumbi” (Senta lá, Lenzi. Danny Boyle também fala que Extermínio não é um filme de zumbi…), mas que seus vilões assassinos psicopatas revoltados, retardados, deformados e sedentos por sangue (literalmente) parecem cópia carbono de zumbis, ah, isso parece. Eles na verdade não são mortos-vivos (vale sempre lembrar que a origem haitiana do zumbi não falava de mortos, mas de pessoas autômatas e sem controle sobre seus atos e própria vida), e sim pessoas normais infectadas por um tipo de radiação que os faz perder um parafuso, terem uma aparência pútrida e desenvolver um comportamento errático agressivo. Munidos de qualquer tipo de arma (facas, facões, porretes, ferramentas, armas de fogo, qualquer coisa), começam uma insurreição em uma cidade, transformando aquilo num verdadeiro pandemônio e matando gente a esmo (além de beber o sangue das vítimas). É como um surto psicótico em massa. Pois bem, o repórter de TV Dean Miller (Hugo Stiglitz – papel que originalmente seria de Franco Nero, mas Lenzi foi convencido pelos produtores para colocar um ator mexicano para ajudar na venda do filme por lá) e seu cinegrafista são testemunhas oculares do início dessa hecatombe ao irem até o aeroporto esperar por um proeminente cientista nuclear para uma entrevista exclusiva. Um avião militar sem permissão e sem responder à torre de controle aterrissa por lá e traz esse bando de surtados, matando militares, policiais, civis e qualquer diabo que se meta em sua frente. Miller tenta advertir a população com um boletim especial (tipo aquele Plantão da Globo), mas é tesourado do ar pelo chefe da emissora que recebe um corretivo dos militares, para não espalhar o pânico. Enquanto isso, os milicos chefiados pelo General Murchinson (Mel Ferrer) tenta ao máximo conter aquela epidemia insana a ponto de colocar a cidade em estado de sítio, auxiliado pelo Major Warren Holmes (Francisco Rabal) – que está mais preocupado no bem estar da sua esposa – e o mesmo acontece com o intrépido jornalista, que vai até o hospital onde a sua mulher, Dra. Anna Miller (Laura Trotter) trabalha, para resgatá-la. Os dois partem em uma louca escapada, sempre sendo cercados pelos zumbis raivosos e tendo de lutar por sua sobrevivência. E é isso. O escalar de situações patéticas vai colocando o filme em um loop infinito de inverossimilhanças italianas, que obviamente vai divertir o espectador fã da bagaceira, principalmente pelo excesso de violência, sangue e peitos de fora aqui e acolá de praxe. Das atuações, espere sempre as piores possíveis, principalmente da irritante Anna e sobre o roteiro, talvez um queijo suíço tenha menos buracos. Mas o mais ridículo mesmo e motivo de xacota é a maquiagem que tenta representar as horrendas deformidades causadas pela radiação, cortesia de Giuseppe Ferranti e Franco Di Girolamo, que juntos já contribuído com gente como Dario Argento, Lucio Fulci e Bruno Mattei. Agora a cereja do bolo é mesmo o final. Dá vontade até de escrever um palavrão. 
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
Eis que a mais mundana, safada, picareta e estúpida resolução que existe no cinema desde que os irmãos Lumiére resolveram testar fotografias em movimento é usada no final de Cidade Maldita por Lenzi. Após os nossos heróis estarem encurralados no alto de uma montanha-russa, e aparece o Major Warren para resgatá-los em um helicóptero, Anna acaba caindo e seu bonecão se espatifa na queda entre os trilhos e o chão. Miller acorda então no conforto de sua cama de um terrível pesadelo com a bonitinha dormindo ao seu lado. Mas espere, ainda não acabou! Atrasado para entrevistar o tal cientista nuclear, a situação começa a se repetir tal qual o começo do filme, e ao abrir a porta do avião, o filme congela e o pesadelo (Que foi o quê? Uma premonição do sujeito?) está preste a começar. Ah vá… Fãs do horror italiano, assistam Cidade Maldita. Obrigatória obra de Lenzi que funciona como uma advertência aos perigos da radiação (pausa para o riso), e mostra-se adorável como toda bagaceira vinda do ciclo spltatter desse país salafrário que tanto nos alegrou no cinema de terror.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/04/04/406-cidade-maldita-1980/

PETER PAN (EUA, 2015)


#405 1980 CANNIBAL HOLOCAUST (Itália)


Direção: Ruggero Deodato
Roteiro: Gianfranco Clerici
Produção: Franco Di Nunzio, Franco Palaggi
Elenco: Robert Kerman, Francesca Ciardi, Perry Pirkanen, Luca Barbareschi, Gabriel Yorke

O que falar de um filme que se auto-intitula o mais controverso já feito? Pense em uma produção que resolve colocar todos os elementos possíveis para chocar o espectador em uma única película: estupro, empalamento, canibalismo, aborto, crueldade com animais, desmembramento, nudismo frontal… Isso é Cannibal Holocaust, o hors concours dos filmes exploitation. Em 1980, Ruggero Deodato revolucionava o cinema. Sabe essa febre de filmes de found footage que vemos hoje em dia a rodo? Que Já tem até exemplo produzido no Brasil? Foi Deodato o percursor. Pois é, antes de A Bruxa de Blair virar um fenômeno cinematográfico e de marketing, Cannibal Holocaust já trazia esse conceito de exibir cenas gravadas como se fossem filmagens reais. E A Bruxa de Blair é filme de escoteiro perto desse daqui. Cannibal chocou tanto o mundo e de maneira tão transgressora que o diretor acabou sendo preso, dez dias depois do lançamento nos cinemas e todas as fitas foram apreendidas, sob a acusação de que estava sendo exibindo um snuff movie, aqueles filmes, meio lendas urbanas, onde as pessoas são mortas de verdade em cena. Isso por dois motivos: o primeiro é que Deodato proibiu todos os atores do filme de fazer qualquer campanha de promoção do filme. Não apareceram em TV, nada. A segunda é porque as filmagens são extremamente reais, os efeitos visuais são fantásticos, obtidos através da magnífica maquiagem de Massimo Giustini e realmente parece que a galera está sendo trucidada em cena, tamanho o realismo. Conclusão: Deodato só conseguiu sair do xilindró depois que apresentou os atores vivinhos da silva no tribunal e jurou de pé junto que não matou ninguém. Ninguém humano, para bem dizer. Porque o diretor promove uma verdadeira chacina explícita contra vários animaizinhos da selva: quatis, antas, ratazanas e uma tartaruga gigante de água doce, que é aberta e dissecada em pleno close, na cena mais nojenta já vista no cinema. Sério. Depois Deodato se arrependeu dessa barbaridade, mas também conseguiu escapar de uma multa pesada após alegar que os animais eram servidos de comida para a produção e os índios das tribos que participaram do longa. E só em 1983 ele conseguiu na justiça o direito de exibir o filme novamente.  Não preciso nem falar que foi proibido em diversos países. Foram 33 para ser mais preciso. Ah sim, a história. Um grupo de documentaristas, ao melhor estilo National Geographic, só que mega sensacionalistas, resolve viajar até a floresta Amazônica para encontrar uma tribo de canibais perdida do resto da civilização e fazer seu filme. Eles desaparecem e a Universidade de Nova York e uma rede de televisão financiam uma busca, liderada pelo antropólogo, Prof. Harold Monroe. Ao chegar lá, descobrem que a equipe tinha realmente encontrado essa tribo canibal e que foram o prato principal deles. O Prof. Monroe consegue recuperar as gravações e a todo custo, os executivos do canal querem exibi-las. Até realmente verem seu conteúdo inteiro e descobrirem porque os documentaristas foram devorados. No tradicional choque de cultura entre homem branco e os nativos, os americanos alopram os índios de todas as formas possíveis e imagináveis. Primeiro eles acabam com o acampamento onde eles vivem, enfiando todos os locais em uma única oca e metendo fogo, gratuitamente, matando vários deles carbonizados. Depois eles transam na frente de vários outros índios pequenos que assistem a cena. Depois fazem um rodízio para estuprar uma nativa. E atiram nos coitados. E os humilham. E por aí vai. “Sobrevivência do mais forte˜, um deles dispara. Mas as coisas não iam ficar baratas. Eles são impiedosamente caçados, e violentamente assassinados. A única mulher do time é a que tem a pior morte. Ela é estuprada por vários selvagens, depois é linchada pelas mulheres da aldeia e depois desmembrada, com seus braços e pernas arrancados, sobrando só o tronco, até ser destroçada e comida ali mesmo pelos canibais. E lembrem-se, não estamos falando aqui de zumbis… E sim de pessoas que comem carne humana. Vai vendo… E no meio de toda carnificina desmedida, há uma puta crítica social oculta por trás do filme. Que os americanos se acham os donos do mundo, superiores e que tem o completo direito de fazer o que quiserem com outras culturas ou povos que consideram inferiores. Tanto que depois de tanta barbaridade, a primeira reação no final do filme é choque, claro, mas a segunda com certeza é não sentir nem um pingo de dó daqueles infelizes mortos de forma tão brutal. Esse paralelo para mim foi muito claro pela época em que assisti o filme da primeira vez. Foi bem tardio, passado mais de 20 anos de seu lançamento. Vi durante a primeira metade dos anos 2000, em plena invasão americana no Afeganistão e Iraque e aquele política escabrosa de George W. Bush de chegar detonando tudo por lá e pouco se lixando para baixas civis e para o povo que morava nos países ocupados. E para mim era muito contundente a mensagem de Cannibal Holocaust, apesar de todo o exploitation. Isso sem falar nos inescrupulosos executivos da TV que querem editar o documentário e passar em rede nacional de qualquer jeito, pois é aquilo que dá audiência. Imagina se uma fita dessas cai na mão do Datena hoje em dia? E se levantam alguns questionamentos pertinentes ao terminar o filme: Qual é pior, a selva de verdade ou a selva de concreto? Quem são os verdadeiros selvagens, eles ou nós? A trilha sonora  de Riz Ortolani é um capítulo a parte. O filme começa com um take aéreo da floresta Amazônica e seus rios, enquanto uma doce música lenta e melodiosa, típica dos anos 70, vai sendo tocada ao fundo. Você nem faz ideia do que está por vir. E essa mesma música é usada em várias cenas, inclusive de canibalismo e desmembramento. Vai entender. Isso além de outras músicas com batidas e efeitos sonoros de sintetizadores, toques minimalistas que vão crescendo e tornando-a cada vez mais tensos, e que quando essa música começa a tocar, você pode prever que vai dar merda. Se você ainda não assistiu essa preciosidade do mau gosto, não pode dizer que é fã de filmes de terror!
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/04/03/405-cannibal-holocaust-1980/

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

#404 1980 A BRUMA ASSASSINA (The Fog, EUA)


Direção: John Carpenter
Roteiro: John Carpenter, Debra Hill
Produção: Debra Hill, Pegi Brotman (Produtora Associado), Barry Bernardi e Charles B. Bloch (Produtores Executivos)
Elenco: Adrienne Barbeau, Jamie Lee Curtis, Janet Leigh, John Houseman, Tom Atkins, Hal Holbrook, Charles Cyphers

Caso você não conheça essa pequena gema do horror do mestre John Carpenter, não deixe se enganar pelo ridículo título que ele levou aqui em terras brazilisA Bruma Assassina, tradução de The Fog, que ao pé da letra seria A Névoa, como acabou sendo batizada a malfadada refilmagem de 2005 com o Superboy no papel principal. Ainda em começo de carreira, após o baita sucesso de seu filme anterior, Halloween – A Noite do Terror, e preparando terreno para seu melhor filme (na minha humilde opinião), O Enigma de Outro Mundo, Carpenter faz um horror de baixo orçamento (porém sem estética de baixo orçamento, principalmente pelo inusitado fato de ter sido filmado em Widescreen Anamórfico) correto, decente e direto ao ponto, trabalhando aqui o que sabe fazer de melhor: o prolongamento e manutenção do suspense. A história que se vista por um ângulo diferente, pode muito bem se encaixar no gênero zumbi, é localizada na cidadezinha costeira de Antonio Bay, na Califórnia, que está preste a comemorar o centésimo aniversário de sua fundação. Porém as raízes de sua fundação estão fincadas em uma trama de horror, ganância, assassinato e preconceito, como contado por um velho lobo do mar a um grupo de crianças ao redor de uma fogueira, e depois confirmado por um antigo diário que o padre Malone (Hol Holbrook) descobre com relatos de seu bisavô. Na verdade, Antonio Bay ficava próximo de uma ilha de leprosos, e o capitão Blake (interpretado pelo mago dos efeitos visuais Rob Bottin, que seria responsável pelos efeitos memoráveis do próprio O Enigma de Outro Mundo), comandante do navio Elizabeth Dane tenta barganhar um pedaço de terra com os fundadores de Antonio Bay para que eles pudessem viver por ali em terra firme. Só que Blake era podre de rico e detentor de um tesouro, e seis conspiradores locais resolvem traí-lo, atraindo o seu navio com uma fogueira para se estapifar nas rochas (ajudados por uma misteriosa névoa que pairava sobre o mar naquela fatídica noite) e roubam o ouro do Capitão Blake para poder construir a cidade. Passam-se esses 100 anos, e durante a data de celebração do centenário, uma série de acontecimentos macabros começa a se acometer sobre alguns moradores díspares, aparentemente sem nenhuma conexão um com os outros, justamente quando a sinistra névoa resplandecente avança pela cidade. Entre esses moradores estão a radialista Stevie Wayne (interpretada por Adrianne Barbeau), que com sua voz de travesseiro embala as noites do povo de Antonio Bay e será responsável por narrar a trajetória da névoa; Elizabeth Solley (Jamie Lee Curtis) uma caronista em direção a Vancouver que se envolve com Nick Castle (Tom Atkins) um marinheiro; a responsável pela organização das festividades, Kathy Williams (Janet Leigh, a eterna Marion Crane de Psicose e mãe de Jamie Lee Curtis) e claro, o padre Malone, peça fundamental para o desenrolar final da vingança dos mortos-vivos aquáticos contra os descendentes daqueles que os traíram e foram responsáveis por suas mortes, munidos de suas espadas, foices e ganchos. Obviamente por conta da falta de recursos, os efeitos visuais deixam um pouco a desejar, como quase tudo que foi desenvolvido nos anos 80, mas a técnica e a maestria em conduzir o suspense de Carpenter consegue equilibrar as coisas, já que a sua maior proeza é durante a primeira metade apenas arrastar as ações e clima de horror com o descobrir dos acontecimentos (e sempre auxiliado pela excelente trilha sonora, conduzida pelo próprio) e na segunda metade, nunca mostrar claramente a tripulação afogada do Elizabeth Dane, sempre envoltos pela bruma e seus olhos brilhantes, até o ataque final. Ponto para Carpenter que trabalha o efeito do medo do desconhecido, que funciona sempre melhor que qualquer terror escancarado. Talvez o maior defeito de A Bruma Assassina seja exatamente um problema de ritmo, com um clímax apressado onde em sua metragem curta (pouco mais de 80 minutos), faz com que algumas cenas e situações passem a se atropelar para conseguir dar uma conclusão no roteiro, já que três quartos do filme focam-se apenas na construção exata da atmosfera de terror, porém sem poder desenvolver demais seus personagens separadamente, e sem poder estender demais em sua conclusão. Mas isso não impede a presença de algumas cenas emblemáticas, como a sinistra primeira noite quando os acontecimentos estranhos acontecem por toda Antonio Bay, ou quando os desafortunados marinheiros do barco Sea Grass são as primeiras vítimas dos espíritos/zumbis vingativos, ou mesmo, em uma cena enxertada depois do primeiro corte (pois nas exibições prévias foi se constatado que o filme estava pouco assustador), quando um dos cadáveres se levanta no necrotério para dar um baita susto na Scream Queen Jamie Lee Curtis. Fato é que A Bruma Assassina funciona de forma tão bem simplesmente por toda a competência da equipe técnica, de seus atores e obviamente pelo talento na direção de John Carpenter, que adentra na década que o deixaria famoso de verdade (mesmo com o êxito da criação de Michael Myers dois anos antes), e o estabeleceria como um dos maiores diretores do cinema fantástico de todos os tempos, emplacando nos anos 80 clássicos eternos de terror como o já citado O Enigma de Outro Mundo, Eles Vivem e Christine – O Carro Assassino e os sci-fide ação Fuga de Nova York e Os Aventureiros do Bairro Proibido.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/04/02/404-a-bruma-assassina-1980/


#402 1980 ALLIGATOR O JACARÉ GIGANTE (Alligator, EUA)


Diretor: Lewis Teague
Roteiro: John Sayles
Produção: Brandon Chase, Mark L. Rosen, Tom Jacobson (Produtor Associado), Robert S. Bremson (Produtor Executivo)
Elenco: Robert Foster, Robin Riker, Michael V. Gazzo, Dean Jagger, Sydney Lassick, Jack Carter

Outro daqueles clássicos eternos oitentistas, exibido várias e várias vezes na saudosa Sessão das Dez do SBT. Alligator – O Jacaré Gigante é deliciosamente divertido e um dos mais famosos e emblemáticos filmes de eco-horror inspirado pelo sucesso de Tubarão de Spielberg. E acredito que, principalmente por conta dessas reprises, acabou se tornando o mais famoso de todos aqui em terra brazilis. O mais importante é que Alligator – O Jacaré Gigante não se leva a sério. E é louvável quando esse tipo de atitude é tomada em um filme onde um jacaré é jogado na privada e cresce nos esgotos de Chicago se alimentando de cachorros descartados que eram cobaias de testes com hormônio do crescimento de uma inescrupulosa indústria farmacêutica (não, eu não estou falando dos beagles do Instituto Royal). Dirigido por Lewis Teague, a película é cheia de situações inverossímeis e com momentos do mais puro e indelével trash, até porque o animatrônico de Ramon (nome dado ao jacaré), que assim como seu parceiro peixe, o Bruce, de Tubarão, apresentou uma cacetada de problemas técnicos e o diretor em algumas cenas preferiu filmar o animal em closes e escondê-lo a maior parte do tempo para manter o suspense e outras, usar um jacaré normal em um óbvio cenário de miniatura, que fica tosqueira, claro. O roteiro original foi escrito por Frank Ray Perilli, mas John Sayles ao lê-lo achou uma verdadeira porcaria, já que a trama se passaria em Milwalkee e a causa do crescimento exagerado do bicho seria devido à cerveja. Isso mesmo, cerveja despejada por uma fábrica no esgoto. Até onde eu saiba a cerveja não aumenta nada que não seja sua barriga! Sayles reescreveu (mantendo o crédito da história para Perilli) transportando-a para Chicago e inspirando-se em uma recorrente lenda urbana americana sobre aligátores que foram comprados como animais de estimação e jogados nos esgotos, locais que viviam infestados dos tais répteis (isso porque na década de 30 realmente foi encontrado um jacaré, mas um caso isolado). A pequena Marisa Kendall após uma viagem em família para a Flórida fica fascinada pelo animal (mesmo em uma demonstração um jacaré quase ter arrancado a perna de uma pessoa) e insiste para que seus pais comprem um pequeno aligatorzinho para ela, que ganha o singelo nome de Ramon. Após um tempo que a família voltou para Chicago, o animal come o hamster de estimação do pai de Marisa que sem pestanejar joga-o na privada e dá descarga. Após passar alguns anos vivendo no subterrâneo e comendo cachorrinhos geneticamente alterados, o monstro torna-se uma gigantesca criatura mutante anabolizada que começa a destroçar todo mundo que ele tope na frente nos esgotos. Cabe ao complexado detetive da divisão de homicídios, David Madison (o primeiro complexo por se sentir culpado pela morte do parceiro quando trabalhava na polícia de St. Louis, e o segundo, por começar a ficar careca) – hilariamente interpretado por Robert Foster – ao chefe de polícia Clark (vivido pelo rouco ator Michael V. Gazzo) e a Marisa, que mais tarde se transformaria em uma respeitada herpetóloga, em tentar descobrir a toca do bicho e destruí-lo. Além dos protagonistas (e do próprio jacarezão, óbvio) dois personagens são dignos de nota: o repórter Thomas Kemp (Bart Braverman) que é um escroque que vive pegando no pé de Madison por conta do acontecido com o parceiro dele e vai sozinho até os esgotos tentando desvendar o que está acontecendo (e acaba virando comida de jacaré, mas serve para tirar fotos do mesmo – ao melhor estilo Tubarão 2 – fazendo com que Madison deixe de ser desacreditado e motivo de xacota do departamento); e o Cel. Brock (Henry Silva), um caricato e estereótipo caçador chamado para tentar pegar o animal e acaba também se dando mal. Mas a cena mais emblemática de Alligator – O Jacaré Gigante (que é a mesma que sempre passava na chamada da Sessão das Dez) é quando o réptil invade a festa de casamento da filha do ganancioso Slade (Dean Jagger), dono da farmacêutica que fazia os testes nos cachorrinhos e tem a polícia e prefeitura de Chicago no bolso, à beira da piscina, promovendo um verdadeiro massacre e reservando ao prefeito da cidade e ao Slade as piores mortes, ao melhor estilo “justiça poética”. Sensacional! Alligator – O Jacaré Gigante é mais um daqueles típicos filmes aqui do blog para os trintões saudosistas, porque se a molecada assistir isso hoje em dia vai conseguir achar ainda mais tosco do que nós (e o pior ainda, vai achar besta e sair falando mal nas redes sociais – que heresia) até pelo fato de outros bons filmes de jacarés/crocodilos gigantes assassinos já terem sido feitos depois de Alligator, como Pânico no Lago e Morte Súbita. Mas ainda assim é um clássico e convenhamos que é muito melhor que as bombas Crocodilo – A Fera Assassina de Sergio Martino, Killer Crocodile de Fabrizio De Angelis, ou o execrável Crocodilo de Tobe Hooper.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/03/31/402-alligator-o-jacare-gigante-1980/

#400 1979 ZUMBI 2 A VOLTA DOS MORTOS (Zombi 2 / Zombie / Zombie Flesh Eaters, Itália)


Direção: Lucio Fulci
Roteiro: Elisa Briganti, Dardano Sacchetti (não creditado)
Produção: Frabrizio De Angelis, Ugo Tucci
Elenco: Tisa Farrow, Ian McCulloch, Richard Johnson, Al Cliver

Com o enorme sucesso que Despertar dos Mortos fez na Europa, lançado por lá com o título de Zombi, era inevitável que mais cedo ou mais tarde, inspirasse o cinema italiano a produzir a sua versão, como era de praxe na época. É aí que entra em cena o diretor Lucio Fulci, que transformou Zumbi 2 – A Volta dos Mortos, sequência não oficial do clássico de Romero, em um banho de sangue e nojeira que supera o original nesses quesitos. Diferente de famosos diretores italianos como Mario Bava e Dario Argento, que ficaram famosos por sua estética de filmagem, jogo de luz e sombra, fotografia e exploração das cores, Lucio Fulci é um cineasta mais visceral, que investe muito no gore e nos efeitos do cinema apelativo. E isso ele faz com maestria. Zumbi 2 – A Volta dos Mortos é o ápice do cinema splatter italiano. E diferente do seu “predecessor” Despertar dos MortosZumbi 2 traz ao cinema uma nova forma brutal e suja de zumbis, muito próxima do que estamos acostumados a ver hoje no cinema, nada parecido com os mortos-vivos azuis comendo pedaços de borracha e esguichando tinta guache vermelha, de Romero. O maquiador Giannetto De Rossi desfila durante todo o longa cenas grotescas e sanguinárias, que vão de olhos perfurados, membros devorados, cérebros tomando pauladas, antropofagia extrema e zumbis pútridos e sujos de terra e barro.  O exemplo perfeito desse exploitation é a cena em que a esposa de Dr. David Menard, um dos personagens do filme, é encontrada literalmente em pedaços, servindo de banquete para alguns zumbis esfomeados. Logo na abertura do filme, Fulci já mostra que não está ali para agradar aqueles de estômago fraco. O Dr. Menard está vigiando um morto, com o corpo todo enrolado em um lençol, dos pés a cabeça, que está deitado em uma maca. Claro que esse corpo começa a se levantar e Menard prontamente atira na sua cabeça, esparramando sangue e miolos pelo lençol. Em seguida corta para Nova Iorque, onde um barco abandonado aporta em sua baía. Ao verificarem, os policiais encontram um zumbi em seu interior e um deles acaba sendo mordido bem em sua jugular, em um close explícito. Anne Bowles (Tisa Farrow, irmã menos famosa de Mia) descobre que esse barco é de seu pai, que havia se mudado para a ilha caribenha de Matul, e parado de mandar notícias há um certo tempo. Ela, junto ao jornalista Peter West, resolvem ir até a ilha, com a ajuda de um casal de férias nas Antilhas que possuem um barco, para descobrirem o que aconteceu com o pai da moça. O que eles encontram em Matul é uma ilha dominada pela superstição vodu, trazendo de volta velhos conceitos dos filmes inspirados pelo livro “A Ilha da Magia” de William B. Seabrook, como Zumbi Branco e A Morta-Viva, e um exército de zumbis maltrapilhos rondando entre as palmeiras. E daí é ladeira abaixo! Fulci entrega um verdadeiro deleite para fãs de sangue, nojeira e mulher pelada. Uma morte consegue ser mais violenta e escatológica que a anterior. Uma cena clássica é quando a pobre esposa do Dr. Menard, após um longo e refrescante banho (captado em nu frontal), é atacada por um zumbi que invade sua casa. Na tentativa desesperada de se proteger, tranca-se em um quarto, porém sem sucesso, pois o zumbi consegue arrebentar a porta de madeira e agarrar seus cabelos, arrastando o rosto da garota em direção a uma lasca da porta, que vai perfurando seu olho de forma agoniante, tudo em um super close-up. E aqui ficamos conhecendo a famosa tara de Fulci por olhos, que vai acompanhá-lo pelo resto de sua filmografia. Claro que como toda boa podreira que se preze, há alguns momentos ímpares de pura tosquice no filme. Uma delas é a antológica e absurda cena em que quando todos eles estão no barco à procura da ilha, a mulher do casal que está acompanhando Annie e Peter resolve mergulhar para tirar fotos subaquáticas (nua também, é claro!), e encontra um zumbi entre os corais, que luta contra um tubarão em pleno fundo do mar. Sim, é isso mesmo. Há um embate entre um morto-vivo e um tubarão! Outra cena que é ridícula é quando os herois resolvem recuperar suas forças no meio do mato após uma malsucedida fuga, e se veem em um antigo cemitério dos conquistadores espanhois. Sem mais nem menos, eles começam a levantar da terra para voltar à vida. Bom, esses conquistadores espanhois estavam enterrados ali há pelo menos uns 500 anos, e mesmo assim se erguem com carne no corpo, sangue nas veias e órgãos intactos! Isso sem falar nas balas infinitas (outra especialidade de Fulci) e nas cenas onde são jogados coquetéis molotov quando os herois estão cercados pelos mortos-vivos. Mas essas coisas na verdade fazem parte do charme do filme, que também tem seus momentos taciturnos, sendo acompanhado em quase toda sua totalidade por tambores tribais quase ininterruptos e uma trilha acidental que lembra bastante a banda Goblin, colaboradores frequentes de Argento e também responsáveis pela trilha de Despertar dos Mortos. E depois de Zombi 2 – A Volta dos Mortos, Fulci fez escola e deu início a uma enxurrada de produções de mortos-vivos comedores de carne humana Made in Italy. A maioria sem nenhum pingo de qualidade.
FONTE: http://101horrormovies.com/2014/03/28/400-zumbi-2-a-volta-dos-mortos-1979/