quarta-feira, 2 de março de 2016

#496 1985 A HORA DO LOBISOMEM (Silver Bullet, EUA)


Direção: Daniel Attias
Roteiro: Stephen King (baseado em sua obra)
Produção: Dino de Laurentiis e Martha de Laurentiis, John M. Eckert (Produtor Associado)
Elenco: Gary Busey, Everett McGill, Corey Haim, Megan Follows, Robin Groves, Leon Russom

A Hora do Lobisomem (ou Bala de Prata, tradução literal do original) segue a mesma máxima que o grande Christopher Lee usou para descrever o filme A Górgona, da Hammer: O maior problema de A Hora do Lobisomem é o Lobisomem. Apesar de ser considerado um dos clássicos do gênero, marcado toda uma geração e ter o nome de Stephen King, que escreveu o roteiro baseado em sua própria obra, evolvido, a “fantasia” do lobisomem falha miseravelmente e quase enterra o filme. Principalmente em tempos onde poucos anos antes duas outras produções sobre licantropos revolucionaram o gênero e a forma de se mostrar a metamorfose de homem em lobo: Grito de Horror e O Lobisomem Americano em Londres. Até o poderoso Dino de Laurenttis, produtor da fita, ficou extremamente desapontado e putinho da vida com a criatura peluda. Tanto da aparência de “lobo mau de conto da carochinha” que ele ficou parecendo, como se fosse uma produção B da Chapeuzinho Vermelho, quanto da forma como o ator se movimentava dentro da roupa, todo duro e desengonçado, que na verdade era um dançarino moderno contratado exatamente por suas técnicas de movimento. E olhe que um dos responsáveis pela criação da roupa do monstrengo foi ninguém menos que o oscarizado Carlo Rambaldi e na turma dos efeitos especiais estavam tanto Rick Baker quanto Rob Bottin, sujeitos responsáveis exatamente pelos dois filmes citados acima. Era para ser um desbunde com todo dinheiro que um figurão como Laurentiis poderia oferecer em seu orçamento de sete milhões de dólares (sete vezes mais que o filme de Joe Dante e apenas três milhões a menos que o filme de John Landis). Com relação à trama, todos os elementos característicos by Stephen King estão lá: a cidadezinha pequena, Tarker’s Mill, dois protagonistas infantis com uma relação familiar intensa, os irmãos Jane e Marty Coslaw (Megan Follows e um dos atores mirim sensação dos anos 80, Corey Haim) e certo caldo religioso na mistura toda por meio da figura do reverendo Lowe (Everett McGill), que não dá para entrar em detalhes sem entregar SPOILERS. Nas noites de lua cheia, vários moradores da cidade desaparecem e são encontrados mutilados, vítimas do ataque do terrível lobisomem. Claro que ninguém cogita que seja um lobisomem até o paraplégico de 11 anos de idade, Marty, levantar a suspeita. Seu tio boa praça, porém bêbado e sem futuro, Red (Gary Busey) adora o guri, mas também não acredita no moleque, nem quando o mesmo avista a criatura e acerta-lhe um fogo de artifício no olho. Jane, com quem vive às turras como um bom casal de irmãos, é a única que lhe dá ouvidos e sai pela cidade coletando garrafas e latas para descobrir quem é o licantropo com o ferimento no olho. A identidade do homem lobo definitivamente é uma das melhores e mais marcantes de todo o gênero. Cabe aos dois jovens e seu tio, fundirem uma bala de prata (que também é o nome que o garoto dá a sua cadeira de rodas motorizada) e enfrentar a criatura que busca vingança. Sem dúvida o ponto alto de A Hora do Lobisomem é a climática cena do ataque do monstro ao grupo de moradores revoltados que resolve fazer justiça com as próprias mãos, após a morte de um garotinho, seguido da inépcia policial em conseguir encontrar o tal “psicopata”. Muito espertos, eles partem para uma caçada no pântano à noite e um por um começa a ser dilacerado, espancado por um bastão de beisebol e trucidado pelo lobisomem que se esconde na densa névoa e não deixa nenhum dos locais para contar história. A cena é bastante climática e envolvente e funciona até por não mostrar o lobão, que não seja de relance. Agora outro ponto que atrasa um pouco o lado é a direção burocrática de Daniel Attias, que depois seguiu uma prolífica carreira de diretor de séries de TV e está aí na ativa até hoje, dirigindo episódios de séries como True Blood, Homeland e The Walking Dead. Uma curiosidade é que originalmente Don Coscarelli foi contratado para dirigir o longa, porém deixou o projeto pelas famosas “diferenças criativas” com o produtor Dino de Laurentiis. Mas A Hora do Lobisomem é um bom filme, serve ao seu propósito, transpira saudosismo, tem toda aquela pegada “Stephen King” que sempre gostamos e é um dos obrigatórios para os fãs do gênero, apesar dos apesares.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/08/09/496-a-hora-do-lobisomem-1985/

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