Direção: John
Carpenter
Roteiro: John
Carpenter
Produção: Larry J. Franco; Andre Blay, Shep Gordon (Produtores Executivos)
Elenco: Donald
Pleasence, Jameson Parker, Victor Wong, Lisa Blount, Dennis Dun, Susan
Blanchard, Anne Marie Howard, Alice Cooper
Não sei se tenho uma opinião completamente
formada sobre Príncipe das Sombras. Na real nem sei, no
alto da minha ignorância, se consegui entender todo o samba do crioulo doido
que John Carpenter enfiou em sua película. Ao mesmo tempo em que a fita é
enigmática e prende a atenção do espectador, ela se perde em um monte de
baboseiras metafísicas, religiosas e científicas que não fazem o menor nexo,
misturando na mesma receita de bolo esquisito o sobrenatural, o filho do capeta
na forma de um líquido verde, sociedades secretas dentro da Igreja, possessão
demoníaca, zumbis e viagens no tempo. Na verdade, Carpenter detestou trabalhar
para grandes estúdios, principalmente depois do resultado nada esperado de seu
filme anterior, o divertido clássico da Sessão da Tarde, Os Aventureiros do Bairro Proibido, e
resolveu tocar o rale-se e voltar para o terror independente, terreno que
conhecia muito bem. Fechando contrato com a Alive Films, em troca de total
liberdade criativa, o diretor escreveu o roteiro de Príncipe das Sombras sob o
pseudônimo de Martin Quatermass, inspirado no famoso professor britânico e
cientista de foguete, Bernard Quatermass e mandou ver na sua loucura criativa. Pois
bem, o Padre Loomis (que deve ser irmão gêmeo do Dr. Sam Loomis, vivido também
por Donald Pleasence em Halloween – A Noite do Terror) é chamado a uma
igreja para iniciar uma série de investigação após a morte de um dos párocos,
quando encontrada uma chave que dá acesso a um salão secreto com um misterioso
(e maligno) líquido verde dentro de um tanque de contenção. Na real, apertando
aqui um pouco o fast forward,
durante gerações um padre foi designado para ser o guardião do tal líquido,
membro de uma sociedade secreta chamada A Irmandade do Sono (?!). O conteúdo
desse recipiente nada mais é que O FILHO DO TINHOSO, muito bem preservado há
dois mil anos. Para tentar encontrar evidências científicas, Loomis recorre a
ajuda do Prof. Birack (Victor Wong, que também já havia trabalhado com
Carpenter em Os Aventureiros…)
que reúne seus melhores físicos, entre eles Brian Marsh (Jameson Parker),
Catherine Danforth (Lisa Bount) e Walter (Dennis Dun), junto com outros
proeminentes estudantes e professores de suas áreas, para se encalacrarem
durante o final de semana na igreja e descobrir toda a verdade sobre o líquido
verde do mal. Se a história já é bem difícil de engolir (que aquela forma
fluída verdejante é o anticristo), piora quando sem o menor sentido os mendigos
em volta da igreja (encabeçados por ninguém menos que o roqueiro Alice Cooper)
começam a virar zumbis e sitiarem os especialistas no local, além de formigas,
escaravelhos e minhocas começarem a surtar pela presença maligna. Completa o
fato de que o liquido passa a esguichar na boca da galera e possui-los, até uma
das estudantes tomar uma grande quantidade do filho do capiroto e tornar-se o
receptáculo para sua transformação material que levará o mundo à danação. Tiro
o chapéu para a maquiagem da deformação da moça, cheio de pústulas e feridas em
carne viva, sem dúvida nenhuma o ponto alto do longa. Tudo meio complicado e
sem lógica? Ainda tem mais quando nos é revelado que todo mundo que dorme ali
naquela igreja recebe em seus sonhos uma mensagem gravada em VHS vinda do ano
de 1999 (?!), mostrando um possível futuro onde uma sinistra figura de preto,
talvez o filho do coisa-ruim encarnado, está saindo da igreja para reivindicar
seu apocalipse pessoal. Também tem um eclipse iminente que está para acontecer
que só fica nisso e não é mais aprofundado. Sei lá, a meu ver, com todos esses
elementos díspares, não tinha como a história de Príncipe das Trevas funcionar. Talvez se Carpenter tivesse
optado pelo simples da possessão e dos heróis encalacrados naquela igreja
combatendo uma destruidora força das trevas, mesmo que soasse clichê, teria um
resultado mais satisfatório, simplesmente porque Carpenter SABE como fazer a
parada e nos entregar um belo suspense. A partir do momento que um monte de
explicações que, convenhamos, seriam esdrúxulas por natureza, começa a pipocar
atirando para tudo quanto é lado, o filme fica soa pretensioso e filosófico
demais. Prova cabal disso é o completo desperdício do personagem de Loomis com
sua falácia e auto lamentação constante, com aquela cara de cachorro largado na
chuva, ou mesmo a quantidade de verborreia metafísica e psedo-intelectual que o
próprio Birack ensina para seus alunos. Eu vi, revi, assisti de novo e de novo
e continuo me mantendo inócuo quanto ao Príncipe das Sombras, e logo isso faz ele se tornar um filme
mediano, esquecível, sem impacto. Carpenter estava cheio das boas intenções,
tinha uma história bombástica nas mãos, mas se perdeu em seu próprio modus operandi, uma vez que o filme
começa envolvente e termina de forma risível. Uma pena.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/10/10/541-principe-das-sombras-1987/
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