sábado, 19 de março de 2016

#520 1986 A NOITE DOS ARREPIOS (Night of the Creeps, EUA)


Direção: Fred Dekker
Roteiro: Fred Dekker
Produção: Charles Gordon; Donna Smith (Produtora Associada); Bill Finnegan (Produtor Executivo)
Elenco: Jason Lively, Steve Marshall, Jill Whitlow, Tom Atkins, Wally Taylor, Bruce Solomon, Allan Kayser

Sem dúvida nenhuma A Noite dos Arrepios é um dos meus filmes favoritos dos anos 80. Isso por conta do sempre bom e velho saudosismo de tê-lo visto na Tela Quente em uma noite de segunda-feira na Rede Globo. E caras, como eu gostei desse filme! Na minha infância ficaram gravados no fotograma da memória aqueles vermes parasitas alienígenas entrando na boca das pessoas e as transformando em zumbis. Era demais! E depois muito mais velho quando consegui assistir novamente graças às maravilhas dessa Internet de meu deus, foi quando eu realmente descobri que ele é MAIS DO CARALHO ainda e uma gigantesca homenagem ao cinema de terror. O diretor e roteirista Fred Dekker não poupou esforços para enfiar dezenas de referências em seu filme, que vão do sci-fi B dos anos 50 até os slashers oitentistas, passando por diversos easter eggs, até as situações clichês que são sacaneadas constantemente e os nomes e sobrenomes de quase todos os personagens principais. Começando que nosso herói chama-se Chris Romero (Jason Lively) e seu melhor amigo, James Carpenter Hooper (Steve Marshall). A mocinha (Jill Whitlow) é Cynthia Cronenberg, o policial durão (Tom Atkins) é Ray Cameron, há um detetive Landis, um sargento Raimi, um zelador chamado Sr. Miner. E a universidade onde eles estudam é a Corman University e o nome do gato de uma menina da fraternidade é Gordon. Até em uma cena no banheiro está pixado na parede “Go Monster Squad”, que é uma referência ao filme Deu a Louca nos Monstros, clássico absoluto da Sessão da Tarde, também dirigido por Dekker (e uma outra homenagem do diretor, desta vez aos monstros da Universal). GENIAL é pouco! No começo da fita ao melhor estilo ficção científica trash, um alienígena em fuga numa nave espacial libera uma cápsula com um perigoso experimento que vai parar na Terra no ano de 1959 (onde a fotografia é toda em preto e branco). Concomitantemente um lunático escapou com um machado de um hospício e vem fazendo jovens vítimas, quando um casal de namorados avista o objeto caindo e resolve verificar. O sujeito é infectado por um parasita cerebral extraterrestre que adentra por sua boca e a moça é cortada em pedaços pelo maníaco. Corta para o ano de 1986 e Chris e seu amigo deficiente JC estão perambulando pelo campus da Universidade na noite de iniciação das fraternidades quando bate o olho em Cynthia e apaixona-se no mesmo instante. Para tentar chamar a atenção da garota, ele e seu fiel companheiro aceitam participar de um trote para tentar ingressar na fraternidade Beta, proposto pelo platinado Brad (Allan Kayser). Ambos deveriam pegar um cadáver do laboratório de medicina e deixar na frente de outra casa, mas acabam descongelando o corpo do rapaz infectado pelos parasitas lá do começo, que ficou em estado criogênico por vinte e sete anos. Isso dá início a uma infestação das lesminhas que começam a transformar os universitários em zumbis. O policial Ray Cameron que investiga o caso foi o mesmo que lá nos anos 50 tinha uma queda pela moça morta pelo maníaco e nunca esqueceu o trauma. Mais tarde descobrimos que Ray assassinou o psicopata a sangue frio e o enterrou onde está a atual reitoria, e claro que com os vermes à solta, ele também voltará à vida com seu machado (mesmo com os vermes se alojando no cérebro das vítimas e sabe-se lá como um morto há mais de vinte anos ainda teria um, mas tudo bem). Com JC infectado, cabe ao até então boboca Chris, auxiliado por Ray, munir-se de um lança chamas e ir defender a garota de sua vida e tornar-se um badass. Dá para sacar todos os clichês do filme né? Mas isso não é nenhum demérito porque todos são tratados como humor e fica evidente a intenção de Dekker em zoar o próprio gênero. Mas o momento mais emblemático de A Noite dos Arrepios é quando todos os rapazes da fraternidade sofrem um acidente de ônibus ao irem buscar suas garotas para o baile e são transformados em zumbis. Ao chegar na casa, Ray olha pela janela e dispara a célebre frase: “tenho uma boa e uma má notícia. A boa é que seus namorados chegaram. A má é que eles estão mortos!”. CLASSE!
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
Ao assistir novamente em DVD, reparei que o final era bastante diferente daquele que tinha visto na televisão e descobri que ele teve um final alternativo. Enquanto a conclusão que eu lembrava, Chris e Cynthia se beijam após a explosão da casa da fraternidade que deu cabo das lesmas e um cachorrinho infectado sai dos arbustos, abre sua boca e uma lesma salta em direção à tela, nesta versão digital, Ray Cameron sai carbonizado do incêndio, cai no chão e sua cabeça estoura liberando vários vermes em direção ao cemitério, que é sobrevoado por uma nave espacial. Além de tudo que já escrevi, ainda cabe uma homenagem a Ed Wood com Plano 9 do Espaço Sideral sendo exibido na TV, uma ponta do ator Dick Miller, que esteve em vários filmes do Roger Corman e de Joe Dante e também a presença de Howard Berger e Greg Nicoteco como zumbis. Aliás, Berger estava na equipe de maquiagem de David B. Miller, responsável pelos efeitos visuais e design dos creeps. A Noite dos Arrepios é a cara do cinema de terror dos anos 80. Ou melhor, o “terrir” dos anos 80, em que os filmes eram mais leves, divertidos e com boa dose de humor negro e piadinhas infames. Fora toda a declarada homenagem ao gênero. Desde a primeira vez que vi, foi um filme marcante que eu tenho um carinho todo especial.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/09/12/520-a-noite-dos-arrepios-1986/

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