Direção: Fred Dekker
Roteiro: Fred Dekker
Produção: Charles Gordon; Donna Smith (Produtora Associada); Bill Finnegan
(Produtor Executivo)
Elenco: Jason Lively, Steve Marshall, Jill Whitlow,
Tom Atkins, Wally Taylor, Bruce Solomon, Allan Kayser
Sem dúvida nenhuma A Noite dos Arrepios é um dos meus filmes
favoritos dos anos 80. Isso por conta do sempre bom e velho saudosismo de tê-lo
visto na Tela Quente em uma noite de segunda-feira na Rede Globo. E caras, como
eu gostei desse filme! Na minha infância ficaram gravados no fotograma da
memória aqueles vermes parasitas alienígenas entrando na boca das pessoas e as
transformando em zumbis. Era demais! E depois muito mais velho quando consegui assistir
novamente graças às maravilhas dessa Internet de meu deus, foi quando eu
realmente descobri que ele é MAIS DO CARALHO ainda e uma gigantesca homenagem
ao cinema de terror. O diretor e roteirista Fred Dekker não poupou esforços
para enfiar dezenas de referências em seu filme, que vão do sci-fi B dos anos 50 até
os slashers oitentistas,
passando por diversos easter eggs,
até as situações clichês que são sacaneadas constantemente e os nomes e
sobrenomes de quase todos os personagens principais. Começando que nosso herói
chama-se Chris Romero (Jason Lively) e seu melhor amigo, James Carpenter Hooper
(Steve Marshall). A mocinha (Jill Whitlow) é Cynthia Cronenberg, o policial
durão (Tom Atkins) é Ray Cameron, há um detetive Landis, um sargento Raimi, um
zelador chamado Sr. Miner. E a universidade onde eles estudam é a Corman
University e o nome do gato de uma menina da fraternidade é Gordon. Até em uma
cena no banheiro está pixado na parede “Go Monster Squad”, que é uma referência
ao filme Deu a Louca nos Monstros,
clássico absoluto da Sessão da Tarde, também dirigido por Dekker (e uma outra
homenagem do diretor, desta vez aos monstros da Universal). GENIAL é pouco! No
começo da fita ao melhor estilo ficção científica trash, um alienígena em fuga numa nave espacial libera uma
cápsula com um perigoso experimento que vai parar na Terra no ano de 1959 (onde
a fotografia é toda em preto e branco). Concomitantemente um lunático escapou
com um machado de um hospício e vem fazendo jovens vítimas, quando um casal de
namorados avista o objeto caindo e resolve verificar. O sujeito é infectado por
um parasita cerebral extraterrestre que adentra por sua boca e a moça é cortada
em pedaços pelo maníaco. Corta para o ano de 1986 e Chris e seu amigo
deficiente JC estão perambulando pelo campus da Universidade na noite de
iniciação das fraternidades quando bate o olho em Cynthia e apaixona-se no
mesmo instante. Para tentar chamar a atenção da garota, ele e seu fiel
companheiro aceitam participar de um trote para tentar ingressar na
fraternidade Beta, proposto pelo platinado Brad (Allan Kayser). Ambos deveriam
pegar um cadáver do laboratório de medicina e deixar na frente de outra casa,
mas acabam descongelando o corpo do rapaz infectado pelos parasitas lá do
começo, que ficou em estado criogênico por vinte e sete anos. Isso dá início a
uma infestação das lesminhas que começam a transformar os universitários em
zumbis. O policial Ray Cameron que investiga o caso foi o mesmo que lá nos anos
50 tinha uma queda pela moça morta pelo maníaco e nunca esqueceu o trauma. Mais
tarde descobrimos que Ray assassinou o psicopata a sangue frio e o enterrou
onde está a atual reitoria, e claro que com os vermes à solta, ele também
voltará à vida com seu machado (mesmo com os vermes se alojando no cérebro das
vítimas e sabe-se lá como um morto há mais de vinte anos ainda teria um, mas
tudo bem). Com JC infectado, cabe ao até então boboca Chris, auxiliado por Ray,
munir-se de um lança chamas e ir defender a garota de sua vida e tornar-se
um badass. Dá para sacar
todos os clichês do filme né? Mas isso não é nenhum demérito porque todos são
tratados como humor e fica evidente a intenção de Dekker em zoar o próprio
gênero. Mas o momento mais emblemático de A Noite dos Arrepios é quando todos os rapazes da
fraternidade sofrem um acidente de ônibus ao irem buscar suas garotas para o
baile e são transformados em zumbis. Ao chegar na casa, Ray olha pela janela e
dispara a célebre frase: “tenho uma boa e uma má notícia. A boa é que seus
namorados chegaram. A má é que eles estão mortos!”. CLASSE!
ALERTA DE SPOILER. Pule
para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
Ao assistir novamente em DVD, reparei que o final
era bastante diferente daquele que tinha visto na televisão e descobri que ele
teve um final alternativo. Enquanto a conclusão que eu lembrava, Chris e
Cynthia se beijam após a explosão da casa da fraternidade que deu cabo das
lesmas e um cachorrinho infectado sai dos arbustos, abre sua boca e uma lesma
salta em direção à tela, nesta versão digital, Ray Cameron sai carbonizado do
incêndio, cai no chão e sua cabeça estoura liberando vários vermes em direção ao
cemitério, que é sobrevoado por uma nave espacial. Além de tudo que já escrevi,
ainda cabe uma homenagem a Ed Wood com Plano 9 do Espaço Sideral sendo exibido na TV, uma
ponta do ator Dick Miller, que esteve em vários filmes do Roger Corman e de Joe
Dante e também a presença de Howard Berger e Greg Nicoteco como zumbis. Aliás,
Berger estava na equipe de maquiagem de David B. Miller, responsável pelos
efeitos visuais e design dos creeps.
A Noite dos Arrepios é a
cara do cinema de terror dos anos 80. Ou melhor, o “terrir” dos anos 80, em que
os filmes eram mais leves, divertidos e com boa dose de humor negro e piadinhas
infames. Fora toda a declarada homenagem ao gênero. Desde a primeira vez que
vi, foi um filme marcante que eu tenho um carinho todo especial.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/09/12/520-a-noite-dos-arrepios-1986/
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