quarta-feira, 2 de março de 2016

#497 1985 A HORA DO PESADELO 2 – A VINGANÇA DE FREDDY (A Nightmare on Elm Street 2: Freddy’s Revenge, EUA)


Direção: Jack Sholder
Roteiro: David Chaskin
Produção: Robert Shaye, Sara Risher (Coprodutora), Stephen Diener e Stanley Dudelson (Produtores Executivos)
Elenco: Mark Patton, Kim Myers, Robert Rusler, Clu Gulager, Hope Langer, Marshall Bell, Robert Englund

Na moral? A Hora do Pesadelo Parte 2: A Vingança de Freddy é uma droga. Eu não sei como esse filme não enterrou a franquia. E digo mais: das continuações dos principais filmes slasher dos anos 80 (aka Sexta-Feira 13: Parte 2Halloween 2 – O Pesadelo Continua) sem dúvida nenhuma essa daqui é a pior em todos os sentidos (até porque os outros dois exemplos são bons filmes). Foi revendo-o novamente para resenhá-lo no blog que eu lembrei o porquê do dito cujo ter sido o filme que menos vi da cinesérie de Freddy Krueger. Acho que o vi pela terceira vez apenas. E olhe que da parte quatro em diante é uma bomba pior que a outra. Essa continuação consegue pegar todos os pontos positivos no original A Hora do Pesadelo de Wes Craven e cuspi-lo fora. E apesar da direção de Jack Sholder (do bom Noite de Pânico) ser fraquinha e da atuação de todos os personagens, principalmente o protagonista Jesse (Mark Patton, de um papel que foi disputado por Brad Pitt e Christian Slater e teve Michael J. Fox considerado) serem sofríveis, o pior mesmo de tudo é o roteiro, com mais buracos que um queijo suíço (adoro esse termo!). O nome do criminoso: Davis Chaskin, o roteirista. Pois bem, depois de Craven ter se recusado dirigir a sequência (ahhh Craven, porque fizestes isto com a gente), pois nunca teve a intenção de que se tornasse uma franquia e repudiar o conceito deste segundo filme (Freddy manipular o protagonista para cometer crimes, mas ainda chego lá), a New Line não tardou em ganhar mais uns trocados em cima do maníaco que ataca nos sonhos. Até aí tudo bem, não tem nada de errado nisso. Mas você viu que acabei de escrever: maníaco que ataca nos sonhos, certo? A grande derrapada (entre tantas) de A Hora de Pesadelo Parte 2: A Vingança de Freddy é justamente esquecer esse fator essencial da primeira história e que colocava suas vítimas no limiar de uma estafa mental, não se sentindo seguro nem ao dormir. Aqui começamos a testemunhar a banalização de Freddy Krueger, quando começa a tentar possuir o garoto para continuar sua matança não mais no mundo onírico, mas na vida real. Explico: Jesse muda-se para a antiga casa de Nancy Thompson, a mocinha do original, que foi levada para o sanatório depois dos fatídicos acontecidos na residência número 1428 da Rua Elm, Springwood. Só que a casa é um lugar meio que mal assombrado, com a torradeira pegando fogo sem ao menos estar ligada na tomada e um passarinho do nada ter um surto psicótico e explodir (jura mesmo?). Ah, fora que a casa é quente como o inferno. Jesse passa a ter pesadelos com uma figura com graves queimaduras, pulôver vermelho e verde, chapéu de feltro e uma luva de garras. Nosso querido Freddy Krueger. Ao arrumar seu quarto, ele e sua namoradinha Lisa (Kim Myers) descobrem o diário de Nancy que descreve em suas últimas páginas como ela trouxe o vilão do mundo dos sonhos e assim destruiu. Só que pelo jeito ele ficou por lá mesmo. Pois bem, o roteiro começa a virar uma lambança sem a menor credibilidade quando Jesse encontra a luva de garra do psycho killer(qu’est-ce que c’est) e ele passa a querer tomar o corpo do garoto para matar neguinho sem que ele precise tirar uma pestana. Aí o filme perde o rumo de vez. Primeiro porque nunca sabemos ao certo se quem realmente está cometendo os crimes é o Freddy ou Jesse. Mas o principal, a meu ver, é o fato que todos os poderes sobrenaturais e de alteração de percepção de Freddy inerentes ao fato dele estar dentro de um sonho e lá ser seu domínio etéreo, começam a se manifestar em nossa dimensão. Um exemplo disso é a patética cena do chuveiro e toda sua homofobia velada com relação ao treinador Schneider (Marshall Bell) que frequenta bares gays com roupas de couro de forma completamente estereotipada. O esportista é atacado por bolas, tacos, raquetes e o diabo ACORDADO (A-COR-DA-DO) e é arrastado até o chuveiro, amarrado por cordas de pular e antes de ser morto com dois míseros ataques de garra nas costas, recebe toalhadas na bunda. É de um mau gosto imensurável. E o que dizer então da cena onde Freddy literalmente sai de dentro de Jesse para assassinar seu amigo Grady (Robert Rusler)? Ele parte o rapaz no meio e finalmente adentra ao mundo dos vivos, tudo isso rolando sem que ninguém esteja sonhando. Mas depois está tudo bem, pois Jesse volta para a festa da piscina de Lisa numa boa, inteirão (bastante ensanguentado só). Era tudo uma alucinação? Não era? É tanta falha de continuidade e de nexo no roteiro que até dói. Mas a cereja do bolo é a vexatória cena do ataque de Freddy aos adolescentes se divertindo na pool party, onde todo mundo vê o assassino e seus poderes pirofóricos (que ele NÃO possui, exceto nas distorções da realidade dos sonhos), assim gratuitamente, destruindo todo o suspense que o personagem mantinha no original e que afetava até a sanidade de suas vítimas que questionavam sua existência. Outra cratera lunar no roteiro que vale a pena mencionar é que Freddy trabalhava em uma usina, local onde levava as criancinhas que ele sequestrava e assassinava. E quando a garra é encontrada por Jesse na fornalha que fica no porão de sua casa, somos levados a entender que o vilão morava ali. Mas espere, não eram os pais da Nancy que moravam ali e que estiveram envolvidos na vingança com as próprias mãos que transformaram Freddy em um churrasquinho ambulante? E que essa vingança levou o sujeito a atacar os sonhos dos filhos dos responsáveis pela sua morte? E para piorar, o longa não utilizou a trilha sonora original (nem de forma incidental) de Charles Bernstein e quase que Robert Enlgund não interpreta Freddy porque o muquirana do produtor Robert Shaye da New Line não queria lhe dar um aumento no cachê. É fã do horror, absolutamente nada se salva em A Hora de Pesadelo Parte 2: A Vingança de Freddy . Talvez as duas únicas coisas que se destacam seja a maquiagem ainda mais horrenda do vilão, cortesia de Kevin Yagher, que mais tarde criaria o boneco Chucky de Brinquedo Assassino e o Coveiro da série Contos da Cripta da HBO, e o início da criação da personalidade sarcástica e repleta de humor negro pela qual Krueger seria conhecido no decorrer da série. Mas é muito pouco para o calibre do icônico movie maniac, principalmente pelo potencial demonstrado no primeiro filme. Mas essa bomba faturou 30 milhões de doletas (contra um orçamento de pouco mais de dois milhões), ainda mais que o original, encheu os bolsos da New Line de grana e abriu caminho para que a cinesérie se tornasse um fenômeno pop e aquela enxurrada de sequências que conhecemos fossem produzidas.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/08/12/497-a-hora-do-pesadelo-parte-2-a-vinganca-de-freddy-1985/

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