Direção: Jack Sholder
Roteiro: David Chaskin
Produção: Robert Shaye, Sara Risher (Coprodutora),
Stephen Diener e Stanley Dudelson (Produtores Executivos)
Elenco: Mark Patton, Kim Myers, Robert Rusler, Clu
Gulager, Hope Langer, Marshall Bell, Robert Englund
Na moral? A Hora do Pesadelo Parte 2: A Vingança de Freddy é uma droga. Eu não sei
como esse filme não enterrou a franquia. E digo mais: das continuações dos
principais filmes slasher dos anos 80 (aka Sexta-Feira 13: Parte 2, Halloween 2 – O Pesadelo
Continua) sem dúvida nenhuma essa daqui é a pior em todos os
sentidos (até porque os outros dois exemplos são bons filmes). Foi revendo-o
novamente para resenhá-lo no blog que eu lembrei o porquê do dito cujo ter sido
o filme que menos vi da cinesérie de Freddy Krueger. Acho que o vi pela
terceira vez apenas. E olhe que da parte quatro em diante é uma bomba pior que
a outra. Essa continuação consegue pegar todos os pontos positivos no original A Hora
do Pesadelo de
Wes Craven e cuspi-lo fora. E apesar da direção de Jack Sholder (do bom Noite de
Pânico) ser
fraquinha e da atuação de todos os personagens, principalmente o protagonista
Jesse (Mark Patton, de um papel que foi disputado por Brad Pitt e Christian
Slater e teve Michael J. Fox considerado) serem sofríveis, o pior mesmo de tudo
é o roteiro, com mais buracos que um queijo suíço (adoro esse termo!). O nome
do criminoso: Davis Chaskin, o roteirista. Pois bem, depois de Craven ter se
recusado dirigir a sequência (ahhh Craven, porque fizestes isto com a gente),
pois nunca teve a intenção de que se tornasse uma franquia e repudiar o
conceito deste segundo filme (Freddy manipular o protagonista para cometer
crimes, mas ainda chego lá), a New Line não tardou em ganhar mais uns trocados
em cima do maníaco que ataca nos sonhos. Até aí tudo bem, não tem nada de
errado nisso. Mas você viu que acabei de escrever: maníaco que ataca nos
sonhos, certo? A grande derrapada (entre tantas) de A Hora de Pesadelo Parte 2: A Vingança de
Freddy é justamente esquecer esse fator essencial da primeira
história e que colocava suas vítimas no limiar de uma estafa mental, não se
sentindo seguro nem ao dormir. Aqui começamos a testemunhar a banalização de
Freddy Krueger, quando começa a tentar possuir o garoto para continuar sua
matança não mais no mundo onírico, mas na vida real. Explico: Jesse muda-se
para a antiga casa de Nancy Thompson, a mocinha do original, que foi levada
para o sanatório depois dos fatídicos acontecidos na residência número 1428 da
Rua Elm, Springwood. Só que a casa é um lugar meio que mal assombrado, com a
torradeira pegando fogo sem ao menos estar ligada na tomada e um passarinho do
nada ter um surto psicótico e explodir (jura mesmo?). Ah, fora que a casa é
quente como o inferno. Jesse passa a ter pesadelos com uma figura com graves
queimaduras, pulôver vermelho e verde, chapéu de feltro e uma luva de garras.
Nosso querido Freddy Krueger. Ao arrumar seu quarto, ele e sua namoradinha Lisa
(Kim Myers) descobrem o diário de Nancy que descreve em suas últimas páginas
como ela trouxe o vilão do mundo dos sonhos e assim destruiu. Só que pelo jeito
ele ficou por lá mesmo. Pois bem, o roteiro começa a virar uma lambança sem a
menor credibilidade quando Jesse encontra a luva de garra do psycho killer(qu’est-ce que c’est) e ele passa a querer tomar o corpo do
garoto para matar neguinho sem que ele precise tirar uma pestana. Aí o filme
perde o rumo de vez. Primeiro porque nunca sabemos ao certo se quem realmente
está cometendo os crimes é o Freddy ou Jesse. Mas o principal, a meu ver, é o
fato que todos os poderes sobrenaturais e de alteração de percepção de Freddy
inerentes ao fato dele estar dentro de um sonho e lá ser seu domínio etéreo,
começam a se manifestar em nossa dimensão. Um exemplo disso é a patética cena
do chuveiro e toda sua homofobia velada com relação ao treinador Schneider
(Marshall Bell) que frequenta bares gays com roupas de couro de forma
completamente estereotipada. O esportista é atacado por bolas, tacos, raquetes
e o diabo ACORDADO (A-COR-DA-DO) e é arrastado até o chuveiro, amarrado por
cordas de pular e antes de ser morto com dois míseros ataques de garra nas
costas, recebe toalhadas na bunda. É de um mau gosto imensurável. E o que dizer
então da cena onde Freddy literalmente sai de dentro de Jesse para assassinar
seu amigo Grady (Robert Rusler)? Ele parte o rapaz no meio e finalmente adentra
ao mundo dos vivos, tudo isso rolando sem que ninguém esteja sonhando. Mas
depois está tudo bem, pois Jesse volta para a festa da piscina de Lisa numa
boa, inteirão (bastante ensanguentado só). Era tudo uma alucinação? Não era? É
tanta falha de continuidade e de nexo no roteiro que até dói. Mas a cereja do
bolo é a vexatória cena do ataque de Freddy aos adolescentes se divertindo na pool party, onde todo mundo vê o
assassino e seus poderes pirofóricos (que ele NÃO possui, exceto nas distorções
da realidade dos sonhos), assim gratuitamente, destruindo todo o suspense que o
personagem mantinha no original e que afetava até a sanidade de suas vítimas
que questionavam sua existência. Outra cratera lunar no roteiro que vale a pena
mencionar é que Freddy trabalhava em uma usina, local onde levava as
criancinhas que ele sequestrava e assassinava. E quando a garra é encontrada
por Jesse na fornalha que fica no porão de sua casa, somos levados a entender
que o vilão morava ali. Mas espere, não eram os pais da Nancy que moravam ali e
que estiveram envolvidos na vingança com as próprias mãos que transformaram
Freddy em um churrasquinho ambulante? E que essa vingança levou o sujeito a
atacar os sonhos dos filhos dos responsáveis pela sua morte? E para piorar, o
longa não utilizou a trilha sonora original (nem de forma incidental) de
Charles Bernstein e quase que Robert Enlgund não interpreta Freddy porque o
muquirana do produtor Robert Shaye da New Line não queria lhe dar um aumento no
cachê. É fã do horror, absolutamente nada se salva em A Hora de Pesadelo Parte 2: A Vingança de
Freddy . Talvez as duas únicas coisas que se destacam seja a
maquiagem ainda mais horrenda do vilão, cortesia de Kevin Yagher, que mais
tarde criaria o boneco Chucky de Brinquedo
Assassino e o Coveiro da série Contos da Cripta da HBO, e o início da criação da
personalidade sarcástica e repleta de humor negro pela qual Krueger seria
conhecido no decorrer da série. Mas é muito pouco para o calibre do icônico movie maniac, principalmente pelo
potencial demonstrado no primeiro filme. Mas essa bomba faturou 30 milhões de
doletas (contra um orçamento de pouco mais de dois milhões), ainda mais que o
original, encheu os bolsos da New Line de grana e abriu caminho para que a
cinesérie se tornasse um fenômeno pop e aquela enxurrada de sequências que
conhecemos fossem produzidas.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/08/12/497-a-hora-do-pesadelo-parte-2-a-vinganca-de-freddy-1985/
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