domingo, 6 de março de 2016

#505 1986 A CASA DO ESPANTO (House, EUA)


Direção: Steve Miner
Roteiro: Ethan Wiley, Fred Dekker (história)
Produção: Sean S. Cunningham, Patrick Markey (Produtor Associado), Roger Corman (Produtor Executivo – não creditado)
Elenco: William Katt, George Wendt, Richard Moll, Kay Lenz, Mary Stavin, Michael Ensign

É muita vergonha alheia gostar de A Casa do Espanto. Mas acontece que este é mais um daqueles típicos casos de filmes que falam mais por conta do saudosismo da infância nos anos 80 do que por qualquer mérito técnico ou artístico. Dirigido por Steve Miner e produzido por Sean S. Cunninghan, ambos oriundos dos primórdios da série Sexta-Feira 13 e com a história de Fred Dekker (diretor de A Noite dos Arrepios, simplesmente um dos meus filmes PREFERIDOS dos anos 80), o longa se encaixa na perfeita definição do “terrir”, muito comum em alguns filmes de terror daquela década.
Trasheira da brava, envelheceu mal e quase toda a fita se mostra constrangedora, exceto por alguns poucos momentos que se preze, entre elas a excelente maquiagem do “zumbi” soldado Big Ben (Richard Moll), cortesia de Barney Burman que ganharia um Oscar pelo novo Star Trek em 2009 e Brian Wade, e algumas pirações sobre passagens extradimensionais localizadas na tal casa em certos pontos específicos do imóvel, ao melhor estilo Lovecraft. Casa essa que é “mal assombrada”, assim entre aspas porque não é daquela forma tradicional do gênero. No começo os desavisados podem até imaginar que o filme seguirá por esse caminho, pois um entregador encontra uma velha senhora morta, enforcada em um dos quartos. A senhora em questão é a tia do escritor de livros de terror, Roger Cobb, interpretado por William Katt, famoso nos anos 80 por protagonizar a série de TV, Super-Herói Americano. O sujeito vem passando por maus bocados desde que seu filho misteriosamente desapareceu na própria casa. O seu casamento com a bela atriz Sandy Sinclair (Kay Lenz) terminou e ele passa por um bloqueio criativo para escrever seu próximo livro, pressionado por editor e fãs. Como se não bastasse, Cobb sofre de estresse pós-traumático por ter servido no Vietnã e sempre volta a sonhar com os combates na selva e com Big Ben agindo de forma tempestuosa, até ser capturado pelos vietcongues e torturado, deixado para trás pelo escritor enquanto implora pela morte. Como ele ganhou de herança a casa, e passou sua infância por lá, resolve se mudar para tentar finalizar seu livro sobre os dramas e horrores pessoais que viveu no sudeste asiático. Não demora a coisas estranhas e fenômenos paranormais começarem a aterrorizá-lo na casa, como ver a velha tia enforcada, seu filho desaparecido chamando na janela, um peixe espada empalhado ganhando vida, um monstro macabro que sai do armário pontualmente à meia-noite e até sua esposa ter se transformado em um horrendo monstrengo gordo, ou melhor, um bonecão de uma tosquíssima fantasia de látex. Toda aquela situação inverossímil arquitetada pela casa culmina em uma viagem no tempo/espaço onde o próprio zumbi de Big Ben volta para se vingar. Além dos problemas sobrenaturais, Cobb ainda tem de aguentar o bonachão e intrometido vizinho Harold Gorton (George Wendt, também oriundo dos seriados, dessa vez a sitcom Cheers) e a vizinha gostosona Tany (Mary Stavin) que primeiro parece dar pinta para o escritor, mas depois só quer usá-lo como babá cuidando do seu filho enquanto tem um compromisso (o moleque de mullets é o próprio filho do diretor Steve Miner). Agora o maior problema de A Casa do Espanto, apesar de ser cheio de problemas, mas que o torna simpático e querido (ainda mais se você estiver na casa dos 30), e de uma trilha sonora oitentista completamente inadequada, é o seu final. Apesar de todos os furos gigantescos do roteiro e as baboseiras que até relevamos, principalmente por ele nunca tentar se levar a sério efetivamente, aquele finalzinho safado, mela cueca e totalmente feliz, não dá para engolir. A Casa do Espanto é o retrato de um período muito específico do cinema de terror, que foi invadido por esse tipo de produção despretensiosa e engraçadinha, que é na verdade um entretenimento válido. Fez uma boa grana de bilheteria para a New World Pictures de Roger Corman (faturou 19 milhões de dólares nos EUA contra três milhões gastos) e inevitavelmente ganhou outras três continuações, que nem valem menção.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/08/22/505-a-casa-do-espanto-1986/

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