Direção: Steve
Miner
Roteiro: Ethan Wiley, Fred Dekker (história)
Produção: Sean
S. Cunningham, Patrick Markey (Produtor Associado), Roger Corman (Produtor
Executivo – não creditado)
Elenco: William Katt, George Wendt, Richard Moll,
Kay Lenz, Mary Stavin, Michael Ensign
É muita vergonha alheia gostar de A Casa do Espanto. Mas acontece que este é mais um daqueles típicos
casos de filmes que falam mais por conta do saudosismo da infância nos anos 80 do
que por qualquer mérito técnico ou artístico. Dirigido por Steve Miner e
produzido por Sean S. Cunninghan, ambos oriundos dos primórdios da série Sexta-Feira 13 e com a história de Fred
Dekker (diretor de A Noite dos Arrepios, simplesmente um dos meus
filmes PREFERIDOS dos anos 80), o longa se encaixa na perfeita definição do
“terrir”, muito comum em alguns filmes de terror daquela década.
Trasheira da brava, envelheceu mal e quase toda a
fita se mostra constrangedora, exceto por alguns poucos momentos que se preze,
entre elas a excelente maquiagem do “zumbi” soldado Big Ben (Richard Moll),
cortesia de Barney Burman que ganharia um Oscar pelo novo Star
Trek em 2009 e Brian Wade, e algumas pirações sobre passagens
extradimensionais localizadas na tal casa em certos pontos específicos do
imóvel, ao melhor estilo Lovecraft. Casa essa que é “mal assombrada”, assim
entre aspas porque não é daquela forma tradicional do gênero. No começo os
desavisados podem até imaginar que o filme seguirá por esse caminho, pois um
entregador encontra uma velha senhora morta, enforcada em um dos quartos. A
senhora em questão é a tia do escritor de livros de terror, Roger Cobb,
interpretado por William Katt, famoso nos anos 80 por protagonizar a série de
TV, Super-Herói Americano. O sujeito vem passando por maus bocados
desde que seu filho misteriosamente desapareceu na própria casa. O seu
casamento com a bela atriz Sandy Sinclair (Kay Lenz) terminou e ele passa por
um bloqueio criativo para escrever seu próximo livro, pressionado por editor e
fãs. Como se não bastasse, Cobb sofre de estresse pós-traumático por ter
servido no Vietnã e sempre volta a sonhar com os combates na selva e com Big
Ben agindo de forma tempestuosa, até ser capturado pelos vietcongues e
torturado, deixado para trás pelo escritor enquanto implora pela morte. Como
ele ganhou de herança a casa, e passou sua infância por lá, resolve se mudar
para tentar finalizar seu livro sobre os dramas e horrores pessoais que viveu
no sudeste asiático. Não demora a coisas estranhas e fenômenos paranormais
começarem a aterrorizá-lo na casa, como ver a velha tia enforcada, seu filho
desaparecido chamando na janela, um peixe espada empalhado ganhando vida, um
monstro macabro que sai do armário pontualmente à meia-noite e até sua esposa
ter se transformado em um horrendo monstrengo gordo, ou melhor, um bonecão de
uma tosquíssima fantasia de látex. Toda aquela situação inverossímil
arquitetada pela casa culmina em uma viagem no tempo/espaço onde o próprio
zumbi de Big Ben volta para se vingar. Além dos problemas sobrenaturais, Cobb
ainda tem de aguentar o bonachão e intrometido vizinho Harold Gorton (George
Wendt, também oriundo dos seriados, dessa vez a sitcom Cheers) e a
vizinha gostosona Tany (Mary Stavin) que primeiro parece dar pinta para o
escritor, mas depois só quer usá-lo como babá cuidando do seu filho enquanto
tem um compromisso (o moleque de mullets é
o próprio filho do diretor Steve Miner). Agora o maior problema de A
Casa do Espanto, apesar de ser cheio de problemas, mas que o torna
simpático e querido (ainda mais se você estiver na casa dos 30), e de uma
trilha sonora oitentista completamente inadequada, é o seu final. Apesar de
todos os furos gigantescos do roteiro e as baboseiras que até relevamos,
principalmente por ele nunca tentar se levar a sério efetivamente, aquele
finalzinho safado, mela cueca e totalmente feliz, não dá para engolir. A
Casa do Espanto é o retrato de um período muito específico do cinema
de terror, que foi invadido por esse tipo de produção despretensiosa e
engraçadinha, que é na verdade um entretenimento válido. Fez uma boa grana de
bilheteria para a New World Pictures de Roger Corman (faturou 19 milhões de
dólares nos EUA contra três milhões gastos) e inevitavelmente ganhou outras
três continuações, que nem valem menção.
FONTE:
https://101horrormovies.com/2014/08/22/505-a-casa-do-espanto-1986/
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