Direção: Brian Gibson
Roteiro: Michael
Grais, Mark Victor
Produção: Michael
Grais, Mark Victor; Lynn Arost (Produtor Associado); Freddie Fields (Executive Producer)
Elenco: Jobeth
Williams, Craig T. Nelson, Heather O’Rourke, Oliver Robbins, Zelda Rubinstein,
Will Sampson, Julian Beck
“Eles voltaram”, diz a pequena Carol Anne Freeling,
alterando sua própria e emblemática frase “eles estão aqui” dita em Poltergeist – O Fenômeno. Mas vamos lá, eu já não sou nem
um pouco fã do primeiro filme (infantilizado e exagerado nos efeitos especiais
e aquele clima insuportável muito mais Spielberg que Tobe Hooper) e o que então
eu poderia gostar em Poltergeist II – O Outro Lado? A resposta é: nada! Primeiro
pelo simples fato de se tratar de mais uma daquelas continuações extremamente
caça-níqueis feita exatamente para os produtores (dessa vez sem Spielberg
envolvido) faturar uma grana, recauchutando situações para os espectadores
incautos que gostariam de mais uma vez fazer parte da vida daquela família que
passou um perrengue do além. Só que esses espectadores foram miseravelmente
enganados por conta de um roteiro ridículo (escrito a quatro mãos por Michael
Grais e Mark Victor) que resolve ignorar completamente o clima sobrenatural de
espíritos zombeteiros que assombravam a casa de uma família construída em cima
de um cemitério. Vários elementos do original são jogados no lixo em prol da
continuação, em prol de uma explicação (mas você ter construído todo um
condomínio em cima de um cemitério já não é uma baita de uma explicação?), em
prol do sensacionalismo de uma tal “Besta” que é uma força sobrenatural
poderosíssima que quer se apossar de uma “menininha loira” descendente de toda
uma família mediúnica que se revela nessa sequência (e detalhe que a personagem
de Jobeth Williams, Diane, que uma adulta casada mãe de três filhos NUNCA em
toda sua vida – ou pelo menos no primeiro filme, vai – se mostrou com essas
habilidades pós-cognitivas). Logo no começo de Poltergeist II – O Outro
Lado, a médium Tangina “A Casa está Limpa” Barrons (Zelda Rubinstein) junto do
nativo americano Taylor (William Sampson) descobre que embaixo da antiga
piscina dos Freeling no condomínio de Cuesta Verde não tinha só um antigo
cemitério, mas sim um bando de esqueletos de colonos que seguiam um evangelista
macabro chamado Kane (Julian Beck) onde todo mundo se suicidou em uma caverna
subterrânea, e esse Kane era a tal “Besta” em pessoa, ou espírito. O patriarca
Steve (Craig T. Nelson) tente reerguer a família vivendo com a esposa Diane e
os filhos Carol Anne (Heather O’Rourke) e Robbie (Oliver Robins) na casa da
sogra, Jess (Geraldine Fitzgerald), sem nenhum sinal da filha mais velha Dana
(personagem de Dominique Dunne, que foi assassinada pelo namorado logo depois
das filmagens do primeiro filme, entrando aí na famigerada “Maldição de
Poltergeist”, mas até aí não fizeram questão de sequer inventar – ou mencionar,
como constava no roteiro – de que ela estivesse na faculdade e dá a
entender que os Freeling só tiverem dois filhos). Quando eles se deparam com a
materialização de Kane (onde um dos poucos pontos positivos do filme é a
atuação verdadeiramente assustadora de Beck – que morreria durante as gravações
de câncer no estômago – mais uma pra conta da “Maldição”) que quer roubar o
espírito de Carol Anne para fazer suas maldades e voltar à vida. Taylor aparece
na casa e tenta ajudar a exorcizar o espírito com seus conhecimentos xamãs,
assim como Tangina, que avisa que eles só derrotarão o mal derradeiro caso
mantenham-se unidos e amando-se como uma família, e voltarem para Cuesta Verde
para um embate espiritual final (que se resume a toda a família entrar no plano
espectral através de uma fogueira acesa por Taylor em uma cena das mais
vergonhosas e patéticas do gênero, digna de filme trash com orçamento
grande). Se tem algo que poderia ter sido aproveitado na fita é essa história
do espírito começar a desestabilizar os Freeling, criando um desgaste no
relacionamento de “Família Doriana” para poder se fortalecer e tomar a menina.
Steve é o escolhido, até por conta de um recente problema com alcoolismo para
ser esse elo de ruptura, e em uma cena em que vemos o potencial dramático
desperdiçado, o pai e marido toma o verme de uma tequila, é possuído por Kane e
tenta estuprar a esposa. Terminando abruptamente de forma canhestra, Steve
vomita o verme (em uma cena de efeitos especiais bacana, vai) que se transforma
em uma criatura disforme com as feições de Kane. Aliás, parece
que Poltergeist II – O Outro Lado foi todo construído para o abuso
dos efeitos especiais (que até foi indicado ao Oscar), que mesmo que datados
por se tratar dos anos 80, continuam sendo um ponto a favor (exceto a pífia
cena do garoto enrolado pelos arames do seu aparelho e a batalha final no plano
astral). Até H.R. Giger, criador do visual de Alien – O Oitavo Passageiro foi contratado para
desenvolver o design de produção e dos efeitos visuais, mas apenas dois foram
usados e o suíço ainda ficou puto com o resultado final. Agora história que é
bom e o que realmente torna um filme interessante, NADA! Poltergeist II – O
Outro Lado faturou ainda 40 milhões de dólares nas bilheterias americanas
(mas gastou outros tantos 20 milhões para fazer essa porcaria) e abriu caminho
para a terceira parte. A franquia só não continuou por conta da trágica e
repentina morte de O’Rourke, mais uma vítima da “Maldição de Poltergeist”.
Olhe, acredito piamente que a maldição seja fazer essas sequências de
baixíssima qualidade e nós assistirmos, isso sim.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/09/13/521-poltergeist-ii-o-outro-lado-1986/
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