terça-feira, 22 de março de 2016

#521 1986 POLTERGEIST 2 (Poltergeist II: The Other Side, EUA)


Direção: Brian Gibson
Roteiro: Michael Grais, Mark Victor
Produção: Michael Grais, Mark Victor; Lynn Arost (Produtor Associado); Freddie Fields (Executive Producer)
Elenco: Jobeth Williams, Craig T. Nelson, Heather O’Rourke, Oliver Robbins, Zelda Rubinstein, Will Sampson, Julian Beck

“Eles voltaram”, diz a pequena Carol Anne Freeling, alterando sua própria e emblemática frase “eles estão aqui” dita em Poltergeist – O Fenômeno. Mas vamos lá, eu já não sou nem um pouco fã do primeiro filme (infantilizado e exagerado nos efeitos especiais e aquele clima insuportável muito mais Spielberg que Tobe Hooper) e o que então eu poderia gostar em Poltergeist II – O Outro Lado? A resposta é: nada! Primeiro pelo simples fato de se tratar de mais uma daquelas continuações extremamente caça-níqueis feita exatamente para os produtores (dessa vez sem Spielberg envolvido) faturar uma grana, recauchutando situações para os espectadores incautos que gostariam de mais uma vez fazer parte da vida daquela família que passou um perrengue do além. Só que esses espectadores foram miseravelmente enganados por conta de um roteiro ridículo (escrito a quatro mãos por Michael Grais e Mark Victor) que resolve ignorar completamente o clima sobrenatural de espíritos zombeteiros que assombravam a casa de uma família construída em cima de um cemitério. Vários elementos do original são jogados no lixo em prol da continuação, em prol de uma explicação (mas você ter construído todo um condomínio em cima de um cemitério já não é uma baita de uma explicação?), em prol do sensacionalismo de uma tal “Besta” que é uma força sobrenatural poderosíssima que quer se apossar de uma “menininha loira” descendente de toda uma família mediúnica que se revela nessa sequência (e detalhe que a personagem de Jobeth Williams, Diane, que uma adulta casada mãe de três filhos NUNCA em toda sua vida – ou pelo menos no primeiro filme, vai – se mostrou com essas habilidades pós-cognitivas). Logo no começo de Poltergeist II – O Outro Lado, a médium Tangina “A Casa está Limpa” Barrons (Zelda Rubinstein) junto do nativo americano Taylor (William Sampson) descobre que embaixo da antiga piscina dos Freeling no condomínio de Cuesta Verde não tinha só um antigo cemitério, mas sim um bando de esqueletos de colonos que seguiam um evangelista macabro chamado Kane (Julian Beck) onde todo mundo se suicidou em uma caverna subterrânea, e esse Kane era a tal “Besta” em pessoa, ou espírito. O patriarca Steve (Craig T. Nelson) tente reerguer a família vivendo com a esposa Diane e os filhos Carol Anne (Heather O’Rourke) e Robbie (Oliver Robins) na casa da sogra, Jess (Geraldine Fitzgerald), sem nenhum sinal da filha mais velha Dana (personagem de Dominique Dunne, que foi assassinada pelo namorado logo depois das filmagens do primeiro filme, entrando aí na famigerada “Maldição de Poltergeist”, mas até aí não fizeram questão de sequer inventar – ou mencionar, como constava no roteiro –  de que ela estivesse na faculdade e dá a entender que os Freeling só tiverem dois filhos). Quando eles se deparam com a materialização de Kane (onde um dos poucos pontos positivos do filme é a atuação verdadeiramente assustadora de Beck – que morreria durante as gravações de câncer no estômago – mais uma pra conta da “Maldição”) que quer roubar o espírito de Carol Anne para fazer suas maldades e voltar à vida. Taylor aparece na casa e tenta ajudar a exorcizar o espírito com seus conhecimentos xamãs, assim como Tangina, que avisa que eles só derrotarão o mal derradeiro caso mantenham-se unidos e amando-se como uma família, e voltarem para Cuesta Verde para um embate espiritual final (que se resume a toda a família entrar no plano espectral através de uma fogueira acesa por Taylor em uma cena das mais vergonhosas e patéticas do gênero, digna de filme trash com orçamento grande). Se tem algo que poderia ter sido aproveitado na fita é essa história do espírito começar a desestabilizar os Freeling, criando um desgaste no relacionamento de “Família Doriana” para poder se fortalecer e tomar a menina. Steve é o escolhido, até por conta de um recente problema com alcoolismo para ser esse elo de ruptura, e em uma cena em que vemos o potencial dramático desperdiçado, o pai e marido toma o verme de uma tequila, é possuído por Kane e tenta estuprar a esposa. Terminando abruptamente de forma canhestra, Steve vomita o verme (em uma cena de efeitos especiais bacana, vai) que se transforma em uma criatura disforme com as feições de Kane. Aliás, parece que Poltergeist II – O Outro Lado foi todo construído para o abuso dos efeitos especiais (que até foi indicado ao Oscar), que mesmo que datados por se tratar dos anos 80, continuam sendo um ponto a favor (exceto a pífia cena do garoto enrolado pelos arames do seu aparelho e a batalha final no plano astral). Até H.R. Giger, criador do visual de Alien – O Oitavo Passageiro foi contratado para desenvolver o design de produção e dos efeitos visuais, mas apenas dois foram usados e o suíço ainda ficou puto com o resultado final. Agora história que é bom e o que realmente torna um filme interessante, NADA! Poltergeist II – O Outro Lado faturou ainda 40 milhões de dólares nas bilheterias americanas (mas gastou outros tantos 20 milhões para fazer essa porcaria) e abriu caminho para a terceira parte. A franquia só não continuou por conta da trágica e repentina morte de O’Rourke, mais uma vítima da “Maldição de Poltergeist”. Olhe, acredito piamente que a maldição seja fazer essas sequências de baixíssima qualidade e nós assistirmos, isso sim.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/09/13/521-poltergeist-ii-o-outro-lado-1986/

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