sexta-feira, 25 de março de 2016

#533 1987 HELLRAISER RENASCIDO DO INFERNO (Hellraiser, Reino Unido)


Direção: Clive Barker
Roteiro: Clive Barker
Produção: Christopher Figg, Selwyn Roberts (Produtor Associado), Mark Armstrong, Davis Saunders e Christopher Webster (Produtores Executivos)
Elenco: Andrew Robinson, Clare Higgins, Ashley Laurence, Sean Chapman, Doug Bradley

Os anos 80 realmente foram muito significativos para o cinema de terror. Algumas excelentes produções foram feitas nessa década e serviu para colocar personagens que ficariam marcados para sempre na história do gênero e seriam venerados pelos fãs, como o caso de Jason Voohrees de Sexta-Feira 13 e Freddy Krueger de A Hora do Pesadelo, juntando-se aos setentistas Michael Myers de Halloween e Leatherface de O Massacre da Serra Elétrica. Outro desses personagens que também se tornaria um ícone é Pinhead, de Hellraiser – Renascido do Inferno, de Clive Barker. Hellraiser é baseado no conto “Hellbound Heart” escrito por Barker, parte da coletânea chamada “Livros de Sangue”, que chamou a atenção de ninguém menos que Stephen King, que escreveu a seguinte resenha: “Eu vi o futuro da ficção de horror, e seu nome é Clive Barker”. Com um marketing espontâneo como esse, Barker estava pronto para transportá-lo para as telas, em um filme que ele mesmo dirigiu, deixando a história ainda mais sádica e repleta de elementos gore. Na verdade o título original da película deveria ser homônimo ao conto, mas vetado pelos executivos do estúdio por parecer-se com um romance. O fanfarrão Barker sugeriu algumas outras pérolas como “Sadomasoquistas do Além Túmulo” ou “O que uma mulher faz por uma boa foda”, em tradução literal, obviamente mais vetados ainda. Frank Cotton (Sean Chapman) é um hedonista aventureiro sexual que quer de qualquer forma descobrir novas formas de prazer que o satisfaça. Nessa busca incessante ele acaba se deparando com um artefato mágico, uma espécie de cubo que abre portais dimensionais que o leva até um universo fantástico repleto de criaturas masoquistas conhecidas como Cenobitas, que o destroçam e o aprisionam numa realidade paralela localizada no sótão da antiga casa dos seus pais, fazendo com que viva sensações onde a dor e o prazer são inseparáveis, por toda a eternidade. Um parêntese sobre o cubo, que se tornaria um dos mais famosos gadgets do cinema de terror, é que seu conceito de portal para o inferno tem base na lenda urbana chamada “The Devil’s Toy Box” (ou a caixa de brinquedo do Diabo), um cubo de seis lados construído de espelhos virados para dentro. Segundo a lenda, você fica lá sentado na frente do cubo, que irá acionar um loop de energia e com o tempo você ouvirá barulhos estranhos vindo de seu interior, como rosnados, e poderá visualizar imagens bizarras refletidas no espelho. Voltando a trama, o irmão de Frank, Larry (Andrew Robbins), um sujeito que é um verdadeiro bundão, resolve se mudar para a antiga casa junto com sua esposa frígida e entediada, Julia (Clare Higgins). Só que a casa começa a trazer várias lembranças a Julia, que colocava um belo par de chifres em Larry tendo um selvagem caso sexual com Frank. No dia da mudança, Larry machuca a mão em um prego e perde uma boa quantidade de sangue no chão do sótão, o suficiente para que Frank comece a materializar seu corpo novamente, após enganar os Cenobitas e conseguir fugir do seu encalço. Julia então resolve ajudar o antigo amante voltar à vida novamente, providenciando outras vítimas que ela seduz e leva para casa, e assim vai o alimentando. Porém a filha de Larry, Kristy (Ashley Lawrence), que já não se dá nem um pouco bem com a madrasta, descobre o plano e encontra o cubo, libertando os Cenobitas que vem atrás de sua alma. Dedando que o tio havia fugido deles, e nunca ninguém fizera isso antes, Kristy convence as criaturas de que irá leva-los até ele, para recuperarem o fujão. Hellraiser – Renascido do Inferno é um clássico moderno do gênero, e um dos melhores filmes dos anos 80, sem dúvida, além de ser totalmente inovador, fugir do “terrir” insuportável da década, e apresentar o conceito dos Cenobitas, criaturas que vivem em uma dimensão paralela, todos marcados por profundos cortes, roupas pretas e instrumentos de dor e tortura ligados em seu corpo, como é o caso de Pinhead (eterno Doug Bradley) com os pregos espetados por todo seu rosto. E falando em Pinhead, o personagem se transformou em um ícone do horror desde sua primeira fala quando aparece para Kristy, dizendo que eles são exploradores das regiões profundas da experiência. Demônios para uns, e anjos para outros. Sinistro! Barker acerta muito a mão tanto na direção quanto na história, e abusa de momentos gráficos repleto de sangue, nojeira e violência ainda que para escapar do MPAA, diversas cenas tiveram de ser retiradas para evitar cair na nefasta agenda de tom do órgão regulador: uma cena de marteladas consecutivas, dedos entrando na carne, sexo S&M com espancamento praticado por Julia e Frank, estocadas durante a cena de sexo, e por aí vai. Outro ponto alto é a transformação de Frank, graças ao excelente trabalho de maquiagem. Maquiagem essa que também chama bastante atenção na caracterização dos Cenobitas. A única derrapada foi nos efeitos especiais do final da fita, quando o orçamento pífio de um milhão já havia ido para o espaço e Barker e um “cara grego” animaram essas cenas à mão, bêbados, durante um final de semana. Hellraiser – Renascido do Inferno depois deu origem a uma extensa franquia, com outras nove continuações até então, sendo que Doug Bradley interpretou Pinhead em todas elas, exceto o mais recente, Hellraiser – Revelações de 2011. Quanto a cinesérie, vale parafrasear o cabeça de chester: “bons para um, uma porcaria para outros”.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/09/30/533-hellraiser-renascido-do-inferno-1987/

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