Direção: Clive
Barker
Roteiro: Clive
Barker
Produção: Christopher
Figg, Selwyn Roberts (Produtor Associado), Mark Armstrong, Davis Saunders e
Christopher Webster (Produtores Executivos)
Elenco: Andrew
Robinson, Clare Higgins, Ashley Laurence, Sean Chapman, Doug Bradley
Os anos 80 realmente foram muito
significativos para o cinema de terror. Algumas excelentes produções foram
feitas nessa década e serviu para colocar personagens que ficariam marcados
para sempre na história do gênero e seriam venerados pelos fãs, como o caso de
Jason Voohrees de Sexta-Feira 13 e
Freddy Krueger de A Hora do Pesadelo,
juntando-se aos setentistas Michael Myers de Halloween e
Leatherface de O Massacre da
Serra Elétrica. Outro desses personagens que também se tornaria um
ícone é Pinhead, de Hellraiser – Renascido do Inferno, de Clive Barker. Hellraiser é
baseado no conto “Hellbound Heart” escrito por Barker, parte da coletânea chamada
“Livros de Sangue”, que chamou a atenção de ninguém menos que Stephen King, que
escreveu a seguinte resenha: “Eu vi o futuro da ficção de horror, e seu nome é
Clive Barker”. Com um marketing espontâneo como esse, Barker estava pronto para
transportá-lo para as telas, em um filme que ele mesmo dirigiu, deixando a
história ainda mais sádica e repleta de elementos gore. Na verdade o
título original da película deveria ser homônimo ao conto, mas vetado pelos
executivos do estúdio por parecer-se com um romance. O fanfarrão Barker sugeriu
algumas outras pérolas como “Sadomasoquistas do Além Túmulo” ou “O que uma
mulher faz por uma boa foda”, em tradução literal, obviamente mais vetados
ainda. Frank Cotton (Sean Chapman) é um hedonista aventureiro sexual que quer
de qualquer forma descobrir novas formas de prazer que o satisfaça. Nessa busca
incessante ele acaba se deparando com um artefato mágico, uma espécie de cubo
que abre portais dimensionais que o leva até um universo fantástico repleto de
criaturas masoquistas conhecidas como Cenobitas, que o destroçam e o aprisionam
numa realidade paralela localizada no sótão da antiga casa dos seus pais,
fazendo com que viva sensações onde a dor e o prazer são inseparáveis, por toda
a eternidade. Um parêntese sobre o cubo, que se tornaria um dos mais famosos gadgets do
cinema de terror, é que seu conceito de portal para o inferno tem base na lenda
urbana chamada “The Devil’s Toy Box” (ou a caixa de brinquedo do Diabo), um
cubo de seis lados construído de espelhos virados para dentro. Segundo a lenda,
você fica lá sentado na frente do cubo, que irá acionar um loop de
energia e com o tempo você ouvirá barulhos estranhos vindo de seu
interior, como rosnados, e poderá visualizar imagens bizarras refletidas
no espelho. Voltando a trama, o irmão de Frank, Larry (Andrew Robbins), um
sujeito que é um verdadeiro bundão, resolve se mudar para a antiga casa junto
com sua esposa frígida e entediada, Julia (Clare Higgins). Só que a casa começa
a trazer várias lembranças a Julia, que colocava um belo par de chifres em
Larry tendo um selvagem caso sexual com Frank. No dia da mudança, Larry machuca
a mão em um prego e perde uma boa quantidade de sangue no chão do sótão, o
suficiente para que Frank comece a materializar seu corpo novamente, após
enganar os Cenobitas e conseguir fugir do seu encalço. Julia então resolve
ajudar o antigo amante voltar à vida novamente, providenciando outras vítimas
que ela seduz e leva para casa, e assim vai o alimentando. Porém a filha de
Larry, Kristy (Ashley Lawrence), que já não se dá nem um pouco bem com a
madrasta, descobre o plano e encontra o cubo, libertando os Cenobitas que vem
atrás de sua alma. Dedando que o tio havia fugido deles, e nunca ninguém fizera
isso antes, Kristy convence as criaturas de que irá leva-los até ele, para
recuperarem o fujão. Hellraiser – Renascido do Inferno é um clássico
moderno do gênero, e um dos melhores filmes dos anos 80, sem dúvida, além de
ser totalmente inovador, fugir do “terrir” insuportável da década, e
apresentar o conceito dos Cenobitas, criaturas que vivem em uma dimensão
paralela, todos marcados por profundos cortes, roupas pretas e instrumentos de
dor e tortura ligados em seu corpo, como é o caso de Pinhead (eterno Doug
Bradley) com os pregos espetados por todo seu rosto. E falando em Pinhead, o
personagem se transformou em um ícone do horror desde sua primeira fala quando
aparece para Kristy, dizendo que eles são exploradores das regiões profundas da
experiência. Demônios para uns, e anjos para outros. Sinistro! Barker acerta
muito a mão tanto na direção quanto na história, e abusa de momentos gráficos
repleto de sangue, nojeira e violência ainda que para escapar do MPAA, diversas
cenas tiveram de ser retiradas para evitar cair na nefasta agenda de tom do
órgão regulador: uma cena de marteladas consecutivas, dedos entrando na carne,
sexo S&M com espancamento praticado por Julia e Frank, estocadas durante a
cena de sexo, e por aí vai. Outro ponto alto é a transformação de Frank, graças
ao excelente trabalho de maquiagem. Maquiagem essa que também chama bastante
atenção na caracterização dos Cenobitas. A única derrapada foi nos efeitos
especiais do final da fita, quando o orçamento pífio de um milhão já havia ido
para o espaço e Barker e um “cara grego” animaram essas cenas à mão, bêbados,
durante um final de semana. Hellraiser – Renascido do Inferno depois deu
origem a uma extensa franquia, com outras nove continuações até então, sendo
que Doug Bradley interpretou Pinhead em todas elas, exceto o mais recente, Hellraiser
– Revelações de 2011. Quanto a cinesérie, vale parafrasear o cabeça de
chester: “bons para um, uma porcaria para outros”.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/09/30/533-hellraiser-renascido-do-inferno-1987/
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