Direção: Tobe Hooper
Roteiro:Dan
O’Bannon e Don Jakoby, Michael Armstrong e Olaf Pooley (não creditados)
(baseado no livro de Colin Wilson)
Produção: Yoram Globus e Menahem Golan, Michael J. Kagan (Produtor Associado)
Elenco: Steve
Railsback, Peter Firth, Frank Finlay, Mathilda May, Patrick Stewart, Michael
Gothard
Talvez eu gere
polêmica com esse post, mas eu pelo menos sou um cara sincero. Eu acho Força Sinistra uma
grade porcaria. Calma, antes de me atacar pedras, vociferar impropérios contra
a minha pessoa e jurar nunca mais entrar nesse blog, quero expor minha opinião
desde o começo. Claro que a primeira vez que vi Força Sinistra foi durante a infância/pré-adolescência nas
infinitas reprises exibidas no Domingo Maior nas noites de domingo da Rede
Globo. Claro que a definição que eu, representante do sexo masculino, e talvez
de TODOS da minha geração, dei para Força
Sinistra foi “aquele da mina gostosa que fica pelada o
filme inteiro”. Mas, além disso, da fantasia púbere com aquela
morena perfeita (e ela continua PERFEITA no filme, excitante sem ser vulgar com
sua estranheza peculiar) achei um filme impressionante, que realmente marcou
época com a cena daquelas pessoas secando (fato que os efeitos especiais também
ainda hoje são interessantes, cortesia da equipe do excelente John Dykstra), o
conceito de vampiros espaciais que sugam a força vital das pessoas e por aí
vai. Era um filme ótimo, poxa vida. Pois bem, você já assistiu Força Sinistra novamente depois
de velho, certo? E você jura que sua opinião continua a mesma? Sabe aquele
filme que perde completamente a mágica quando você desenvolve um pouco mais
(pouquinha coisa) de senso crítico do que você tinha na sua juventude? Foi esse
o triste caso. Hoje em dia acho patético, sério. Tirando os efeitos especiais,
impressionantes para a época, um pouquinho do clima de suspense (chupiando de Alien – O Oitavo Passageiro, vai)
do começo enquanto a nave Churchill explora a cauda do Cometa Halley (à la
Balão Mágico MESMO) – isso merece uma reticências: uma nave espacial com
morcegões gigantes alienígenas metamorfos que vem pra terra na cauda do cometa.
É sério isso? – e vai, a “mina gostosa que fica pelada o filme inteiro”,
Mathilda May que raramente fala sobre sua participação, o resto é uma
catástrofe. A história, baseada no livro “Vampiros do Espaço” de Colin Wilson,
escrito por Dan O’Bannon (o mesmo de Alien) e Don Jacoby (que pegaram já um script reescrito por oito
vezes – e isso explica MUITA COISA) aproveita a febre da passagem fiasco do
cometa pela Terra em 1986 e é cheia de remendos, buracos e um desenrolar pífio/
patético. Fora a canastrice da liberdade poética de dizer que a lenda dos
vampiros foi inspirada nesses visitantes interplanetários sugadores de energia
vital que já estiveram em nosso planeta anteriormente, e até a forma que eles
podem ser eliminados com uma espada de ferro no coração, são deveras ridículas.
Como se não bastasse, TODAS as atuações são sofríveis, mas nada, absolutamente
nada se compara ao herói Steve Railsback, no papel do Coronel Tom Carlsen,
único sobrevivente da Churchil, responsável por levar o corpo da moça e de
outros três alienígenas para a nave e conseguinte, para a Terra. Péssimo em
todas as esferas da dramaturgia, que nem parece que anos mais tarde faria o
emblemático Duane Barry em um dos mais importantes episódios de Arquivo X da
história. Na boa, não dá para aturar um mocinho desses e sua conexão psíquica
com a garota pelada espacial, seus diversos xiliques, suas caras e bocas,
acompanhado por um time Z de coadjuvantes inúteis e as cafonas cenas de sexo,
amor, romance entre ele e a moça alienígena. Isso sem falar nos elementos que
levam à conclusão piegas do longa. Ah fale sério, o que são aquelas almas de
todas as pessoas sendo levadas para a nave espacial? Isso depois de Londres
irromper no caos com uma espécie de corrente de vampirismo energético passando
a todos como uma furada hecatombe zumbi. Mas o que mais me incomoda em Força Sinistra é a pretensão.
Sempre ela. A megalomania dos picaretas Yoram Globus e Menahem Golan e sua
Cannon Group Inc. (e suas pérolas da sétima arte como Braddock – O Super Comando, Invasão USA,
Comando Delta, Falcão – O Campeão dos Campeões, Desejo de Matar, Mestres do
Universo, O Último Americano Virgem, etc – olha só o nível) em fazer uma
superprodução de 25 milhões de dólares que estourou o orçamento e teve de ser
finalizado às pressas. Fora que prevendo a bomba, dezenas de atores
considerados aos papéis nem toparam participar da empreitada. Sobrou até para o
coitado do Patrick “Capitão Pickard/ Charles Xavier” Stewart uma ponta vexatória
no filme depois de muitas dessas recusas. E então temos que falar de Tobe
Hooper, que parece que não aprendeu nada com Poltergeist – O Fenômeno e
foi lá mais uma vez se meter a diretor de uma grande produção, mesmo a Cannon
sendo conhecida por seus filmes de baixo orçamento. O que tornou Hooper um
diretor com uma ascendência meteórica no gênero? Seus filmes independentes e
autorais. Leia-se O Massacre da Serra
Elétrica para ser mais preciso. Ao invés de investir nesse cinema
cru, marginal, quase documental onde a falta de recursos o ajudou, o maluco
texano vai dirigir um filme que se passa em Londres, cheio de atores ingleses
ao seu redor, numa trama confusa que parece um episódio ruim de The Quatermass
Experiment. Tragédia anunciada! Mais uma vez Hooper enfiou sua carreira no
buraco e de lá para frente, sabemos que ele não fez absolutamente MAIS NADE QUE
PRESTASSE. E a bilheteria? Um fracasso. O pseudo-blockbuster que gastou 25 milhões
faturou apenas 11 milhões no mercado doméstico (distribuído nos cinemas
americanos pela TriStar). E quer mais embasamento no meu texto? Colin Wilson,
ele mesmo, o fulano que escreveu o livro, disse que o autor John Fowles
considerava a adaptação cinematográfica de seu próprio livro, Magos, O Falso Deus (com Anthony
Quinn e Michael Caine) a pior já feita da história. E que agora, havia uma nova
pior adaptação de um livro: Força
Sinistra. Sem mais. Se mesmo assim depois de tudo que eu escrevi você
achar que minha opinião não merece respeito, que eu sou um cara chato, pedante
e que estou cometendo uma heresia, eu respeito sua posição, fã do horror. Mas
isso não muda o fato de eu bater o pé que Força Sinistra é uma grandessíssima porcaria de filme e é
isso aí. Chega até a me irritar, o que é uma pena. Eu deveria nunca tê-lo
assistido novamente e continuar com aquela imagem sensacional dos meus anos
joviais de que aquele longa da “mina gostosa que fica pelada o filme inteiro”
era simplesmente o máximo. Se você leu meu texto e ainda não o reviu,
reconsidere, por favor, e mantenha a fita no seu imaginário, guardado ali
imaculado junto de seus tórridos sonhos proibidos com Mathilda May.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/08/07/494-forca-sinistra-1985/
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