terça-feira, 1 de março de 2016

#494 1985 FORÇA SINISTRA (Lifeforce, Reino Unido, EUA)


Direção: Tobe Hooper
Roteiro:Dan O’Bannon e Don Jakoby, Michael Armstrong e Olaf Pooley (não creditados) (baseado no livro de Colin Wilson)
Produção: Yoram Globus e Menahem Golan, Michael J. Kagan (Produtor Associado)
Elenco: Steve Railsback, Peter Firth, Frank Finlay, Mathilda May, Patrick Stewart, Michael Gothard

Talvez eu gere polêmica com esse post, mas eu pelo menos sou um cara sincero. Eu acho Força Sinistra uma grade porcaria. Calma, antes de me atacar pedras, vociferar impropérios contra a minha pessoa e jurar nunca mais entrar nesse blog, quero expor minha opinião desde o começo. Claro que a primeira vez que vi Força Sinistra foi durante a infância/pré-adolescência nas infinitas reprises exibidas no Domingo Maior nas noites de domingo da Rede Globo. Claro que a definição que eu, representante do sexo masculino, e talvez de TODOS da minha geração, dei para Força Sinistra foi “aquele da mina gostosa que fica pelada o filme inteiro”.  Mas, além disso, da fantasia púbere com aquela morena perfeita (e ela continua PERFEITA no filme, excitante sem ser vulgar com sua estranheza peculiar) achei um filme impressionante, que realmente marcou época com a cena daquelas pessoas secando (fato que os efeitos especiais também ainda hoje são interessantes, cortesia da equipe do excelente John Dykstra), o conceito de vampiros espaciais que sugam a força vital das pessoas e por aí vai. Era um filme ótimo, poxa vida. Pois bem, você já assistiu Força Sinistra novamente depois de velho, certo? E você jura que sua opinião continua a mesma? Sabe aquele filme que perde completamente a mágica quando você desenvolve um pouco mais (pouquinha coisa) de senso crítico do que você tinha na sua juventude? Foi esse o triste caso. Hoje em dia acho patético, sério. Tirando os efeitos especiais, impressionantes para a época, um pouquinho do clima de suspense (chupiando de Alien – O Oitavo Passageiro, vai) do começo enquanto a nave Churchill explora a cauda do Cometa Halley (à la Balão Mágico MESMO) – isso merece uma reticências: uma nave espacial com morcegões gigantes alienígenas metamorfos que vem pra terra na cauda do cometa. É sério isso? – e vai, a “mina gostosa que fica pelada o filme inteiro”, Mathilda May que raramente fala sobre sua participação, o resto é uma catástrofe. A história, baseada no livro “Vampiros do Espaço” de Colin Wilson, escrito por Dan O’Bannon (o mesmo de Alien) e Don Jacoby (que pegaram já um script reescrito por oito vezes – e isso explica MUITA COISA) aproveita a febre da passagem fiasco do cometa pela Terra em 1986 e é cheia de remendos, buracos e um desenrolar pífio/ patético. Fora a canastrice da liberdade poética de dizer que a lenda dos vampiros foi inspirada nesses visitantes interplanetários sugadores de energia vital que já estiveram em nosso planeta anteriormente, e até a forma que eles podem ser eliminados com uma espada de ferro no coração, são deveras ridículas. Como se não bastasse, TODAS as atuações são sofríveis, mas nada, absolutamente nada se compara ao herói Steve Railsback, no papel do Coronel Tom Carlsen, único sobrevivente da Churchil, responsável por levar o corpo da moça e de outros três alienígenas para a nave e conseguinte, para a Terra. Péssimo em todas as esferas da dramaturgia, que nem parece que anos mais tarde faria o emblemático Duane Barry em um dos mais importantes episódios de Arquivo X da história. Na boa, não dá para aturar um mocinho desses e sua conexão psíquica com a garota pelada espacial, seus diversos xiliques, suas caras e bocas, acompanhado por um time Z de coadjuvantes inúteis e as cafonas cenas de sexo, amor, romance entre ele e a moça alienígena. Isso sem falar nos elementos que levam à conclusão piegas do longa. Ah fale sério, o que são aquelas almas de todas as pessoas sendo levadas para a nave espacial? Isso depois de Londres irromper no caos com uma espécie de corrente de vampirismo energético passando a todos como uma furada hecatombe zumbi. Mas o que mais me incomoda em Força Sinistra é a pretensão. Sempre ela. A megalomania dos picaretas Yoram Globus e Menahem Golan e sua Cannon Group Inc. (e suas pérolas da sétima arte como Braddock – O Super Comando, Invasão USA, Comando Delta, Falcão – O Campeão dos Campeões, Desejo de Matar, Mestres do Universo, O Último Americano Virgem, etc – olha só o nível) em fazer uma superprodução de 25 milhões de dólares que estourou o orçamento e teve de ser finalizado às pressas. Fora que prevendo a bomba, dezenas de atores considerados aos papéis nem toparam participar da empreitada. Sobrou até para o coitado do Patrick “Capitão Pickard/ Charles Xavier” Stewart uma ponta vexatória no filme depois de muitas dessas recusas. E então temos que falar de Tobe Hooper, que parece que não aprendeu nada com Poltergeist – O Fenômeno e foi lá mais uma vez se meter a diretor de uma grande produção, mesmo a Cannon sendo conhecida por seus filmes de baixo orçamento. O que tornou Hooper um diretor com uma ascendência meteórica no gênero? Seus filmes independentes e autorais. Leia-se O Massacre da Serra Elétrica para ser mais preciso. Ao invés de investir nesse cinema cru, marginal, quase documental onde a falta de recursos o ajudou, o maluco texano vai dirigir um filme que se passa em Londres, cheio de atores ingleses ao seu redor, numa trama confusa que parece um episódio ruim de The Quatermass Experiment. Tragédia anunciada! Mais uma vez Hooper enfiou sua carreira no buraco e de lá para frente, sabemos que ele não fez absolutamente MAIS NADE QUE PRESTASSE. E a bilheteria? Um fracasso. O pseudo-blockbuster que gastou 25 milhões faturou apenas 11 milhões no mercado doméstico (distribuído nos cinemas americanos pela TriStar). E quer mais embasamento no meu texto? Colin Wilson, ele mesmo, o fulano que escreveu o livro, disse que o autor John Fowles considerava a adaptação cinematográfica de seu próprio livro, Magos, O Falso Deus (com Anthony Quinn e Michael Caine) a pior já feita da história. E que agora, havia uma nova pior adaptação de um livro: Força Sinistra. Sem mais. Se mesmo assim depois de tudo que eu escrevi você achar que minha opinião não merece respeito, que eu sou um cara chato, pedante e que estou cometendo uma heresia, eu respeito sua posição, fã do horror. Mas isso não muda o fato de eu bater o pé que Força Sinistra é uma grandessíssima porcaria de filme e é isso aí. Chega até a me irritar, o que é uma pena. Eu deveria nunca tê-lo assistido novamente e continuar com aquela imagem sensacional dos meus anos joviais de que aquele longa da “mina gostosa que fica pelada o filme inteiro” era simplesmente o máximo. Se você leu meu texto e ainda não o reviu, reconsidere, por favor, e mantenha a fita no seu imaginário, guardado ali imaculado junto de seus tórridos sonhos proibidos com Mathilda May.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/08/07/494-forca-sinistra-1985/

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