quinta-feira, 24 de março de 2016

#527 1987 OS ADORADORES DO DIABO (The Believers, EUA)


Direção: John Schlesinger
Roteiro: Mark Frost (baseado no livro de Nicholas Conde)
Produção: Beverly Camhe, Michael Childres, John Schlesinger; Mark Frost (Produtor Associado); Edward Teets (Produtor Executivo)
Elenco: Martin Sheen, Helen Shaver, Harley Cross, Robert Loggia, Elizabeth Wilson, Harris Yulin, Lee Richardson

Talvez se colocado dentro do panteão de todos os filmes de terror que tem como pano de fundo rituais e possessão, Os Adoradores do Diabo seja apenas um bom filme. Mas se você está fazendo um blog analisando 1001 filmes de terror cronologicamente e chega no ano de 1987 empapuçado de produções trash, “terrir” e slashers da década, encarar esse thriller sobrenatural é como encontrar um oásis no deserto. O diretor ganhador do Oscar por Perdidos na Noite, John Schlesinger pega o roteiro de Mark Frost adaptado do livro “Religion” de Nicholas Conde e finalmente coloca um pouco de seriedade e do macabro no cinema de terror oitentista, muito inspirado em O Bebê de Rosemary, evocando a Santeria, religião surgida da mistura entre as crenças católicas e africanas trazida para as Américas pelos ancestrais escravos, ganhando adeptos da comunidade hispânica. O dogma religioso envolve rituais secretos, sacrifícios de animais, adoração de figuras de santos, danças, invocações, tambores e atabaques, tal qual o próprio vodu ou candomblé. Feitiçaria, seitas secretas e pactos demoníacos sempre foi uma boa fonte de inspiração para o cinema de terror, tendo seu auge até hoje no seminal filme de Roman Polanski, mas com diversos excelentes exemplares (lembrando aqui de cabeça: A Sétima VítimaA Noite do DemônioAs Bodas de SatãA Irmandade de Satanás, entre outros). As incertezas religiosas inerentes ao final dos anos 80 e a cultura da busca pela popularidade, dinheiro e sucesso fizeram com que o tema abordado em Os Adoradores do Diabo caíssem como uma luva. Após as imagens antes dos créditos mostrarem um ritual de sacrifício africano (que será devidamente esclarecido no terceiro ato), a trama do filme segue Cal Jamison (papel do sempre ótimo Martin Sheen) cuja esposa é morta em um terrível acidente doméstico no começo da fita e ele muda com seu filho, Chris (Harley Cross), para Nova York, se envolvendo amorosamente com Jessica (Helen Shaver), a senhoria do apartamento que alugou, e começando a trabalhar como psicólogo da polícia. Certa tarde quando passeia com o pai pelo Central Park, Chris encontra uma concha utilizada em um ritual ao lado de um gato sacrificado sem cabeça e a guarda. Tudo devidamente arquitetado. Paralelo a isso, Cal é chamado pelo Tenente McTaggert (Robert Loggia) para atender a um policial latino, Tom Lopez (Jimmy Smitz) que trabalhava infiltrado em um caso envolvendo rituais humanos praticados por adeptos da Santeria, e demonstra sinais de insanidade e até tentativa de suicídio. Esse desenrolar do roteiro que irá dar pano para manga para as investigações de Cal começar a leva-lo cada vez mais profundamente para o mundo do oculto e envolve-lo, assim como seu filho Chris e sua nova namorada, Jessica, para os perigos de uma poderosa seita ritualística de gente graúda que atua na cidade. O desenrolar das situações trabalhadas por Schlesinger conduzem o espectador pelo horror psicológico (muito mais subentendido que explícito) a uma sequência de fatos intrincados até chegar ao seu final, que mesmo que seja clichê e nada inédito no gênero, consegue prender a atenção e ainda assim agradar. Além disso, o final pessimista e em aberto do prólogo do filme também é dos mais interessantes. Dois momentos que se mostram pontos altos do longa é quando Lopez, vítima da poderosa feitiçaria, abre seu próprio bucho em um restaurante reclamando ter cobras dentro de seu ventre (e depois na autópsia vemos que tinha realmente cobras de VERDADE em seu estômago) e quando uma bolha pustulenta estoura no rosto de Jessica, liberando aranhas pela sua face. Tudo obra de macumba da braba! Macumba essa inclusive que o diretor culpa o tema escolhido para seu filme pela morte de sua mãe logo após o término das filmagens. Para quem acredita… Os Adoradores do Diabo (e que não são adoradores do diabo em si na verdade e sim mais uma tosca tradução em português para um título) é um suspense sobrenatural interessante que se sobrepõe às produções porcarias da época feitas em quantidade avassaladora.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/09/20/527-os-adoradores-do-diabo-1987/

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