Direção: John Schlesinger
Roteiro: Mark Frost (baseado no livro de
Nicholas Conde)
Produção: Beverly
Camhe, Michael Childres, John Schlesinger; Mark Frost (Produtor Associado); Edward
Teets (Produtor Executivo)
Elenco: Martin Sheen,
Helen Shaver, Harley Cross, Robert Loggia, Elizabeth Wilson, Harris Yulin, Lee
Richardson
Talvez se colocado dentro do panteão de todos os
filmes de terror que tem como pano de fundo rituais e possessão, Os Adoradores do Diabo seja apenas um bom filme. Mas
se você está fazendo um blog analisando 1001 filmes de terror cronologicamente
e chega no ano de 1987 empapuçado de produções trash, “terrir”
e slashers da década, encarar esse thriller sobrenatural é como
encontrar um oásis no deserto. O diretor ganhador do
Oscar por Perdidos na Noite, John Schlesinger pega o roteiro de Mark
Frost adaptado do livro “Religion” de Nicholas Conde e finalmente coloca um
pouco de seriedade e do macabro no cinema de terror oitentista, muito inspirado
em O Bebê de Rosemary, evocando a Santeria, religião surgida da mistura entre as crenças
católicas e africanas trazida para as Américas pelos ancestrais escravos,
ganhando adeptos da comunidade hispânica. O dogma religioso envolve rituais
secretos, sacrifícios de animais, adoração de figuras de santos, danças,
invocações, tambores e atabaques, tal qual o próprio vodu ou candomblé. Feitiçaria,
seitas secretas e pactos demoníacos sempre foi uma boa fonte de inspiração para
o cinema de terror, tendo seu auge até hoje no seminal filme de Roman Polanski,
mas com diversos excelentes exemplares (lembrando aqui de cabeça: A Sétima Vítima, A Noite do Demônio, As Bodas de Satã, A Irmandade de Satanás, entre outros). As incertezas
religiosas inerentes ao final dos anos 80 e a cultura da busca pela
popularidade, dinheiro e sucesso fizeram com que o tema abordado em Os
Adoradores do Diabo caíssem como uma luva. Após as imagens antes dos
créditos mostrarem um ritual de sacrifício africano (que será devidamente
esclarecido no terceiro ato), a trama do filme segue Cal Jamison (papel do
sempre ótimo Martin Sheen) cuja esposa é morta em um terrível acidente
doméstico no começo da fita e ele muda com seu filho, Chris (Harley Cross),
para Nova York, se envolvendo amorosamente com Jessica (Helen Shaver), a senhoria
do apartamento que alugou, e começando a trabalhar como psicólogo da polícia. Certa
tarde quando passeia com o pai pelo Central Park, Chris encontra uma concha
utilizada em um ritual ao lado de um gato sacrificado sem cabeça e a guarda.
Tudo devidamente arquitetado. Paralelo a isso, Cal é chamado pelo Tenente
McTaggert (Robert Loggia) para atender a um policial latino, Tom Lopez (Jimmy
Smitz) que trabalhava infiltrado em um caso envolvendo rituais humanos
praticados por adeptos da Santeria, e demonstra sinais de insanidade e até
tentativa de suicídio. Esse desenrolar do roteiro que irá dar pano para manga
para as investigações de Cal começar a leva-lo cada vez mais profundamente para
o mundo do oculto e envolve-lo, assim como seu filho Chris e sua nova namorada,
Jessica, para os perigos de uma poderosa seita ritualística de gente graúda que
atua na cidade. O desenrolar das situações trabalhadas por Schlesinger conduzem
o espectador pelo horror psicológico (muito mais subentendido que explícito) a
uma sequência de fatos intrincados até chegar ao seu final, que mesmo que seja
clichê e nada inédito no gênero, consegue prender a atenção e ainda assim
agradar. Além disso, o final pessimista e em aberto do prólogo do filme também
é dos mais interessantes. Dois momentos que se mostram pontos altos do longa é
quando Lopez, vítima da poderosa feitiçaria, abre seu próprio bucho em um
restaurante reclamando ter cobras dentro de seu ventre (e depois na autópsia
vemos que tinha realmente cobras de VERDADE em seu estômago) e quando uma bolha
pustulenta estoura no rosto de Jessica, liberando aranhas pela sua face. Tudo
obra de macumba da braba! Macumba essa inclusive que o diretor culpa o tema
escolhido para seu filme pela morte de sua mãe logo após o término das filmagens.
Para quem acredita… Os Adoradores do Diabo (e que não são adoradores do
diabo em si na verdade e sim mais uma tosca tradução em português para um
título) é um suspense sobrenatural interessante que se sobrepõe às produções
porcarias da época feitas em quantidade avassaladora.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/09/20/527-os-adoradores-do-diabo-1987/
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