domingo, 27 de março de 2016

#538 1987 O PADRASTO (The Stepfather, EUA)


Direção: Joseph Ruben
Roteiro: Donald E. Westlake; Carolyn Lefcourt, Brian Garfield e Donald E. Westlake (história)
Produção: Jay Benson
Elenco:Terry O’Quinn, Jill Schoelen, Shelley Hack, Charles Lanyer, Stephen Shellen

O roteiro de O Padrasto é baseado no livro de Brian Garfiled, que por sua vez é vagamente inspirado na história de John List, um sujeito de Nova Jérsei que matou sua família em 1971 e ficou foragido até 1989, quando a exibição de seu perfil no programa “America’s Most Wanted” foi ao ar na televisão. Dirigido por Joseph Ruben, trata-se um suspense correto, redondo, com todos os elementos necessários do gênero. Quem realmente pega o filme e coloca embaixo do braço é o ator Terry O’Quinn, o famoso carequinha Locker de Lost, que interpreta o psicopata Jerry Blake, o tal padrasto do título. Completamente entregue ao papel, com uma atuação verdadeiramente visceral, O’Quinn convence o espectador tanto como o maníaco frio, calculista e completamente desequilibrado (como a emblemática cena em que extravasa sua raiva no porão e é pego com a boca na botija por sua enteada) como o bondoso homem de família, que tenta ser um bom marido, um bom pai substituto, um bom corretor imobiliário e pregar veementemente os valores familiares. Logo no começo somos apresentados ao personagem em sua visão mais cruel, após tomar banho, fazer a barba e cortar o cabelo em um banheiro, e lavar mãos e rosto ensanguentados. Ao descer as escadas, arrumado para ir ao trabalho, vemos o estado brutal em que deixou sua atual família mutilada, com sangue por todo o lado e uma criança assassinada com seu ursinho de pelúcia. Jerry sai pelo quintal, pega o jornal, assobia “Camptown Race”, que acaba se tornando uma marca registrada do maníaco, e sai incólume à barbárie que cometeu. Um ano se passou, a polícia não descobriu nenhuma pista do assassino, e Jerry entra na vida da viúva Susan (Shelley Hack) e sua filha “adolescente” Stephanie (Jill Schoelen). Adolescente entre aspas porque ela tinha 23 anos simulando 16, o que rendeu para nós marmanjos uma sensacional cena no banho quase no final da fita. A enteada vive revoltada por conta da morte do pai, arruma confusão na escola e detesta o novo relacionamento da mãe, acreditando que alguma coisa há de errado com o padrasto, claro sem imaginar que o buraco é bem mais embaixo. Ainda temos uma história paralela de Jim Ogilvile (Stephen Shellen), irmão da menina morta no começo do filme, que tenta fazer justiça com as próprias mãos e vem caçando o assassino desde o acontecido, sem conseguir ajuda da polícia (que encerrou o caso por não possuir mais provas) e da imprensa. O suspense vai crescendo com as investigações em cima de Jerry e uma reviravolta na sua conciliação com a garota após ele ter matado seu psiquiatra. Mas só então no terceiro ato que veremos a face monstruosa de Jerry por completo, quando ele começa a se perder em seu alucinado estado de múltipla personalidade (uma vez que ele vem criando vários alter egos e sempre entra em um novo papel, mudando de emprego e conhecendo a próxima vítima, pouco antes de assassinar a família atual).
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
Pois bem, o final reserva toda a intensidade das perseguições em um ambiente fechado (no caso dentro da residência) deste tipo de thriller, com o maníaco tentando dar cabo de Susan e Stephanie. Vale citar a participação nula e completamente imbecil de Jim, que procura o sujeito pelo filme todo e ao conseguir encontra-lo é morto no mesmo instante com uma facada, fazendo com que o imprestável não sirva para nada, exceto ter levado uma arma até a casa que será usada mais tarde por Susan para alvejar o psicopata. Os pontos fracos do filme são as atuações dos demais atores que são todos engolidos com farinha por O’Quinn e a trilha sonora esdrúxula que destoa completamente do teor de suspense da fita, mas que reflete muito bem os famigerados anos 80, composta por Patrick Moraz, ex-tecladista da banda de rock progressivo Yes. Em compensação a direção de Ruben é precisa, vai criando um escalar de acontecimentos e envolvendo o espectador até a explosão psicótica do personagem do nosso vilão. O Padrasto não teve uma vida próspera nas bilheterias americanas, faturando apenas pouco mais de dois milhões de dólares, mas acabou fazendo fama e tornando-se cult quando seu lançamento em VHS e nas infinitas reprises na TV aberta, incluindo aqui no Brasil. Ainda gerou mais duas continuações e uma refilmagem em 2009 (que para variar é muito inferior ao original).
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/10/07/538-o-padrasto-1987/

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