Direção: Joseph
Ruben
Roteiro: Donald
E. Westlake; Carolyn Lefcourt, Brian Garfield e Donald E. Westlake (história)
Produção: Jay
Benson
Elenco:Terry
O’Quinn, Jill Schoelen, Shelley Hack, Charles Lanyer, Stephen Shellen
O roteiro de O Padrasto é baseado
no livro de Brian Garfiled, que por sua vez é vagamente inspirado na história
de John List, um sujeito de Nova Jérsei que matou sua família em 1971 e ficou
foragido até 1989, quando a exibição de seu perfil no programa “America’s Most
Wanted” foi ao ar na televisão. Dirigido por Joseph Ruben, trata-se um suspense
correto, redondo, com todos os elementos necessários do gênero. Quem realmente
pega o filme e coloca embaixo do braço é o ator Terry O’Quinn, o famoso
carequinha Locker de Lost, que interpreta o psicopata Jerry Blake, o tal
padrasto do título. Completamente entregue ao papel, com uma atuação
verdadeiramente visceral, O’Quinn convence o espectador tanto como o maníaco
frio, calculista e completamente desequilibrado (como a emblemática cena em que
extravasa sua raiva no porão e é pego com a boca na botija por sua enteada)
como o bondoso homem de família, que tenta ser um bom marido, um bom pai
substituto, um bom corretor imobiliário e pregar veementemente os valores
familiares. Logo no começo somos apresentados ao personagem em sua visão mais
cruel, após tomar banho, fazer a barba e cortar o cabelo em um banheiro, e
lavar mãos e rosto ensanguentados. Ao descer as escadas, arrumado para ir ao
trabalho, vemos o estado brutal em que deixou sua atual família mutilada, com
sangue por todo o lado e uma criança assassinada com seu ursinho de pelúcia.
Jerry sai pelo quintal, pega o jornal, assobia “Camptown Race”, que acaba se
tornando uma marca registrada do maníaco, e sai incólume à barbárie que
cometeu. Um ano se passou, a polícia não descobriu nenhuma pista do assassino,
e Jerry entra na vida da viúva Susan (Shelley Hack) e sua filha “adolescente”
Stephanie (Jill Schoelen). Adolescente entre aspas porque ela tinha 23 anos
simulando 16, o que rendeu para nós marmanjos uma sensacional cena no banho
quase no final da fita. A enteada vive revoltada por conta da morte do pai,
arruma confusão na escola e detesta o novo relacionamento da mãe, acreditando
que alguma coisa há de errado com o padrasto, claro sem imaginar que o buraco é
bem mais embaixo. Ainda temos uma história paralela de Jim Ogilvile (Stephen
Shellen), irmão da menina morta no começo do filme, que tenta fazer justiça com
as próprias mãos e vem caçando o assassino desde o acontecido, sem conseguir
ajuda da polícia (que encerrou o caso por não possuir mais provas) e da
imprensa. O suspense vai crescendo com as investigações em cima de Jerry e uma
reviravolta na sua conciliação com a garota após ele ter matado seu psiquiatra.
Mas só então no terceiro ato que veremos a face monstruosa de Jerry por
completo, quando ele começa a se perder em seu alucinado estado de múltipla
personalidade (uma vez que ele vem criando vários alter egos e sempre entra em
um novo papel, mudando de emprego e conhecendo a próxima vítima, pouco antes de
assassinar a família atual).
ALERTA
DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco.
Pois bem, o final reserva toda a intensidade
das perseguições em um ambiente fechado (no caso dentro da residência) deste
tipo de thriller, com o maníaco tentando dar cabo de Susan e Stephanie.
Vale citar a participação nula e completamente imbecil de Jim, que procura o
sujeito pelo filme todo e ao conseguir encontra-lo é morto no mesmo instante
com uma facada, fazendo com que o imprestável não sirva para nada, exceto ter
levado uma arma até a casa que será usada mais tarde por Susan para alvejar o
psicopata. Os pontos fracos do filme são as atuações dos demais atores que são
todos engolidos com farinha por O’Quinn e a trilha sonora esdrúxula que destoa
completamente do teor de suspense da fita, mas que reflete muito bem os
famigerados anos 80, composta por Patrick Moraz, ex-tecladista da banda de rock
progressivo Yes. Em compensação a direção de Ruben é precisa, vai criando um
escalar de acontecimentos e envolvendo o espectador até a explosão psicótica do
personagem do nosso vilão. O Padrasto não teve uma vida próspera nas
bilheterias americanas, faturando apenas pouco mais de dois milhões de dólares,
mas acabou fazendo fama e tornando-se cult
quando seu lançamento em VHS e nas infinitas reprises na TV aberta, incluindo
aqui no Brasil. Ainda gerou mais duas continuações e uma refilmagem em 2009
(que para variar é muito inferior ao original).
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/10/07/538-o-padrasto-1987/
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