Direção: Robert Harmon
Roteiro: Eric Red /Produção: Kip Ohman,
David Bombyk; Paul Lewis (Coprodutor); Edward S. Feldman, Charles R. Meeker
(Produtor Executivo)
Elenco: Rutger Hauer,
C. Thomas Howell, Jennifer Jason Leigh, Jeffrey DeMunn, John M. Jackson, Billy
Green Bush
Rutger Hauer é o cara! Simplesmente marcante sua
atuação como o psicopata incontrolável John Ryder no clássico do suspense dos
anos 80,A Morte Pede Carona. Talvez o filme definitivo sobre os perigos
em se dar carona a alguém do gênero. Com pano de fundo a icônica Rota 66
passando pelo deserto americano e a música “Riders on the Storm” da banda The
Doors na cabeça, o roteirista Eric Red escreveu esse thriller intenso
que nos brinda com a mais brilhante performance do ator no cinema. Uma história
enxuta carregada nas costas por Hauer e sua loucura sádica, fria e sem remorso.
O sujeito não tem distinção quanto a homens, mulheres e crianças e vai fazendo
suas vítimas como uma força maligna incontrolável de carona em carona. O
infeliz da vez é o jovem Jim Halsey (C. Thomas Howell, em uma interpretação
também sob medida que vai crescendo do típico rapaz assustado até o
traumatizado sobrevivente que luta por sua vida e busca justiça), que está
levando um carro de Chicago para San Diego, na Califórnia. É tarde da
madrugada, chove, o rapaz está quase dormindo e por pouco não se arrebenta em
um caminhão vindo em direção contrária. Ao avistar o caronista na beira da
estrada, não pensa duas vezes em acolhê-lo em seu veículo. Mal ele sabe que
aquilo daria início a uma perseguição onde um rastro de corpos e sangue seria
deixado para trás. No primeiro e impactante diálogo entre os dois, já dá para
ver que Ryder é um lunático de primeira linha, ameaçando o rapaz e criando uma
espécie de conexão obsessiva (e até homossexual velada podemos dizer) e já
vemos que Halsey foi um escolhido do destino para ser a nêmese do assassino em
um embate onde poderia apenas sobreviver um que está preste a se desenrolar
pelos próximos 90 minutos de uma road trip para o inferno. Halsey
consegue escapar e para em um posto de gasolina/ restaurante de beira de
estrada, ligando para a polícia e dizendo saber quem é o assassino das
estradas. Lá ele faz amizade com a garçonete Nash, papel da gracinha Jennifer
Jason Leigh. A polícia chega ao local e tal qual a PM paulista, já vai absuando
de autoridade e prendendo o sujeito achando que ele é o culpado. Na delegacia
onde passaria o final de semana (afinal a empresa a qual prestava o serviço de
levar o carro de uma costa a outra só atenderia na segunda-feira) acorda na
manhã seguinte para ver os policiais trucidados por Ryder para incriminá-lo e
daí por diante o rapaz começa a fugir e fazer merda atrás de merda e sentando
em cima, sendo impiedosamente caçado pela polícia local, até ser ajudado por
Nash. Só depois quando Ryder rapta a loirinha e a coloca presa entre dois
caminhões enquanto ameaça a partir ao meio, que finalmente a polícia, chefiada
pelo Capitão Esteridge (Jeffrey DeMunn) descobre a verdadeira identidade do
psicopata que quer negociar apenas com Halsey. O desfecho trágico e dramático
conduz o nervoso e boquiaberto espectador para o terceiro ato e o embate final
entre o jovem transtornado e o serial killer das estradas. Engraçado
pensar que originalmente foram considerados para interpretar John Ryder, Sam
Elliott (que fora contratado e por um conflito de agenda precisou abrir mão do
papel) e Terence Stamp. E depois de A Morte Pede Carona, impossível não
associar Hauer ao filme de tão intensa que é sua interpretação com seu cabelo
loiro, olhos azuis e sorriso sarcástico. No roteiro original de Red, o filme
seria muito mais sanguinário, com cenas mais impactantes como Ryder executando
toda uma família, um olho aparecendo no hambúrguer de Halsey (trocado por um
dedo na porção de batatas fritas) e um personagem sendo decapitado. Sem contar
que o final também teve de ser refirmado para não ganhar uma classificação X
– ALERTA DE SPOILER – onde Halsey executaria Ryder à queima-roupa. Em
2007, a Platinum Dunes de Michael Bay produziu a refilmagem de A Morte
Pede Carona, com Sean Bean ocupando o lugar de Rutger Hauer como John
Ryder. Apesar de ser um filme regular (mas caprichar na cena do caminhão,
filmada off screen no original) e não chegar a comprometer, não fica
nem aos pés das botas empoeiradas pela areia do deserto de seus predecessor. Mesmo
com um baixo orçamento, mas contando com um roteiro eficiente, uma boa dose de
suspense e tensão crescente muito bem trabalhada pelo diretor Robert Harmon e
uma atuação fora da curva de Hauer, A Morte Pede Carona vem para
provar que um bom filme de terror pode ser simples e eficaz e que uma história
até mesmo sendo clichê, se bem desenvolvida, pode ser bastante assustadora.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/09/09/517-a-morte-pede-carona-1986/
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