sábado, 19 de março de 2016

#517 1986 A MORTE PEDE CARONA (The Hitcher, EUA)


Direção: Robert Harmon
Roteiro: Eric Red /Produção: Kip Ohman, David Bombyk; Paul Lewis (Coprodutor); Edward S. Feldman, Charles R. Meeker (Produtor Executivo)
Elenco: Rutger Hauer, C. Thomas Howell, Jennifer Jason Leigh, Jeffrey DeMunn, John M. Jackson, Billy Green Bush

Rutger Hauer é o cara! Simplesmente marcante sua atuação como o psicopata incontrolável John Ryder no clássico do suspense dos anos 80,A Morte Pede Carona. Talvez o filme definitivo sobre os perigos em se dar carona a alguém do gênero. Com pano de fundo a icônica Rota 66 passando pelo deserto americano e a música “Riders on the Storm” da banda The Doors na cabeça, o roteirista Eric Red escreveu esse thriller intenso que nos brinda com a mais brilhante performance do ator no cinema. Uma história enxuta carregada nas costas por Hauer e sua loucura sádica, fria e sem remorso. O sujeito não tem distinção quanto a homens, mulheres e crianças e vai fazendo suas vítimas como uma força maligna incontrolável de carona em carona. O infeliz da vez é o jovem Jim Halsey (C. Thomas Howell, em uma interpretação também sob medida que vai crescendo do típico rapaz assustado até o traumatizado sobrevivente que luta por sua vida e busca justiça), que está levando um carro de Chicago para San Diego, na Califórnia. É tarde da madrugada, chove, o rapaz está quase dormindo e por pouco não se arrebenta em um caminhão vindo em direção contrária. Ao avistar o caronista na beira da estrada, não pensa duas vezes em acolhê-lo em seu veículo. Mal ele sabe que aquilo daria início a uma perseguição onde um rastro de corpos e sangue seria deixado para trás. No primeiro e impactante diálogo entre os dois, já dá para ver que Ryder é um lunático de primeira linha, ameaçando o rapaz e criando uma espécie de conexão obsessiva (e até homossexual velada podemos dizer) e já vemos que Halsey foi um escolhido do destino para ser a nêmese do assassino em um embate onde poderia apenas sobreviver um que está preste a se desenrolar pelos próximos 90 minutos de uma road trip para o inferno. Halsey consegue escapar e para em um posto de gasolina/ restaurante de beira de estrada, ligando para a polícia e dizendo saber quem é o assassino das estradas. Lá ele faz amizade com a garçonete Nash, papel da gracinha Jennifer Jason Leigh. A polícia chega ao local e tal qual a PM paulista, já vai absuando de autoridade e prendendo o sujeito achando que ele é o culpado. Na delegacia onde passaria o final de semana (afinal a empresa a qual prestava o serviço de levar o carro de uma costa a outra só atenderia na segunda-feira) acorda na manhã seguinte para ver os policiais trucidados por Ryder para incriminá-lo e daí por diante o rapaz começa a fugir e fazer merda atrás de merda e sentando em cima, sendo impiedosamente caçado pela polícia local, até ser ajudado por Nash. Só depois quando Ryder rapta a loirinha e a coloca presa entre dois caminhões enquanto ameaça a partir ao meio, que finalmente a polícia, chefiada pelo Capitão Esteridge (Jeffrey DeMunn) descobre a verdadeira identidade do psicopata que quer negociar apenas com Halsey. O desfecho trágico e dramático conduz o nervoso e boquiaberto espectador para o terceiro ato e o embate final entre o jovem transtornado e o serial killer das estradas. Engraçado pensar que originalmente foram considerados para interpretar John Ryder, Sam Elliott (que fora contratado e por um conflito de agenda precisou abrir mão do papel) e Terence Stamp. E depois de A Morte Pede Carona, impossível não associar Hauer ao filme de tão intensa que é sua interpretação com seu cabelo loiro, olhos azuis e sorriso sarcástico. No roteiro original de Red, o filme seria muito mais sanguinário, com cenas mais impactantes como Ryder executando toda uma família, um olho aparecendo no hambúrguer de Halsey (trocado por um dedo na porção de batatas fritas) e um personagem sendo decapitado. Sem contar que o final também teve de ser refirmado para não ganhar uma classificação X – ALERTA DE SPOILER – onde Halsey executaria Ryder à queima-roupa. Em 2007, a Platinum Dunes de Michael Bay produziu a refilmagem de A Morte Pede Carona, com Sean Bean ocupando o lugar de Rutger Hauer como John Ryder. Apesar de ser um filme regular (mas caprichar na cena do caminhão, filmada off screen no original) e não chegar a comprometer, não fica nem aos pés das botas empoeiradas pela areia do deserto de seus predecessor. Mesmo com um baixo orçamento, mas contando com um roteiro eficiente, uma boa dose de suspense e tensão crescente muito bem trabalhada pelo diretor Robert Harmon e uma atuação fora da curva de Hauer, A Morte Pede Carona vem para provar que um bom filme de terror pode ser simples e eficaz e que uma história até mesmo sendo clichê, se bem desenvolvida, pode ser bastante assustadora.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/09/09/517-a-morte-pede-carona-1986/

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