Direção: John McTiernan
Roteiro: Jim Thomas, John Thomas
Produção: John Davis, Lawrence Gordon, Joel Silver;
John Vallone, Beau Marks (Produtores Associados); Jim Thomas, Laurence P.
Pereira (Produtores Executivos)
Elenco: Arnold Schwarzenegger. Carl Weathers, Elipidia Carrillo, Bill Duke,
Jesse Ventura, Sonny Landham, Richard Chaves, Shane Black
O cinema de ação
vivia seu auge nos anos 80. Excesso de testosterona, atores musculosos, armas
poderosas, matança desenfreada, e habilidades em artes marciais fizeram surgir
uma leva inteira de péssimos atores canastras que foram elevados ao statusde astros de Hollywood (e que
hoje fazem paródias de si próprios na franquia Os Mercenários). Indubitavelmente um dos maiores nomes do cinema
de ação foi Arnold Schwarzenegger. E por isso seu sobrenome vem em uma grafia
no pôster maior do que o próprio título do filme, O
Predador. Acontece que essa mistura de action movie, com guerra, sci-fi, terror e suspense é um dos grandes ícones da década de
80. Afinal, não tinha como dar errado uma película que juntasse todos esses
gêneros acima metendo ainda na trama um alienígena caçador impiedoso que vem
parar na Terra, é invisível, tem visão termográfica e armas avançadíssimas.
Coloque Schwarzza para ser o mocinho que combate a criatura interplanetária e
bingo! E foi isso que os produtores Joel Silver (que havia trabalhado com o
ex-Mister Universo emComando Para Matar)
e Lawrence Gordon pensaram ao resolver levar a frente um roteiros dos irmãos
Jim e John Thomas (que surgiu como uma piada com a série Rocky e o fato que
logo menos ele teria que sair na mão com um extraterrestre) e acabou
encontrando seu caminho dentro da 20th Century Fox. Inspirado em Aliens – O Resgate, o roteiro ganhou
sinal verde e a turma toda se mandou para Puerto Vallarta, no México para dar
início às gravações. Na real o miolo da trama não traz absolutamente nenhuma
novidade com relação à maioria dos filmes de ação do período. Schwarzza é
Dutch, um ex-major do exército que é contratado com seu grupo de guerrilheiros bad ass para uma missão especial
em uma republiqueta de bananas comunista da América Central e resgatar uns
figurões que foram sequestrados por terroristas. Uma enxurrada de clichês e
atitudes primitivas de macho men(quem
cospe mais longe, quem faz piada sexista mais pesada, quem tem os bíceps
maiores, e por aí vai), explosões e tiros está lá para aquele espectador
incauto que não imagina que um dos mais importantes monstros do cinema estaria
à espreita, camuflado ali entre as árvores. O tal predador é um caçador interplanetário ugly motherfucker (como a
própria célebre frase de Arnie ao ver o visual do bicho sem máscara pela
primeira vez) que viaja pela galáxia para praticar seu esporte, encontrar seus
troféus e meter suas cabeças na sala de exibição de sua nave e esfolar suas
vítimas. Entre suas habilidades, possui uma visão de calor (que era um desbunde
para a época), armas com garras e canhões de laser (no segundo filme seria
acrescentados ao seu arsenal lanças retráteis e discos cortantes), um kit de
primeiros socorros extraterrestre e um reloginho bacanudo que pode tornar o
visitante invisível e tem lá um botão do juízo final para quando ele quiser se
autodestruir (ser derrotado, jamais!). Um a um dos soldados grandões vão sendo
caçados e mortos impiedosamente até que esperamos pelo seu aguardado final,
quando Schwarzza deverá usar todos seus recursos de guerrilheiro e enfrentar o
alienígena em um combate selvagem, logo após ter sua vida poupada ao descobrir
que a lama diminui o calor do seu corpo e o esconde da visão termográfica do
monstro. Tirando toda essa parafernália de filme de ação e o fato que Dutch e
sua equipe matam muito mais gente que o predador na tentativa de desbaratar os
terroristas e resgatar os reféns (O
Predador tem uma absurda contagem de cadáveres de 65 humanos – isso
sem contar um javali e um escorpião), há três elementos que devem se destacar
com louvor na fita de McTiernan. O primeiro são os efeitos especiais, que para
a época foram incríveis. A habilidade de camuflagem da criatura e suas armas
tecnológicas são interessantíssimas. O segundo é o visual emblemático do
extraterrestre, criado pelo mestre Stan Winston, que teve de ser alterado do
primeiro esboço, uma versão meio reptiliana e meio anfíbia apresentada pelos
produtores, por não ter sido considerado assustador o suficiente. Até James
Cameron deu um pitaco, sugerindo as suas famosas mandíbulas. O terceiro foi a
direção de McTiernan, que, longe de comparações, mas seguindo escolas de
Hitchcock e Spielberg, vai gradativamente colocando o vilão em cena e criando
uma escalada de tensão e curiosidade, primeiro com o desconforto dos
guerrilheiros em acreditarem estar sendo seguidos e observados, já assustados
pelas vítimas destroçadas encontradas pelo caminho, depois com sua camuflagem,
seu sangue verde fluorescente (“se ele sangra, pode ser morto” – outra pérola
inestimável da sétima arte dita pelo Governator) até revela-lo em todo seu
esplendor. Falando no predador, não custa escrever sobre outro futuro ícone do
cinema de ação, Jean-Claude Van Damme, que originalmente seria o intérprete do
alienígena. Na real, uma espécie de dublê de luxo, por assim dizer. Acontece
que o belga achou que a roupa vermelha (cor escolhida em contraposição ao verde
da mata) que ele usava nas gravações seria seu visual, e não que era exatamente
um artifício de efeitos especiais para depois ser substituído pela
invisibilidade, e por isso vivia reclamando da indumentária. Depois do mal
entendido resolvido, o soneto ficou pior que a emenda quando soube que ele
seria um personagem invisível pela metade do filme e não poderia mostrar suas
habilidades marciais e de espacate contra Schwarzenegger. Gravou apenas uma
cena (que dá para ver o teste no Youtube, e também
como seria diferente o visual do bicho) e abandonou o barco, sendo substituído
pelo ator Kevin Peter Hall de 2,18m de altura, que vivera o Pé-Grande em Um Hóspede do Barulho e até a
criatura de O Monstro do Armário da
Troma. O Predador foi um
sucesso estrondoso. Faturou quase 60 milhões de dólares nas bilheterias
americanas e colocou no cânone do sci-fi outro
famoso alienígena para a Fox, que já tinha os alienígenas de Alien em sua
propriedade. Inevitavelmente depois do encontro dos dois extraterrenos em
diversas mídias como quadrinhos e videogame, eles foram metidos em dois crossovers pavorosos no cinema,
mas isso nem vem ao caso. Uma segunda parte foi lançada em 1990, Predador 2 – A Caçada Continua, que é
até superior ao original em diversos pontos, e a mitologia foi revisitada em Predadores, produzido por Robert
Rodriguez em 2010. Um novo longa, que não será um reboot, mas sim uma sequência direta deste aqui, está sendo
desenvolvido pela Fox, com roteiro e direção de Shane Black, que atuou como
Hawkins no primeiro filme.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/10/09/540-o-predador-1987/
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