Direção: Stuart Gordon
Roteiro: Dennis Paoli, Brian Yuzna e Stuart Gordon
Produção: Brian Yuzna, Bruce William Curtis (Produtor Associado), Michael Avery e
Charles Band (Produtores Executivos)
Elenco: Jeffrey Combs, Barbara Crampton, Ted Sorel,
Ken Foree, Carolyn Purdy-Gordon, Bunny Summers
Do Além é um filmaço! Daqueles que agradam em cheio
todos os fãs do horror. Baseado em um conto do H.P. Lovecraft, com Stuart
Gordon na direção, Brian Yuzna na produção e o melhor ator lovecraftiano de
todos os tempos, Jeffrey Combs protagonizando, o tiro é certeiro no alvo. Antes
de descobrir a literatura de Lovecraft, ou antes mesmo de ver Re-Animator – A Hora dos Mortos-Vivos eu
me amarrava naquele filme mesmo sem entender nada direito, mas gostava da
trasheira, daquele clima sinistro e daquele tom rosa neon do filme. Antes dos
créditos, assim como em Re-Animator, Do Além começa já chutando o
balde. Combs (excelente mais uma vez) interpreta Crawford Tillinghast,
assistente do genial e pervertido Dr. Edward Pretorius (Ted Sorel) que
trabalham em uma máquina chamada ressonador, capaz de estimular a glândula
pineal através de vibrações em uma frequência específica. A geringonça consegue
alterar a percepção e tornar visível outra dimensão paralela, cheia de
criaturas bizarras (ao melhor estilo Lovecraft) que convivem concomitantemente
com nossa realidade. Extasiado com os efeitos do ressonador, como Pretorius
alardeia, alguma coisa vem dessa dimensão (que não sabemos o que é) e resulta
em sua morte. Tillinghast é internado aos cuidados da Dra. Bloch (Carolyn
Purdy-Gordon) e metido em uma camisa de força dentro de uma sala acolchoada.
Como estava sob custódia policial, a proeminente Dra. Katherine McMichaels
(Barabara Crampton) é chamada para ajudar nas investigações e junto com o
policial Bubba Brownlee (Ken Foree) resolvem voltar à casa de Pretorius para
provar a teoria de Tillinghast de que realmente alguma coisa veio de outra
dimensão e comeu a cabeça de Pretorius. Repetindo a experiência, todos
descobrem essa dimensão paralela que só mostra-se visível por meio do estímulo
da pineal, funcionando como uma espécie de terceiro olho, e que também desperta
o apetite sexual dos envolvidos, e então vemos que Pretorius se transformou em
uma asquerosa criatura amorfa que tem o interesse em fundir os dois mundos. Com
uma pegada completamente bondage, Do Além mistura brilhantemente
sexo e nojeira, extrapolando os limites do fetiche pelo sexo e pela carne
humana e a busca por experiências extrassensoriais e mundos paralelos cheio de
bizarrices e criaturas terríveis que espreitam nos cantos. Sem dúvida um dos
pontos mais interessantes é a pegada visual meio O Enigma de Outro Mundo (que por si já tem toda uma
inspiração de Lovecraft), muito por conta da excelente maquiagem e efeitos
visuais, principalmente a criatura a qual Pretorius se transforma, feita por
Mark Shostrom (que ainda nos anos 80 fez maquiagem de A Hora do Pesadelo, Videodrome – A Síndrome do Vídeo e Uma Noite Alucinante). Além disso, vale a pena
destacar a cena em que Bubba é atacado por um enxame de insetos dimensionais
que devoram toda a sua carne e quando Combs, após a experiência dar
terrivelmente errado, começa a ficar deformado e desenvolve uma glândula pineal
saliente, lhe dando um apetite por cérebro humano. Nisso, a nojeira impera
quando flagramos o outrora cientista comendo cérebros no laboratório de
patologia e depois sugando a massa encefálica da Dra. Bloch pelo orifício
ocular. É sensacional! E falando especificamente dessa cena, ela só pode ser
apreciada em todo seu esplendor gore,
como diversas outras cenas, na versão uncut, restaurada em DVD pelo falecido canal à cabo americano
Monster HD, apenas muitos anos depois de seu lançamento, já que no cinema uma
versão editada para não tomar uma classificação X do MPAA fora exibida, e mesma
coisa quando seu lançamento em VHS. Outro ponto que sempre vale é a sacanagem,
vendo a loirinha Barbara Crampton vestida de roupa de couro e fio dental, toda
lasciva e cheia de amor para dar por conta da pineal hiper estimulada. E
coitada das personagens da atriz nas mãos do diretor Stuart Gordon, hein?
Enquanto em Re-Animator a
moçoila ganha uma cunilíngua de uma cabeça decepada, aqui ela é bulinada pelo
monstrengão disforme todo cheio de dedos querendo algo a mais. O conto
original Do Além tem
apenas sete páginas, e basicamente está concentrado apenas nos primeiros
minutos do filme. Depois é mérito total de Gordon, Yuzna e o roteirista Dennis
Paoli por ter desenvolvido tão brilhantemente o resto da história, com toda a
liberdade poética de explorar as criaturas, os efeitos nocivos do ressonador, a
loucura de buscar por portas que nunca deveriam ser abertas por nós (tão
tipicamente comum na obra de Lovecraft) e essa pegada sexual e fetichista, nos
brindando com um visceral, sangrento e impactante filme de terror.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/08/28/509-do-alem-1986/
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