Direção: Joel Schumacher
Roteiro: Janice Fischer, James Jeremias,
Jeffrey Boam
Produção: Harvey Bernard; John Hyde,
Mark Damon (Coprodutores Executivos); Richard Donner (Produtor Executivo)
Elenco: Jason
Patric, Corey Haim, Dianne West, Bernard Hughes, Edward Herrmann, Kiefer
Sutherland, Jami Gertz, Corey Feldman
Os Garotos Perdidos é talvez o filme de vampiro que mais
tenha marcado a minha geração. Afinal, como já diz a tagline do
mesmo: dormir de dia e festejar à noite, nunca envelhecer e nunca morrer. É
demais ser vampiro! E eram demais mesmo aqueles vampiros punks góticos
liderados por David (Kiefer Sutherland) que faziam suas vítimas nas noites da
decadente praia de Santa Carla. E outro detalhe que torna o filme tão querido é
que além dos momentos soturnos da vampirada (embalados pela música de Echo
& The Bunnymen) ainda há todo o drama adolescente de aceitação e as
peripécias da duplinha querida dos anos 80: Corey Haim e Corey Feldman (que
junto com Jamison Newlander formaram a inesquecível dupla caçadora de vampiros
mirins Irmãos Frog). E isso sim era filme de vampiro para adolescente, não umas
aberrações que vimos por aí ultimamente criados por uma mórmon acéfala. Certamente
o sucesso de Os Goonies catapultou a realização de Os Garotos
Perdidos. Richard Donner, diretor do outro clássico da Sessão da Tarde aqui é o
produtor executivo, que entregou a direção a cargo de um jovem Joel Schumacher
(por ter optado em dirigirMáquina Mortífera) o qual ainda nem passava pela
cabeça acabar com a imagem do Batman nos cinemas. Trocaram-se os piratas e a
aventura para toda a família, para as criaturas das trevas, completamente
imersos nos aspectos culturais e (principalmente) visuais da década de 80 (com
os vampiros e suas jaquetas de couro, óculos de aros redondos e Wayfarers e
brincos em uma orelha só). Na real, a ideia original escrita por Jan Fischer e
James Jeremias realmente previa que os heróis seriam garotos da 5ª série à la
Goonies, com os irmãos Frog sendo gordinhos escoteiros e por aí vai. Schumacher
detestou, fez pressão nos produtores e só assinou o contrato para dirigir se
fossem alterados para adolescentes e tornassem os personagens mais sexys e
interessantes. Detalhe que ele foi a segunda escolha após o declínio de Donner.
Mary Lambert deixou a cadeira de diretor vaga por “diferenças criativas”. Na
verdade o principal aspecto que pode se acrescentar no universo dos vampiros
foi a questão deles andarem em tribos. O status quo dos vampiros popularizado
muito pela Hammer a partir dos anos 50 mostrava a criatura das trevas como um
ser solitário, que vivia rodeado de seu aparato gótico costumeiro. Nos anos 70,
a primeira quebra de paradigma veio ao trazer o morto-vivo para o meio da
sociedade moderna, mas ainda assim limitados a um criador e uma criatura (ou
servo), mas foi só nos anos 80, e principalmente em Os Garotos Perdidos,
que ele se juntaram em bando para caçar, se divertir, viver um estilo de vida
anárquico e cultural e até ditar moda. Na trama, Lucy (Dianne West) muda-se
para a cidade costeira da Califórnia com seus dois filhos, o jovem rebelde
Michael (Jason Patric) e o pré-adolescente Sam (Haim) para viver com seu pai, o
Vovô (Barnard Hughes) na tentativa de reconstruir sua vida após o divórcio.
Acontece que logo Michael se sente atraído pela cigana Star (Jami Gertz) que
anda na companhia de David e seus vampiros. O rapaz para tentar se encaixar
acaba entrando para a gangue de motoqueiros e não tarda para ser transformado
em um chupador de sangue. Os únicos que poderão combater o terrível mal que
nunca morre são os já citados irmãos Frog, Edgar (Feldman) e Alan (Newlander),
nomes batizados em homenagem ao Edgar Alan Poe, claro. Claro que ninguém
acredita nos dois, muito menos Sam. Mas quando ele descobre que seu irmão se
transformou em um vampiro, mas diferente dos demais, um vampiro de bom coração
que não quer matar humanos e deixar se levar pela maldade, se junta aos Frog,
munidos de crucifixos, água benta e alho, na busca pelo vampiro mestre, aquele
responsável por transformar toda a corja, uma vez que se ele for destruído, o
efeito se dissipará e Michael voltará ao normal. Mas claro que como estamos na
famigerada década o possível horror e o gore de Os Garotos
Perdidos foi posto completamente de lado para se enquadrar naquele padrão
de filmes mais leves da década. Mesmo que recheado de humor negro, com o visual
assustador do grupo de vampiros e um ou outro clima sombrio de suspense, é tudo
em nome diversão e dos baldes de pipoca até seu final. Não que seja um
demérito, pois acabou sendo conduzido de forma muito competente por Schumacher.
Sucesso absoluto, faturando mais de 32 milhões de dólares de bilheteria, Os
Garotos Perdidos tornou-se um filme cultuado por toda uma geração, retrata
perfeitamente os anos 80 (para o bem e para o mal), e continua angariando novos
adeptos até hoje. Quanto as suas continuações caça-níqueis direto para o DVD
mais de vinte anos depois, me poupo de qualquer comentário (até porque nunca
tive o desprazer de assisti-las também).
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/09/27/532-os-garotos-perdidos-1987/
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