terça-feira, 8 de março de 2016

SOUTHBOUND (EUA, 2016)


Em 2012, um grupo de produtores encabeçados por Brad Miska e Roxanne Benjamin concebeu a antologia de horror V/H/S, que teve segmentos dirigidos por Adam Wingard e Ti West, entre outros. O diferencial deste filme foi utilizar a estética dos found footage, criando supostos contos sobrenaturais registrados em vídeo encontrados em uma casa misteriosa. O filme foi sucesso e obteve duas sequências ao longo dos dois anos seguintes, sendo a segunda parte a mais aclamada. Passados dois anos desde o sucesso inicial de V/H/S, Miska e Roxanne se reuniram mais uma vez com alguns outros produtores, incluindo aí Chris Harding, Radio Silence e Greg Newman, para criar Southbound, uma nova antologia de horror. Em produção desde 2014 e abandonando a ideia das fitas encontradas, este novo filme tem como foco os acontecimentos macabros que se passam em uma rodovia nos Estados Unidos. Southbound apresenta um total de cinco segmentos, ou contos, que exploram diferentes formas do mal se manifestando na vida de algumas pessoas aparentemente comuns e sem ligação entre si, que tiveram a infelicidade de ir parar naquela rodovia. O segmento que abre o longa se chama The Way Out e foi escrito e dirigido por integrantes do Radio Silence, um coletivo composto por quatro cineastas que também trabalharam em V/H/S. O conto acompanha dois homens em fuga que são constantemente perseguidos por estranhos seres. The Way Out não tem o menor medo de abraçar seu lado sobrenatural e não se preocupa em dar explicações simplórias. Estabelecida a atmosfera e a sensação de perigo, o que resta é observar a aproximação do mal. Se existe algo que falta no horror atualmente são criaturas e entidades malignas visualmente interessantes, que fogem do padrão do assassino mascarado, da mulher possuída ou do fantasma. O maior mérito de The Way Out é oferecer algo nesse sentido, uma forma maligna diferente do convencional, mas que ainda é familiar o suficiente para ser cool. O encerramento do primeiro segmento imediatamente se conecta com a segunda parte, quando nos é apresentado uma banda em viagem, composta por três amigas. Esse é o segmento mais “feminino” da história, no sentido de ser escrito, dirigido e protagonizado por mulheres. Roxanne Benjamin é a grande mente por trás de Siren, conto que mostra três amigas viajando em turnê e que por obra do destino se veem hospedadas na casa de uma família no mínimo bizarra. Esse é uma das partes mais bem amarradas e construídas de todo o filme, além de apresentar um conceito que funcionaria muito bem em um longa-metragem. Mais uma vez o final e o começo dos segmentos se misturam completamente. Continuação direta de Siren, The Accident muda o foco central e leva o espectador na jornada mais sombria e intensa de todo o filme. Após atropelar uma jovem mulher, um homem desesperado resolve leva-la ao hospital mais próximo, enquanto é auxiliado por uma telefonista. A jornada para salvar a vida da mulher se prova completamente insana e surreal. Escrito e dirigido por David Bruckner,The Accident é criativo, bem escrito e super atmosférico, definitivamente o melhor que Southbound tem a oferecer. Uma característica quase inerente das antologias é a inconsistência do filme como um todo. Ao misturar diferentes temas e diferentes visões dentro da mesma obra, é difícil obter um resultado totalmente coeso. Com exceção talvez das duas grandes maiores antologias do horror, Kwaidane As Três Máscaras do Terror, praticamente todas as antologias oscilam em qualidade. Não seria diferente com Southbound. A conexão feita entre The Accident e o segmento seguinte, Jailbreak, é um bocado forçada e quebra a fluidez do filme tão bem desenvolvida até então. O próprio segmento que foi dirigido por Patrick Horvath é uma bagunça só. Um homem invade um bar apontando uma arma para os presentes e demandando que estes o levem até sua irmã, desaparecida há anos. Existem alguns elementos sobrenaturais presentes ao longo do conto, mas nenhum deles é explorado de forma realmente interessante. O resultado é um desperdício de potencial e o “elo fraco” do longa. O último segmento The Way In, também dirigido pelo coletivo Radio Silence, retorna ao começo do filme, mostrando acontecimentos anteriores aos de The Way Out. Enquanto a primeira parte se passava na rodovia, explorando o local com maestria, este último segmento se passa quase que inteiramente dentro de uma casa, o que definitivamente tirou um pouco do impacto. Mas, aquele elemento sobrenatural citado lá no começo desta análise, retorna com força total aqui, respondendo à algumas questões que foram levantadas logo no começo do filme. O resultado final de Southbound é definitivamente acima da média, com certeza terá lugar de destaque entre os grandes filmes de terror de 2016, além de ser uma antologia digna de nota. Como praticamente todos os filmes do tipo, a experiência oscila, mas bem pouco se comparada a outras obras do tipo. Vale a pena mencionar que Southbound apresenta um mal todo-poderoso e não tenta de forma alguma dar explicações fáceis, deixando bastante coisa por conta da imaginação do espectador.
FONTE: https://101horrormovies.com/2016/02/26/review-2016-11-southbound/

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