quinta-feira, 3 de março de 2016

#498 1985 OLHOS DE GATO (Cat’s Eye, EUA)


Direção: Lewis Teague
Roteiro: Stephen King
Produção: Dino De Laurentiis e Martha De Laurentiis, Milton Subotsky (Coprodutor)
Elenco: Drew Barrymore, James Woods, Alan King, Kenneth McMillan, Robert Hays, Candy Clark, James Naughton

Gatos sempre estiveram presentes na literatura gótica e no cinema de terror (Edgar Allan Poe está aí que não me deixa mentir). Stephen King é um desses sujeitos que adora utilizar o bichano em seus contos, livros, filmes e etc. Em Olhos de Gato, mais uma produção do poderoso Dino de Laurentiis, o felino é o fio condutor de três histórias escritas pelo Mestre do Terror. Com Lewis Teague na direção, que já havia dirigido uma adaptação de King anteriormente, Cujo, essa antologia do terror é bem divertida e satisfatória, figurando como uma das boas películas que tem o nome do escritor do Maine envolvido. Lembro-me da primeira vez que vi Olhos de Gato, cujo meu primo mais velho sempre me falava sobre “o filme do duende que rouba o ar da menina” e me despertava uma baita curiosidade em assisti-lo. Nunca conseguia encontrar em nenhuma locadora (nem sei ao certo se chegou a ser lançado em VHS no Brasil) até que certo dia me deparo com a revista de programação da NET e descubro que ele seria exibido tarde da madrugada (acho que umas 3h) na saudosíssima sessão de filmes de terror da TNT chamada TNT Delirium, isso lá para o final dos anos 90. Lutei contra todas as forças do sono, programei o videocassete para gravar (pois eu colecionava todos os filmes de King em VHS) e consegui matar minha curiosidade em vê-lo. Um pequeno prólogo nos mostra um gato que telepaticamente recebe o chamado de socorro de uma garotinha em perigo, Amanda, vivida pela infante Drew Barryomre (papel escrito sob medida por King após a garotinha ter feitoChamas da Vingança). Interessante é caçar os vários easter eggs que funcionam como homenagem ao próprio universo do escritor no decorrer do longa. Nesse prólogo vemos o gato sendo perseguido por um São Bernardo raivoso (Cujo) e quase é atropelado por um Plymouth Fury vermelho (Christine – O Carro Assassino). Vamos acompanhar o animal em três histórias completamente diferentes, viajando pelos EUA até chegar ao seu destino. A primeira delas é uma adaptação do conto “Ex-Fumantes Ltda”, retirado do livro “Sombras da Noite”, onde Dick Morrison (papel do excelente James Woods), fumante inveterado que tentar largar o vício é apresentado a um grupo de ajuda chamado Quitters Inc., que utiliza de métodos nada ortodoxos (porém com uma taxa de 98% de sucesso) para que a pessoa largue o cigarro. Administrada pelo nesfasto Vinny Donatti (Alan King), o sujeito coloca seus capangas na bota de Morrison, e no primeiro deslize, sua esposa seria levada até a sede e colocada em uma sala onde seria eletrocutada, tal qual demonstração feita para Morrison anteriormente com um gato (o mesmo gato protagonista). Caso ele caia em tentação novamente, será a vez da filha dele. Mais uma vez, sua esposa será estuprada, e na quarta-vez (onde apenas 2% dos clientes chegaram), ele será “mandando para o andar de cima”, segundo Donnati. Morrison fica paranoico, acha que a todo momento está sendo perseguido, em casa, no trânsito, na escola de sua filha, e chega até a surtar em uma cena memorabilíssima quando vê todo mundo em uma festa fumando compulsivamente (até crianças), embalados pela música “Every Breath You Take” do The Police. Gênio! Para os mais atentos, certo momento do longa, Morrisson está assistindo na televisão A Hora da Zona Morta e solta um: “quem escreveu essa porcaria?”. O segundo segmento, também retirado de um conto do livro “Sombras da Noite”, “O Ressalto”, é estritamente não recomendado para aqueles com acrofobia e traz o infortúnio de Johnny Norris (Ted Hays, o eterno Ted Stryker), ex-tenista profissional envolvido em um escândalo com drogas, que se dá mal ao se tornar amante da esposa de Cressner (Kenneth McMillan) um perigoso mafioso apostador compulsivo. Capturado antes de poder fugir com a moça, o escroque lhe propõe uma aposta: Norris deverá atravessar todo o prédio equilibrado em um parapeito de 13 centímetros, e se conseguir o feito, fica com “a garota, o relógio de ouro e todo o resto”, referencia ao título do filme estrelado por Hays, The Girl, the Golden watch and Everything. Claro que Cressner fará todo o possível, como assustá-lo com uma buzina e jogar um jato de mangueira, para que o herói caia e se esborrache lá embaixo. Isso sem contar uma maldita pomba que aparecerá para atrapalhar mais ainda seu percurso. Curiosidade que certo momento Cressner joga um exemplar da revista Penthouse sobre a mesa, exatamente a edição de julho de 1976, onde originalmente o mesmo conto fora publicado. Por fim, o conto final é uma história original de King e a única com apelo ao fantástico. Depois de todas as desventuras, o gato heroico chega até a residência da pequena Amanda, que o adota e lhe dá o nome de General, mesmo a contragosto de sua mãe (que deve ter ficado impressionada com seu livro de cabeceira, “O Cemitério”, o qual aparece lendo em uma cena). Acontece que o gato irá travar uma terrível batalha com um vilanesco troll (ou duende mesmo, se você preferir), criação bem da meia boca do mestre Carlo Rambladi, que se alimenta da energia vital da menina, roubando-a enquanto dorme. Originalmente o conto Às Vezes Eles Voltamestava programado para também fazer parte da antologia, mas Laurentiis viu um enorme potencial para a história e resolveu banca-lo como um longa solo que seria lançado seis anos depois. Olhos da Gato é uma boa pedida para os fãs de Stephen King. Correto, com algumas sacanas muito interessantes, um grupo de atores que casam perfeitamente com seus papeis e dão um bom andamento ao filme, e funciona muito bem como um entretenimento despretensioso.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/08/13/498-olhos-de-gato-1985/

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