Direção: Lewis Teague
Roteiro: Stephen King
Produção: Dino De Laurentiis e Martha De Laurentiis,
Milton Subotsky (Coprodutor)
Elenco: Drew Barrymore, James Woods, Alan King,
Kenneth McMillan, Robert Hays, Candy Clark, James Naughton
Gatos sempre estiveram presentes na literatura
gótica e no cinema de terror (Edgar Allan Poe está aí que não me deixa mentir).
Stephen King é um desses sujeitos que adora utilizar o bichano em seus contos,
livros, filmes e etc. Em Olhos de Gato, mais
uma produção do poderoso Dino de Laurentiis, o felino é o fio condutor de três
histórias escritas pelo Mestre do Terror. Com Lewis Teague na direção, que já
havia dirigido uma adaptação de King anteriormente, Cujo, essa antologia do terror é bem divertida e
satisfatória, figurando como uma das boas películas que tem o nome do escritor
do Maine envolvido. Lembro-me da primeira vez que vi Olhos de Gato, cujo meu primo mais
velho sempre me falava sobre “o filme do duende que rouba o ar da menina” e me
despertava uma baita curiosidade em assisti-lo. Nunca conseguia encontrar em
nenhuma locadora (nem sei ao certo se chegou a ser lançado em VHS no Brasil)
até que certo dia me deparo com a revista de programação da NET e descubro que
ele seria exibido tarde da madrugada (acho que umas 3h) na saudosíssima sessão
de filmes de terror da TNT chamada TNT Delirium, isso lá para o final dos anos
90. Lutei contra todas as forças do sono, programei o videocassete para gravar
(pois eu colecionava todos os filmes de King em VHS) e consegui matar minha
curiosidade em vê-lo. Um pequeno prólogo nos mostra um gato que telepaticamente
recebe o chamado de socorro de uma garotinha em perigo, Amanda, vivida pela
infante Drew Barryomre (papel escrito sob medida por King após a garotinha ter
feitoChamas
da Vingança).
Interessante é caçar os vários easter
eggs que funcionam como homenagem ao próprio universo do escritor
no decorrer do longa. Nesse prólogo vemos o gato sendo perseguido por um São
Bernardo raivoso (Cujo) e quase
é atropelado por um Plymouth Fury vermelho (Christine – O Carro Assassino). Vamos acompanhar o animal em três histórias
completamente diferentes, viajando pelos EUA até chegar ao seu destino. A primeira
delas é uma adaptação do conto “Ex-Fumantes Ltda”, retirado do livro “Sombras
da Noite”, onde Dick Morrison (papel do excelente James Woods), fumante
inveterado que tentar largar o vício é apresentado a um grupo de ajuda chamado
Quitters Inc., que utiliza de métodos nada ortodoxos (porém com uma taxa de 98%
de sucesso) para que a pessoa largue o cigarro. Administrada pelo nesfasto
Vinny Donatti (Alan King), o sujeito coloca seus capangas na bota de Morrison,
e no primeiro deslize, sua esposa seria levada até a sede e colocada em uma
sala onde seria eletrocutada, tal qual demonstração feita para Morrison
anteriormente com um gato (o mesmo gato protagonista). Caso ele caia em
tentação novamente, será a vez da filha dele. Mais uma vez, sua esposa será estuprada,
e na quarta-vez (onde apenas 2% dos clientes chegaram), ele será “mandando para
o andar de cima”, segundo Donnati. Morrison fica paranoico, acha que a todo
momento está sendo perseguido, em casa, no trânsito, na escola de sua filha, e
chega até a surtar em uma cena memorabilíssima quando vê todo mundo em uma
festa fumando compulsivamente (até crianças), embalados pela música “Every
Breath You Take” do The Police. Gênio! Para os mais atentos, certo momento do
longa, Morrisson está assistindo na televisão A Hora da Zona Morta e solta um: “quem escreveu essa porcaria?”. O
segundo segmento, também retirado de um conto do livro “Sombras da Noite”, “O
Ressalto”, é estritamente não recomendado para aqueles com acrofobia e traz o
infortúnio de Johnny Norris (Ted Hays, o eterno Ted Stryker), ex-tenista
profissional envolvido em um escândalo com drogas, que se dá mal ao se tornar
amante da esposa de Cressner (Kenneth McMillan) um perigoso mafioso apostador
compulsivo. Capturado antes de poder fugir com a moça, o escroque lhe propõe
uma aposta: Norris deverá atravessar todo o prédio equilibrado em um parapeito
de 13 centímetros, e se conseguir o feito, fica com “a garota, o relógio de
ouro e todo o resto”, referencia ao título do filme estrelado por Hays, The Girl, the Golden watch and Everything.
Claro que Cressner fará todo o possível, como assustá-lo com uma buzina e jogar
um jato de mangueira, para que o herói caia e se esborrache lá embaixo. Isso
sem contar uma maldita pomba que aparecerá para atrapalhar mais ainda seu
percurso. Curiosidade que certo momento Cressner joga um exemplar da revista
Penthouse sobre a mesa, exatamente a edição de julho de 1976, onde
originalmente o mesmo conto fora publicado. Por fim, o conto final é uma
história original de King e a única com apelo ao fantástico. Depois de todas as
desventuras, o gato heroico chega até a residência da pequena Amanda, que o
adota e lhe dá o nome de General, mesmo a contragosto de sua mãe (que deve ter
ficado impressionada com seu livro de cabeceira, “O Cemitério”, o qual aparece
lendo em uma cena). Acontece que o gato irá travar uma terrível batalha com um
vilanesco troll (ou duende mesmo, se você preferir), criação bem da meia boca
do mestre Carlo Rambladi, que se alimenta da energia vital da menina,
roubando-a enquanto dorme. Originalmente o conto Às Vezes Eles Voltamestava programado para também fazer parte da
antologia, mas Laurentiis viu um enorme potencial para a história e resolveu
banca-lo como um longa solo que seria lançado seis anos depois. Olhos da Gato é uma boa pedida
para os fãs de Stephen King. Correto, com algumas sacanas muito interessantes,
um grupo de atores que casam perfeitamente com seus papeis e dão um bom
andamento ao filme, e funciona muito bem como um entretenimento despretensioso.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/08/13/498-olhos-de-gato-1985/
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