Direção: Tobe Hooper
Roteiro: Dan O’Bannon, Don Jakoby
Produção:
Yoram Globus, Menahem Golan; Edward L. Alperson Jr., Wade Williams (Produtores
Associados)
Elenco: Karen Black, Hunter Carson, Timothy Bottoms,
Laraine Newman, James Karen, Bud Cort, Louise Fletcher, Eric Pierpoint
Certamente a Internet é uma das invenções mais
maravilhosas da história da humanidade para os cinéfilos. Digo isso exatamente
por conta de um causo pessoal com Invasores de Marte, refilmagem de Tobe Hooper de um clássico do sci-fi B dos anos 50. Eu tinha
uma memória fragmentada de infância de quando certa noite, eu e toda a família
Brolia assistimos a um filme na Tela Quente, isso sei lá em qual ano, talvez
final dos anos 80 ou começo dos 90, de um filme de invasores alienígenas, o
qual eu tinha gravado no fotograma da minha memória uma cena muito específica:
um garotinho descobria que as pessoas estavam sob controle (ou substituídas,
não lembrava direito) dos alienígenas nefastos por terem um corte no pescoço e
ele pega de supetão uma professora engolindo um sapo. FIM. Era apenas isso que
eu lembrava e a dúvida de qual era esse filme ficou me martelando durante anos
e anos, algo típico da geração pré-Internet que via os filmes na TV aberta ou
alugava o VHS e depois não tinham como descobrir quais eram esses filmes que
marcaram sua infância e haviam sido esquecidos. Com o advento da Internet,
fóruns de discussões, Google, sites e blogs de filmes e claro, o portal de
valor incalculável para os fãs de cinema chamado iMDB, redescobrir filmes
tornou-se algo salutar. Uma pena que não posso dizer que a mesma experiência
satisfatória se mantém quando assistimos a esses filmes novamente. Mas na boa,
quando eu revi, logo nos créditos já descobri que não podia esperar muita
coisa. Primeiro pela forma como eles são apresentados. Segundo porque um filme
de Tobe Hooper, produzido pela Cannon dos picaretas Golan e Globus e com o
roteiro de Dan O’Bannon e Don Jakoby logo remete a mesma equipe responsável
por Força Sinistra (o filme da garota que fica
pelada o tempo inteiro), que foi outra desgraça da época que visto de novo mais
tarde foi uma chuva de decepção. E não dá outra. Se Invasores de Marte de William
Cameron Menzies funcionou lá em 1953 como um sci-fi trash metáfora do comunismo e medo nuclear com seus
marcianos vestido de macacão verde de plush e uma cabeça com tentáculos dentro de um aquário,
NUNCA que algo desse tipo daria certo na década de 80 e muito menos quando
assistido novamente já no século XXI. São drogas de marcianos, poxa vida. Em 50
ninguém sabia nada do espaço. Não venha agora com a ideia de que há vida
inteligente no planeta vermelho vivendo no subterrâneo que não cola. E por mais
que essa refilmagem seja uma homenagem rasgada ao clássico, mantendo os mesmos
elementos (o mais legal indiscutivelmente é o caminho atrás da janela da casa
do garoto que dá para a colina em que o OVNI pousou), não dá para engolir.
Ainda mais depois de algo no patamar de O Enigma de Outro Mundo de John Carpenter haver
sido produzido anos antes, outro remake de um sci-fi dos 50’s, que atualiza o filme e transforma-o em um
dos melhores do cinema de terror de todos os tempos. O que exatamente erra, e
erra feio em Invasores de Marte é
justamente o fato de não atualizá-lo e inseri-lo em um diferente contexto,
mesmo que mantendo o foco na premissa inicial. Na trama, o garoto Davis Gardner
(Hunter Carson) é testemunha ocular de uma nave espacial aterrissando bem atrás
do seu quintal. Seu pai, George (Timothy Bottoms), que coincidentemente é da
NASA, vai verificar e começa a apresentar um comportamento estranho, porque
nele foi implantado na base da nunca uma espécie de transmissor capaz de
controlar sua mente. Sua mãe, Ellen (Laraine Newman) é a próxima e assim
sucessivamente a cidade passa a ser tomada por alienígenas desprovidos de
emoções que querem tomar o planeta e roubar nosso cobre para usar como fonte de
energia. A única que acredita em Davis é a professora Linda Magnusson, vivida
pela Scream Queen, Karen
Black, e o general Wilson (James Karen – que você deve conhecer muito mais
por A Volta dos Mortos-Vivos, dirigido por O’Bannon,
roteirista do filme). O exército resolve adentrar o covil dos alienígenas e
mandar tudo para os ares. Apesar de
Hooper conseguir mandar muito bem nas cenas de suspense, construindo um clima
bastante intrigante com a pequena conspiração se formando, o comportamento
estranho dos moradores da cidade e tudo mais, realmente erra quando somos
apresentados aos marcianos em sua forma extraterrestre. Sério, é de baixíssimo
nível e nem por mais fã que você seja de trasheira consegue achar legal aqueles
monstrengos que parecem uma planta carnívora com DDA (onde pasmem, era uma
roupa com duas pessoas dentro, uma menor sendo carregada no ombro por outra
maior) ou então aquela inteligência suprema alienígena, que ao invés de uma
cabeça verde em um aquário, é um não muito melhor cérebro vitaminado que parece
o Krang, inimigo das Tartarugas Ninja. É patético. E o pior, tem o dedo do mago
Stan Wiston na criação dos efeitos especiais, enquanto fazia concomitantemente
nada mais nada menos que Aliens – O Resgate. O viés deveria ser
completamente diferente (uma coisa mais parecida talvez com Os Invasores de Corpos, outra refilmagem de um sci-fi dos anos 50) e não esse
uma ode ao mau gosto. Volto a repetir, não funciona nem um pouco em um filme
dos anos 80. Até o final canalha foi mantido. Mas de novo, o que esperar dos
envolvidos? Resultado da equação: 12 milhões de dólares de orçamento torrado,
por volta de apenas quatro milhões em bilheteria, mais uma bomba para o cânone
da Cannon (hein? Hein?) e mais uma vergonha na filmografia de Hooper, que vê o
sucesso de O Massacre da Serra Elétrica cada vez mais anos luz de
distância, como se tivesse sido feito em Marte.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/09/02/512-invasores-de-marte-1986/
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