sábado, 19 de março de 2016

#512 1986 INVASORES DE MARTE (Invaders from Mars, EUA)


Direção: Tobe Hooper
Roteiro: Dan O’Bannon, Don Jakoby
Produção: Yoram Globus, Menahem Golan; Edward L. Alperson Jr., Wade Williams (Produtores Associados)
Elenco: Karen Black, Hunter Carson, Timothy Bottoms, Laraine Newman, James Karen, Bud Cort, Louise Fletcher, Eric Pierpoint

Certamente a Internet é uma das invenções mais maravilhosas da história da humanidade para os cinéfilos. Digo isso exatamente por conta de um causo pessoal com Invasores de Marte, refilmagem de Tobe Hooper de um clássico do sci-fi B dos anos 50. Eu tinha uma memória fragmentada de infância de quando certa noite, eu e toda a família Brolia assistimos a um filme na Tela Quente, isso sei lá em qual ano, talvez final dos anos 80 ou começo dos 90, de um filme de invasores alienígenas, o qual eu tinha gravado no fotograma da minha memória uma cena muito específica: um garotinho descobria que as pessoas estavam sob controle (ou substituídas, não lembrava direito) dos alienígenas nefastos por terem um corte no pescoço e ele pega de supetão uma professora engolindo um sapo. FIM. Era apenas isso que eu lembrava e a dúvida de qual era esse filme ficou me martelando durante anos e anos, algo típico da geração pré-Internet que via os filmes na TV aberta ou alugava o VHS e depois não tinham como descobrir quais eram esses filmes que marcaram sua infância e haviam sido esquecidos. Com o advento da Internet, fóruns de discussões, Google, sites e blogs de filmes e claro, o portal de valor incalculável para os fãs de cinema chamado iMDB, redescobrir filmes tornou-se algo salutar. Uma pena que não posso dizer que a mesma experiência satisfatória se mantém quando assistimos a esses filmes novamente. Mas na boa, quando eu revi, logo nos créditos já descobri que não podia esperar muita coisa. Primeiro pela forma como eles são apresentados. Segundo porque um filme de Tobe Hooper, produzido pela Cannon dos picaretas Golan e Globus e com o roteiro de Dan O’Bannon e Don Jakoby logo remete a mesma equipe responsável por Força Sinistra (o filme da garota que fica pelada o tempo inteiro), que foi outra desgraça da época que visto de novo mais tarde foi uma chuva de decepção. E não dá outra. Se Invasores de Marte de William Cameron Menzies funcionou lá em 1953 como um sci-fi trash metáfora do comunismo e medo nuclear com seus marcianos vestido de macacão verde de plush e uma cabeça com tentáculos dentro de um aquário, NUNCA que algo desse tipo daria certo na década de 80 e muito menos quando assistido novamente já no século XXI. São drogas de marcianos, poxa vida. Em 50 ninguém sabia nada do espaço. Não venha agora com a ideia de que há vida inteligente no planeta vermelho vivendo no subterrâneo que não cola. E por mais que essa refilmagem seja uma homenagem rasgada ao clássico, mantendo os mesmos elementos (o mais legal indiscutivelmente é o caminho atrás da janela da casa do garoto que dá para a colina em que o OVNI pousou), não dá para engolir. Ainda mais depois de algo no patamar de O Enigma de Outro Mundo de John Carpenter haver sido produzido anos antes, outro remake de um sci-fi dos 50’s, que atualiza o filme e transforma-o em um dos melhores do cinema de terror de todos os tempos. O que exatamente erra, e erra feio em Invasores de Marte é justamente o fato de não atualizá-lo e inseri-lo em um diferente contexto, mesmo que mantendo o foco na premissa inicial. Na trama, o garoto Davis Gardner (Hunter Carson) é testemunha ocular de uma nave espacial aterrissando bem atrás do seu quintal. Seu pai, George (Timothy Bottoms), que coincidentemente é da NASA, vai verificar e começa a apresentar um comportamento estranho, porque nele foi implantado na base da nunca uma espécie de transmissor capaz de controlar sua mente. Sua mãe, Ellen (Laraine Newman) é a próxima e assim sucessivamente a cidade passa a ser tomada por alienígenas desprovidos de emoções que querem tomar o planeta e roubar nosso cobre para usar como fonte de energia. A única que acredita em Davis é a professora Linda Magnusson, vivida pela Scream Queen, Karen Black, e o general Wilson (James Karen – que você deve conhecer muito mais por A Volta dos Mortos-Vivos, dirigido por O’Bannon, roteirista do filme). O exército resolve adentrar o covil dos alienígenas e mandar tudo para os ares.  Apesar de Hooper conseguir mandar muito bem nas cenas de suspense, construindo um clima bastante intrigante com a pequena conspiração se formando, o comportamento estranho dos moradores da cidade e tudo mais, realmente erra quando somos apresentados aos marcianos em sua forma extraterrestre. Sério, é de baixíssimo nível e nem por mais fã que você seja de trasheira consegue achar legal aqueles monstrengos que parecem uma planta carnívora com DDA (onde pasmem, era uma roupa com duas pessoas dentro, uma menor sendo carregada no ombro por outra maior) ou então aquela inteligência suprema alienígena, que ao invés de uma cabeça verde em um aquário, é um não muito melhor cérebro vitaminado que parece o Krang, inimigo das Tartarugas Ninja. É patético. E o pior, tem o dedo do mago Stan Wiston na criação dos efeitos especiais, enquanto fazia concomitantemente nada mais nada menos que Aliens – O Resgate. O viés deveria ser completamente diferente (uma coisa mais parecida talvez com Os Invasores de Corpos, outra refilmagem de um sci-fi dos anos 50) e não esse uma ode ao mau gosto. Volto a repetir, não funciona nem um pouco em um filme dos anos 80. Até o final canalha foi mantido. Mas de novo, o que esperar dos envolvidos? Resultado da equação: 12 milhões de dólares de orçamento torrado, por volta de apenas quatro milhões em bilheteria, mais uma bomba para o cânone da Cannon (hein? Hein?) e mais uma vergonha na filmografia de Hooper, que vê o sucesso de O Massacre da Serra Elétrica cada vez mais anos luz de distância, como se tivesse sido feito em Marte.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/09/02/512-invasores-de-marte-1986/

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