Direção: Stuart Gordon
Roteiro: Ed Naha
Produção: Brian Yuzna;
Bruce Cohn Curtis, Debra Dion, Michael Wolf (Produtores Associados); Charles
Band (Produtor Executivo)
Elenco: Ian Patrick
Williams, Carolyn Purdy-Gordon, Carrie Lorraine, Guy Rolfe, Hilary Mason,
Stephen Lee
Junte o diretor Stuart Gordon, o produtor Brian
Yuzna e a Empire Pictures de Charles Band e você provará com Bonecas
Macabras que um raio não cai pela terceira vez no mesmo lugar
definitivamente. Isso porque os dois filmes anteriores que envolvem esses três
nomes foram nada mais nada menos que Re-Animator –
A Hora dos Mortos-Vivos e Do Além, coincidentemente duas adaptações
da obra de H.P. Lovecraft, e que são dois dos maiores exemplares do gênero na
década. Portanto, não deixe de se enganar ao assistir Bonecas Macabras só
por conta de seus idealizadores, porque o filme é uma verdadeira porcaria, com
o selo de (falta) qualidade da Empire Pictures. Ao bem da verdade, Bonecas
Macabras fora filmado antes de Do Além, e gravado no mesmo set, mas
lançado depois, com um ano de diferença por conta do longo trabalho de
pós-produção nos (d)efeitos especiais das tais bonecas do título. E ainda bem
para Stuart Gordon que a película lovecraftiana saiu antes, porque isso aqui é
um queima filme desgraçado. O lance é que bonecas (de porcelana, de plástico ou
de pano) sempre foram algo meio sinistro e até faz florescer medos mais
profundos em um bocado de gente. Taí o longa Annabelle, spin-off de Invocação
do Mal, ou mesmo outros exemplares anteriores como o surreal A Boneca do Demônio,
os filmes com bonecos de ventríloquos do mal como Na Solidão da Noite ou Magia Negra mesmo o
sensacional conto da antologia de José Mojica Marins em O Estranho
Mundo de Zé do Caixão e até os manequins macabros de Armadilha
Para Turistas (produzido pelo próprio Charles Band). Mas o
problema é que apesar de alguns dos efeitos artesanais se mostrarem até bem
interessantes para a época, realmente tirando uma cena ou outra mais
impressionante, essas bonecas do filme não assustam ninguém. Primeiro porque o sucesso
do gore de Re-Animator – A Hora dos Mortos-Vivos fez com
que os produtores optassem por uma abordagem mais sangrenta e visceral do que o
próprio horror psicológico em si que poderia render muito mais ao filme,
explorando esse medo quase primitivo humano. Segundo porque o resultado final é
tão tosco, que só mesmo o riso involuntário, ainda mais por conta daquela velha
fórmula do “terrir” usada à exaustão nos anos 80 que em detrimento do suspense
e do sobrenatural, prefere fazer gracinhas a todo o momento e utilizar-se de
momentos de escracho e personagens caricatos exagerados. O roteiro escrito por
Ed Naha (que já havia contribuído de forma miserável para a Empire escrevendo o
pavoroso Troll – O Mundo do Espanto) consiste naquele clichê mais velho
que andar para frente, de um carro atolar na lama (também pode quebrar, é uma
das variáveis) no meio de uma tempestade e os ocupantes serem obrigados a
passar à noite em uma casa no meio do nada (que teve seu início lá na longínqua
década de 30 em A Casa Sinistra e
parodiado na década de 70 no memorável The Rocky
Horror Picture Show, entre dois exemplos). Estamos falando do casal,
David (Ian Patrick Williams) e Carolyn Purdy-Gordon (Rosemary) com sua filha
pequena, a pobrezinha Judy (Carrie Lorraine) que come o pão que o diabo amassou
com o pai e a madrasta megera podre de rica. O acontecimento que citei aí em
cima faz com que eles se abriguem da tempestade na casa do excêntrico casal de
velhinhos, Gabriel (Guy Rolfe) e Hilary (Hilary Mason) Hartwicke. Gabriel é um
construtor de bonecas e titeteiro à moda antiga e logo de cara nós saberemos
que há algo de errado com os dois e sua coleção. Juntam-se ao casal e filha, o
bonachão Ralph (Stephen Lee) e duas punks/góticas/clichês 80’s as quais o rapaz
deu carona, Isabel (Bunty Balley) e Enid (Cassie Stuart). Todos juntos na casa
para passar à noite, o roteiro que já era mais raso que um pires vai
completamente para o buraco enquanto um a um começa a ser morto da forma mais
criativa que a outra pelas bonequinhas outrora seres inanimados. Há todo um
maniqueísmo e lição de moral, pois os adultos vis e cruéis são vítimas e
aqueles que são crianças inocentes ou crianças crescidas, não sofrerão a ira
das miniaturas diabólicas. Não há nenhuma explicação aparente, magia negra,
possessão, ou o escambau que mostre o porquê daqueles brinquedos possuírem esse
instinto assassino. Dentre os momentos “sinto vergonha alheia de Stuart Gordon”
estão a morte da insuportável Rosemary (que convenhamos, você torce para aquele
entojo bater as botas desde a primeira vez que aparece em cena), que depois de
atacada pelas bonecas, ridiculamente pula direto pela janela, ou quando Enid é
fuzilada por soldadinhos de chumbo. Isso sem contar a patética cena em que Judy
imagina seu ursinho de pelúcia se transformando em uma mutante criatura gigante
e dilacerando pai e madrasta. O que se salva (pelo menos em termos técnicos),
além de uma ou outra cena sinistra envolvendo as marionetes, é a fatídica transformação
de David em boneco (ah, não vai reclamar que é SPOILER para um filme
desses, vai?). Eu costumo usar muito o iMDB para escrever os textos,
consultando sua ficha técnica. Sempre há resenhas dos leitores do site, e
quando entrei para procurar as informações sobre essa pérola, a primeira
resenha que apareceu tinha o título: “Melhor que Chucky ou Bonecos da Morte”.
Provavelmente o rapaz que escreveu isso está usando drogas. Porque Bonecas
Macabras é uma verdadeira porcaria.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/09/23/528-bonecas-macabras-1987/
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