quinta-feira, 24 de março de 2016

#528 1987 BONECAS MACABRAS (Dolls, EUA)


Direção: Stuart Gordon
Roteiro: Ed Naha
Produção: Brian Yuzna; Bruce Cohn Curtis, Debra Dion, Michael Wolf (Produtores Associados); Charles Band (Produtor Executivo)
Elenco: Ian Patrick Williams, Carolyn Purdy-Gordon, Carrie Lorraine, Guy Rolfe, Hilary Mason, Stephen Lee

Junte o diretor Stuart Gordon, o produtor Brian Yuzna e a Empire Pictures de Charles Band e você provará com Bonecas Macabras que um raio não cai pela terceira vez no mesmo lugar definitivamente. Isso porque os dois filmes anteriores que envolvem esses três nomes foram nada mais nada menos que Re-Animator – A Hora dos Mortos-Vivos e Do Além, coincidentemente duas adaptações da obra de H.P. Lovecraft, e que são dois dos maiores exemplares do gênero na década. Portanto, não deixe de se enganar ao assistir Bonecas Macabras só por conta de seus idealizadores, porque o filme é uma verdadeira porcaria, com o selo de (falta) qualidade da Empire Pictures. Ao bem da verdade, Bonecas Macabras fora filmado antes de Do Além, e gravado no mesmo set, mas lançado depois, com um ano de diferença por conta do longo trabalho de pós-produção nos (d)efeitos especiais das tais bonecas do título. E ainda bem para Stuart Gordon que a película lovecraftiana saiu antes, porque isso aqui é um queima filme desgraçado. O lance é que bonecas (de porcelana, de plástico ou de pano) sempre foram algo meio sinistro e até faz florescer medos mais profundos em um bocado de gente. Taí o longa Annabelle, spin-off de Invocação do Mal, ou mesmo outros exemplares anteriores como o surreal A Boneca do Demônio, os filmes com bonecos de ventríloquos do mal como Na Solidão da Noite ou Magia Negra mesmo o sensacional conto da antologia de José Mojica Marins em O Estranho Mundo de Zé do Caixão e até os manequins macabros de Armadilha Para Turistas (produzido pelo próprio Charles Band). Mas o problema é que apesar de alguns dos efeitos artesanais se mostrarem até bem interessantes para a época, realmente tirando uma cena ou outra mais impressionante, essas bonecas do filme não assustam ninguém. Primeiro porque o sucesso do gore de Re-Animator – A Hora dos Mortos-Vivos fez com que os produtores optassem por uma abordagem mais sangrenta e visceral do que o próprio horror psicológico em si que poderia render muito mais ao filme, explorando esse medo quase primitivo humano. Segundo porque o resultado final é tão tosco, que só mesmo o riso involuntário, ainda mais por conta daquela velha fórmula do “terrir” usada à exaustão nos anos 80 que em detrimento do suspense e do sobrenatural, prefere fazer gracinhas a todo o momento e utilizar-se de momentos de escracho e personagens caricatos exagerados. O roteiro escrito por Ed Naha (que já havia contribuído de forma miserável para a Empire escrevendo o pavoroso Troll – O Mundo do Espanto) consiste naquele clichê mais velho que andar para frente, de um carro atolar na lama (também pode quebrar, é uma das variáveis) no meio de uma tempestade e os ocupantes serem obrigados a passar à noite em uma casa no meio do nada (que teve seu início lá na longínqua década de 30 em A Casa Sinistra e parodiado na década de 70 no memorável The Rocky Horror Picture Show, entre dois exemplos). Estamos falando do casal, David (Ian Patrick Williams) e Carolyn Purdy-Gordon (Rosemary) com sua filha pequena, a pobrezinha Judy (Carrie Lorraine) que come o pão que o diabo amassou com o pai e a madrasta megera podre de rica. O acontecimento que citei aí em cima faz com que eles se abriguem da tempestade na casa do excêntrico casal de velhinhos, Gabriel (Guy Rolfe) e Hilary (Hilary Mason) Hartwicke. Gabriel é um construtor de bonecas e titeteiro à moda antiga e logo de cara nós saberemos que há algo de errado com os dois e sua coleção. Juntam-se ao casal e filha, o bonachão Ralph (Stephen Lee) e duas punks/góticas/clichês 80’s as quais o rapaz deu carona, Isabel (Bunty Balley) e Enid (Cassie Stuart). Todos juntos na casa para passar à noite, o roteiro que já era mais raso que um pires vai completamente para o buraco enquanto um a um começa a ser morto da forma mais criativa que a outra pelas bonequinhas outrora seres inanimados. Há todo um maniqueísmo e lição de moral, pois os adultos vis e cruéis são vítimas e aqueles que são crianças inocentes ou crianças crescidas, não sofrerão a ira das miniaturas diabólicas. Não há nenhuma explicação aparente, magia negra, possessão, ou o escambau que mostre o porquê daqueles brinquedos possuírem esse instinto assassino. Dentre os momentos “sinto vergonha alheia de Stuart Gordon” estão a morte da insuportável Rosemary (que convenhamos, você torce para aquele entojo bater as botas desde a primeira vez que aparece em cena), que depois de atacada pelas bonecas, ridiculamente pula direto pela janela, ou quando Enid é fuzilada por soldadinhos de chumbo. Isso sem contar a patética cena em que Judy imagina seu ursinho de pelúcia se transformando em uma mutante criatura gigante e dilacerando pai e madrasta. O que se salva (pelo menos em termos técnicos), além de uma ou outra cena sinistra envolvendo as marionetes, é a fatídica transformação de David em boneco (ah, não vai reclamar que é SPOILER para um filme desses, vai?). Eu costumo usar muito o iMDB para escrever os textos, consultando sua ficha técnica. Sempre há resenhas dos leitores do site, e quando entrei para procurar as informações sobre essa pérola, a primeira resenha que apareceu tinha o título: “Melhor que Chucky ou Bonecos da Morte”. Provavelmente o rapaz que escreveu isso está usando drogas. Porque Bonecas Macabras é uma verdadeira porcaria.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/09/23/528-bonecas-macabras-1987/

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