Direção: Bob Dahlin
Roteiro: Bob Dahlin
Produção: Peter L. Bergquist, Michel Billot,
Terrence Corey, David Levy, Robert Rock, Michael Herz e Lloyd Kaufman
(Produtores Executivos)
Elenco: Donald Grant, Denise DuBarry, Claude
Atkins, Howard Duff, Henry Gibson, Donald Moffat, Paul Walker
O Monstro do Armário é um daqueles clássicos do escracho
da Troma, a intrépida e sem noção produtora de Lloyd Kaufmann e Micahel Herz.
Fora isso, há todo aquele lado saudosista da nossa infância quando o filme era
sucesso entre a pivetada sendo exibido nas reprises do SBT. A tosquice come
solta do começo ao fim, e o grande trunfo da Troma em suas produções mambembes
de baixo orçamento e senso do ridículo nulo, é que eles sempre acertavam em
fazer paródias e nunca se levar a sério demais. Então, não espere um pingo de
horror neste clássico da podreira, e apenas cenas inverossímeis, sacadas
deliciosamente divertidas e muito do politicamente incorreto que norteava os
filmes da produtora. Dirigido e escrito por Bob Dahlin, O Monstro do
Armário em seu começo já mostra a que veio, com o tal monstro fazendo suas
primeiras vítimas, arrastando-as para dentro de seus armários e trucidando-as
(em off screen) enquanto joga longe suas roupas e pertences. E sendo
politicamente incorreta como a Troma é, a primeira vítima é uma adolescente de
fraternidade (que num rápido e hilário segundo vê-se um rapaz sendo jogado de
dentro do armário), um cachorro pastor alemão que é pregado na porta do armário
de um velho cego (papel relâmpago do veteraníssimo do terror John Carradine),
que seria a próxima vítima e uma garotinha, que pasme, é a Stacey “Fergie”
Ferguson do Black Eyed Peas com oito anos de idade. Um repórter, Richard Clark
(Donald Grant) que é um sósia do Clark Kent (e também uma tiração de sarro do
mesmo) e comedor inveterado do chocolate CRUNCH é o responsável por escrever os
obituários do Globo Diário (e não Planeta Diário), e certo dia, é sacanaeado
por seu editor e o jornalista mais bem sucedido do jornal, Scoop (Frank
Ashmore, famoso pela série V original) – que em inglês quer dizer
“furo de reportagem”, sendo mandando até o local dos crimes do monstro do
armário para investigar os acontecidos. Mal sabe que ele sim está prestes a ter
o maior furo de sua carreira. Junto da proeminente bióloga Profª Diana Bennett
(Denise DuBarry), do amalucado Dr. Pennyworth (Henry Gibson), uma espécie de
clone do Einstein esteriótipo do cientista biruta, do padre Finnegan (Howard
Duff), que fica segurando um crucifixo durante o filme todo, do Xerife
“cuspidor” Sam Ketchem (Claude Atkins), do General Turnbull (Donald Moffat) e
do pequeno gêniozinho “Professor” Bennet (que também pasmem, é interpretado por
Paul Walker, que mais tarde faria a franquia Velozes e Furiosos), eles
deverão impedir a trilha de cadáveres deixado pelo monstro, refletindo na
eterna briga entre os cientistas que querem estudá-lo e os militares que querem
simplesmente destruí-lo. O monstro obviamente merece um parágrafo a parte.
Interpretado por Kevin Peter Hall (que também vestiu a roupa de outro lendário
monstro do cinema em O Predador – lançado no ano seguinte) vestido em
um tosco traje de borracha, a criatura tem um Q de Alien, pois dentro de sua
boca, sai uma espécie de língua expandida com outra boca em sua ponta. Fora
isso, ele é indestrutível, e armas, bazucas, canhões e toda a artilharia pesada
do exército não causam nenhum dano no mesmo. Outra dúvida que paira sobre a
identidade do monstro é quanto a sua natureza sexual. Nunca fica claro se ele é
macho ou fêmea, ou se ainda é homossexual (afinal, ele finalmente sai do
armário, hein? Hein?). Isso porque o Clark Kent, ops, quer dizer, Richard Kent
possui um misterioso poder sedutor que faz a Profaª Bennett ficar
extasiada e caidinha por ele quando ele tira seus… óculos. Sim, mais uma piada
com o Superman. E cercados pelo monstro, o mesmo, ou mesma sei lá, vê-se
apaixonado(a) por ele, sequestrando-o e levando-o no colo por toda São
Francisco, que foge desenfreadamente em pânico, até que se descobre que o único
meio de acabar com a criatura, é destruindo todos os armários do mundo (!!!???)
de onde ele retira sua energia vital. Como se não bastasse, ainda há tempo para
mais tiração de sarro com o encerramento do filme, já que primeiro ele tira
barato na cara larga com as soluções estapafúrdias dos filmes B de ficção
científica (e de monstros principalmente) e segundo, ainda há um chiste com A
Bela e a Fera e com o final clássico de King Kong, quando é dito (neste caso) que
“o belo matou a fera”. É impagável! Claro que mesmo por traz de toda
esculhambação, há leve crítica social para quem quiser ver e entender, como a
ideia da homossexualidade do monstro, funcionando como metáfora do movimento de
libertação sexual dos anos 80, ainda mais com São Francisco como cenário de
fundo, e também o fato de o mesmo ser oprimido e incompreendido e por isso vive
escondido dentro dos armários. Mas também pode ser que eu esteja vendo coisas
demais, vai saber. O Monstro do Armário foi rodado no ano de 1983, mas só
lançado nos cinemas três anos depois. É um dos grandes clássicos emblemáticos
da Troma como O Vingador Tóxico, Terror
Firmer e Luther – O Sanguinário, e um daqueles filmes que preencheram o
imaginário popular da nossa infância, pegando um verdadeiro medo e trauma real
(quanta criançada não tem medo do tal monstro do armário?) e transformado em
deboche nessa paródia definitiva dos filmes de monstro.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/09/06/516-o-monstro-do-armario-1986/
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