quarta-feira, 16 de março de 2016

#516 1986 O MONSTRO DO ARMÁRIO (Monster in the Closet, EUA)


Direção: Bob Dahlin
Roteiro: Bob Dahlin
Produção: Peter L. Bergquist, Michel Billot, Terrence Corey, David Levy, Robert Rock, Michael Herz e Lloyd Kaufman (Produtores Executivos)
Elenco: Donald Grant, Denise DuBarry, Claude Atkins, Howard Duff, Henry Gibson, Donald Moffat, Paul Walker

O Monstro do Armário é um daqueles clássicos do escracho da Troma, a intrépida e sem noção produtora de Lloyd Kaufmann e Micahel Herz. Fora isso, há todo aquele lado saudosista da nossa infância quando o filme era sucesso entre a pivetada sendo exibido nas reprises do SBT. A tosquice come solta do começo ao fim, e o grande trunfo da Troma em suas produções mambembes de baixo orçamento e senso do ridículo nulo, é que eles sempre acertavam em fazer paródias e nunca se levar a sério demais. Então, não espere um pingo de horror neste clássico da podreira, e apenas cenas inverossímeis, sacadas deliciosamente divertidas e muito do politicamente incorreto que norteava os filmes da produtora. Dirigido e escrito por Bob Dahlin, O Monstro do Armário em seu começo já mostra a que veio, com o tal monstro fazendo suas primeiras vítimas, arrastando-as para dentro de seus armários e trucidando-as (em off screen) enquanto joga longe suas roupas e pertences. E sendo politicamente incorreta como a Troma é, a primeira vítima é uma adolescente de fraternidade (que num rápido e hilário segundo vê-se um rapaz sendo jogado de dentro do armário), um cachorro pastor alemão que é pregado na porta do armário de um velho cego (papel relâmpago do veteraníssimo do terror John Carradine), que seria a próxima vítima e uma garotinha, que pasme, é a Stacey “Fergie” Ferguson do Black Eyed Peas com oito anos de idade. Um repórter, Richard Clark (Donald Grant) que é um sósia do Clark Kent (e também uma tiração de sarro do mesmo) e comedor inveterado do chocolate CRUNCH é o responsável por escrever os obituários do Globo Diário (e não Planeta Diário), e certo dia, é sacanaeado por seu editor e o jornalista mais bem sucedido do jornal, Scoop (Frank Ashmore, famoso pela série V original) – que em inglês quer dizer “furo de reportagem”, sendo mandando até o local dos crimes do monstro do armário para investigar os acontecidos. Mal sabe que ele sim está prestes a ter o maior furo de sua carreira. Junto da proeminente bióloga Profª Diana Bennett (Denise DuBarry), do amalucado Dr. Pennyworth (Henry Gibson), uma espécie de clone do Einstein esteriótipo do cientista biruta, do padre Finnegan (Howard Duff), que fica segurando um crucifixo durante o filme todo, do Xerife “cuspidor” Sam Ketchem (Claude Atkins), do General Turnbull (Donald Moffat) e do pequeno gêniozinho “Professor” Bennet (que também pasmem, é interpretado por Paul Walker, que mais tarde faria a franquia Velozes e Furiosos), eles deverão impedir a trilha de cadáveres deixado pelo monstro, refletindo na eterna briga entre os cientistas que querem estudá-lo e os militares que querem simplesmente destruí-lo. O monstro obviamente merece um parágrafo a parte. Interpretado por Kevin Peter Hall (que também vestiu a roupa de outro lendário monstro do cinema em O Predador – lançado no ano seguinte) vestido em um tosco traje de borracha, a criatura tem um Q de Alien, pois dentro de sua boca, sai uma espécie de língua expandida com outra boca em sua ponta. Fora isso, ele é indestrutível, e armas, bazucas, canhões e toda a artilharia pesada do exército não causam nenhum dano no mesmo. Outra dúvida que paira sobre a identidade do monstro é quanto a sua natureza sexual. Nunca fica claro se ele é macho ou fêmea, ou se ainda é homossexual (afinal, ele finalmente sai do armário, hein? Hein?). Isso porque o Clark Kent, ops, quer dizer, Richard Kent possui um misterioso poder sedutor que faz a Profaª Bennett ficar extasiada e caidinha por ele quando ele tira seus… óculos. Sim, mais uma piada com o Superman. E cercados pelo monstro, o mesmo, ou mesma sei lá, vê-se apaixonado(a) por ele, sequestrando-o e levando-o no colo por toda São Francisco, que foge desenfreadamente em pânico, até que se descobre que o único meio de acabar com a criatura, é destruindo todos os armários do mundo (!!!???) de onde ele retira sua energia vital. Como se não bastasse, ainda há tempo para mais tiração de sarro com o encerramento do filme, já que primeiro ele tira barato na cara larga com as soluções estapafúrdias dos filmes B de ficção científica (e de monstros principalmente) e segundo, ainda há um chiste com A Bela e a Fera e com o final clássico de King Kong, quando é dito (neste caso) que “o belo matou a fera”. É impagável! Claro que mesmo por traz de toda esculhambação, há leve crítica social para quem quiser ver e entender, como a ideia da homossexualidade do monstro, funcionando como metáfora do movimento de libertação sexual dos anos 80, ainda mais com São Francisco como cenário de fundo, e também o fato de o mesmo ser oprimido e incompreendido e por isso vive escondido dentro dos armários. Mas também pode ser que eu esteja vendo coisas demais, vai saber. O Monstro do Armário foi rodado no ano de 1983, mas só lançado nos cinemas três anos depois. É um dos grandes clássicos emblemáticos da Troma como O Vingador Tóxico, Terror Firmer e Luther – O Sanguinário, e um daqueles filmes que preencheram o imaginário popular da nossa infância, pegando um verdadeiro medo e trauma real (quanta criançada não tem medo do tal monstro do armário?) e transformado em deboche nessa paródia definitiva dos filmes de monstro.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/09/06/516-o-monstro-do-armario-1986/

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