Direção: Chuck
Russell
Roteiro: Wes
Craven, Bruce Wagner, Frank Darabont, Chuck Russell
Produção: Robert
Shaye; Sara Risher (Coprodutor); Niki Marvin, Steve Thompson (Produtores
Associados); Wes Craven, Stephen Diener (Produtores Executivos)
Elenco: Heather
Langenkamp, Craig Wasson, Patricia Arquette, Robert Englund, Ken Sagoes, Rodney
Eastman
A Hora do Pesadelo 3 – Os Guerreiros
dos Sonhos,
depois do A Hora do Pesadelooriginal, é o melhor filme da franquia. E
claro que isso se deve a volta triunfal de Wes Craven à série, como produtor
executivo, escritor da história e da primeira versão do roteiro, na tentativa
de apagar a porcaria deixada pelo infame A Hora do Pesadelo 2: A Vingança de
Freddy.
Na verdade, Craven recusou-se a estar envolvido na produção da sequência do
seminal filme que colocou no mapa um dos principais vilões do cinema de terror,
por conta de não acreditar na fórmula de transformar seu filme em uma
cinesérie. Com a ótima bilheteria da continuação, Craven descobriu ter se
enganado e resolveu voltar para, de uma vez por todas, finalizar sua criação. Na
verdade, o grande mérito de A Hora do Pesadelo 3 – Os Guerreiros dos
Sonhos é retomar ao ambiente do primeiro filme e expandir a mitologia do
assassino que mata nos sonhos. E o elo entre as duas películas é a personagem
Nancy Thompson (Heather Langenkamp – de volta ao papel) sobrevivente do
massacre inicial na Rua Elm, localizada na outrora pacata cidade de Springwood.
A primeira ideia de Craven era exatamente um exercício metalinguístico onde os
atores do primeiro filme seriam perseguidos por Freddy Krueger na vida real,
mas foi veementemente vetada pelo estúdio. E sim, foi utilizada no último filme
da série, O Novo Pesadelo – O Retorno de Freddy Krueger, sete anos depois.
Escrito por Craven e Bruce Wagner, o roteiro passou pela revisão do próprio
diretor, Chuck Russel, e vejam só, do futuro indicado ao Oscar®, Frank
Darabont, diretor de Um Sonho de Liberdade, À Espera de um Milagre, O
Nevoeiro e idealizador da série The Walking Dead. Na trama, Kristen
(debute de Patricia Arquette no cinema) é uma adolescente problemática,
revoltada, deprimida, com tendências suicidas, vinda de uma família
disfuncional onde mora só com a mãe que leva estranhos para casa para farrear e
beber uísque. Ou seja, é exatamente o perfil das jovens vítimas dos pesadelos
de Freddy. Após mais um pesadelo e ataque do maluco queimado de chapéu de
feltro e pulôver vermelho e verde, é mandada para uma instituição psiquiátrica
comandada pelo Dr. Neil Gordon (Craig Wasson) junto de outros jovens internados
que também tem problemas de privação de sono. Todos eles filhos dos envolvidos
na justiça feita com as próprias mãos pelos pais das crianças abusadas por
Krueger ainda em vida. Como diz Nancy: “As últimas crianças da Rua Elm”. Ah
sim, Nancy reaparece adulta, como uma psicóloga na clínica, na esperança de
ajudar o Dr. Gordon a tratar os pacientes, inclusive receitando uma droga
experimental chamada Hyponocil, que funciona como um supressor de sono. Um a um
os jovens começam a serem abatidos como moscas em uma sequência simplesmente
impressionante de mortes: um garoto tem suas veias arrancadas e usadas como
cordas de marionete com Freddy Krueger como titeteiro; a outra tem a cabeça
enfiada dentro da televisão; outro é empalado por uma cadeira de rodas versão
Trono de Ferro do Game of Thrones; e ainda Freddy transforma seus dedos em
injeções e enfia nos buracos de picos de uma viciada, que se transformam em
boquinhas implorando pelo tóxico. Além dos efeitos especiais caprichados para
essa terceira parte (lembre-se que estamos nos anos 80) dois elementos são
importantíssimos para a construção do personagem e de sua própria mitologia,
norteando passado e futuro de Freddy Krueger. O primeiro é o abuso do sarcasmo
e do humor negro, com o personagem de Robert Englund sempre soltando uma frase
de impacto ou piadinha logo antes ou depois de suas chacinas. As duas mais
clássicas são o famosíssimo “bem-vindo ao horário nobre, cadela” antes de
enfiar a cabeça da moça dentro do tubo de TV e o não menos clássico “vamos
ficar doidões” antes de atacar a junkie. O segundo é a história do nascimento
do sujeito, quando o Dr. Gordon descobre por meio de uma freira, a irmã Mary
Hellen (Nan Martin), que sua mãe, Amanda Krueger, trabalhava em um hospital
psiquiátrico onde só os piores elementos eram levados, e ficara presa no local
durante um feriado, sendo estuprada dezena de vezes “por uma centena de
tarados”, encontrada quase morta e grávida do bebê Freddie. Com mortes
impressionantes, Freddy mais maligno e engenhoso que nunca, pesadelos tétricos,
a volta das criancinhas pulando corda e cantando aquela assustadora cantiga e
cenários sombrios, A Hora do Pesadelo 3 – Os Guerreiros dos Sonhos tinha
TUDO para ser perfeito, mas… Sempre tem um “mas”, e são os tais Guerreiros dos
Sonhos. Beleza, eu adorava quando era moleque e assistia no SBT, só que depois
de velho ver os poderes que os jovens adquirem dentro dos sonhos é tosco demais
e bem vergonha alheia. Kristen que além de poder trazer todos para o mundo dos
sonhos, vira uma espécie de Daiane dos Santos; Kincaid (Ken Sagoes) adquire
força sobre-humana; Joey (Rodney Eastman) que é mudo transforma-se no Banshee
dos X-Men; Will (Ira Helden) se torna um mago à lá Presto de Caverna do Dragão;
e Taryn (Jennifer Rubin), a viciada, numa punk de moicano gigantesco, roupa de
couro e canivetes. Sério, por que, Sr. Craven? Outro momento constrangedor, e
aí vai
ALERTA DE SPOILER,
é quando o Dr. Gordon e o pai de Nancy (John
Saxon também de volta) precisam encontrar os restos mortais de Freddy, que
estão em um ferro-velho, e segundo a freira, enterrar em solo sagrado para que
o monstro finalmente descanse em paz. Freddy consegue sair do mundo dos sonhos
(só essa vez especificamente, e não me pergunte por que ele nunca o fez em
outras oportunidades) e ressuscita seu esqueletinho que mata o pai de Nancy (em
uma cena ao melhor estilo Jasão e os Argonautas) e dá um cacete em Gordon,
jogando-o na vala aberta e o cobrindo com duas pás de terra (adoram fazer isso
com Craig Wasson. Lembra de Dublê de Corpo?). Só para o psiquiatra voltar no último
instante e enterrar os ossos de Krueger e acabar com o cabra da peste. Mas pera
lá, porque ele não matou o sujeito ou pelo menos o enterrou de forma decente
para não ser derrotado depois? E pera lá 2, ele não tinha que enterrar os ossos
em solo sagrado? Não sabia que a terra de um ferro-velho é sagrada! Mas enfim. Apesar
dessas derrapadas, A Hora do Pesadelo 3 – Os Guerreiros dos Sonhos é
um ótimo filme de Freddy Krueger, e se junta ao original como os únicos que
efetivamente prestam na cinesérie. Mas claro que a ideia de Craven em matar sua
criação de uma vez por todas não deu certo, muito por conta dos mais de
quarenta milhões que arrecadou na bilheteria americana (dez vezes mais que seu
orçamento). No ano seguinte mesmo ele já voltaria a atazanar os sonhos dos
adolescentes.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/10/01/534-a-hora-do-pesadelo-3-os-guerreiros-dos-sonhos-1987/
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