Direção: David Keith
Roteiro: David Chaskin (baseado no conto
de H.P. Lovecraft)
Produção: Ovidio G. Assonitis; Lucio
Fulci (Produtor Associado); Moshe Diamant (Produtor Executivo)
Elenco: Wil
Wheaton, Claude Atkins, Malcom Danare, Cooper Huckabee, John Schneider, Amy
Wheaton
O obscuro filme B A Maldição – Raízes do Terror inicialmente
chama a atenção pelo seguinte fato: é baseado em um conto de H.P. Lovecraft.
Isso já é motivo para gerar curiosidade suficiente para se assisti-lo, ainda
mais se tratando de uma de suas melhores histórias: “A Cor que Caiu do Céu”. Mas
na verdade o filme trata-se de uma boa surpresa. Vale lembrar que o mesmo conto
já fora adaptado anteriormente para o cinema nos anos 60, no filme Morte Para um Monstro, estrelado por
ninguém menos que Boris Karloff. Essa fita ítalo-americana foi produzida por
Ovidio G. Assonitis, conhecido dos fãs do horror por pérolas como Tentáculos e Piranha 2 – Assassinas Voadoras. Também é o primeiro
filme como diretor do ator David Keith (aquele de Chamas da Vingança, baseado no livro de Stephen King) e traz no
elenco um adolescente Wil Wheaton, muito antes de se tornar a nêmese de Sheldon
Cooper. Mas talvez a informação mais interessante ou estranha dos créditos, é
que temos um tal Louis Fulci como produtor associado, que sim, é nosso velho
chapa Lucio Fulci, que também foi diretor de segunda unidade (e inicialmente
cotado para dirigir o longa – o que instantaneamente já nos faz pensar como
poderia ter sido diferente o filme entregue). Pois bem, o começo de A
Maldição – Raízes do Terror é extremamente misterioso e eficiente em
prender a atenção do espectador, onde um sujeito alterado com pústulas nojentas
no rosto é preso por policiais gritando que “algo está na água”. Elipse para um
passado recente para nos contar o que se sucedeu em Tellico Plains, no Kansas,
mais precisamente na fazenda de Nathan Crane (Claude Akins) um bronco e
religioso fundamentalista que passa por uns maus bocados por conta da recessão
que atingia as fazendas familiares americanas na era Reagan. Nathan é casado
com Frances (Kathleen Jordon Gregory), viúva com dois filhos, Zack (Wheaton) e
Alice (Amy Wheaton, sua irmã também na vida real). Além disso, ele também tem
um filho de seu primeiro casamento, Cyrus (Malcom Danare) um verdadeiro matuto
rude com o QI menor que uma doninha. Nathan é aquele sujeito grosso patriarcal
que bate no enteado por usar o nome de Deus em vão, recita frase da bíblia em
todas as situações e não comparece com a esposa, pois é pecado fornicação por
motivos que não sejam reprodutivos. Até que uma noite, com fogo na bacorinha,
Frances resolve dar para o empregado da fazenda que está abrindo um poço no
local e eis que do céu, um meteoro brilhante cai durante a noite bem nos
arredores da fazenda de Nathan. Inicialmente o Dr. Alan Forbes (Cooper Huckabee)
é chamado para analisar o fragmento espacial (com seu contador Geiger, afinal
não sabia que os médicos dos consultórios do interior americano possuíam o
equipamento em seu escritório) e quando decide procurar alguma ajuda técnica, é
impedido por Charley Davidson (Steve Carlisle), presidente da junta comercial e
da câmara municipal da cidade, interessado na especulação imobiliária e
doidinho para comprar a propriedade de Crane, que se recusa em vendê-la.
Paralelo a isso, um funcionário do departamento hídrico do estado está em
visita ao local para estudos da construção de uma barragem. Pois bem, um belo
dia o meteoro brilhante derrete e sua composição química adentra o poço,
fazendo com que a água fique contaminada e toda a plantação irrigada e animais comecem
a adoecer ou apodrecer. No caso dos humanos que beberem a água, como Frances,
Cyrus e o próprio Nathan, um comportamento insano surgirá junto com terríveis
deformações na pele. Frances é a primeira afetada, mas Nathan recusa procurar
qualquer tipo de ajuda, pois acredita que Deus a está castigando pelo
adultério. Zach e Alice salvam-se já que o moleque, ao perceber o gosto
estranho na água, para de toma-la e vai buscar água na casa do Dr. Forbes,
assim como alimentos na cidade, que dá também a sua irmã. Há três aspectos que
compromete o andamento de A Maldição – Raízes do Terror. O primeiro e
evidente é a falta de verba que acabou afetando consideravelmente na parte
técnica do filme e principalmente nos efeitos especiais. O segundo é alguma
inépcia da direção de David Keith, dando um desconto por ser seu debute atrás
das câmeras. O terceiro e principal, é o maldito alívio cômico completamente
desnecessário e situações esdrúxulas, como o insuportável personagem de
Carlisle, completamente exagerado e caricato e a esposa dondoca do Dr. Forbes,
Esther (Hope North), colocando na conta dela uma cena patética onde tenta
convencer o bom médico a ceder à pressão de Davidson em não buscar por ajuda,
seduzindo-o com um baby-doll provocante e passando óleo nas pernas. A
conclusão infelizmente é apressada e novamente por conta da verba, fica
obviamente muito aquém da resolução do próprio conto de Lovecraft, que seria
impossível de ser adaptado. Mas há algo que se deva tirar o chapéu: a atuação
de Frances quando começa a se transformar em uma criatura mutante disforme. Uma
cena em particular vale por toda e qualquer deficiência do filme: o momento em
que Davidson entra no porão da fazenda, sem saber que Frances foi confinada ali
pelo marido. É realmente assustadora, climática e muito bem conduzida até seu
desfecho sangrento. Seu final também é pessimista e interessante e nos mostra
(logo na primeira cena na real) que a barragem fora construída e a “cor que
caiu do céu” irá se espalhar e contaminar mais pessoas. Apesar dos apesares, A
Maldição – Raízes do Terror é um bom filme. Teve uma péssima recepção,
sendo muito criticado (inclusive por Wheaton que diz que a única coisa boa do
longa é que ele pode atuar com sua irmã) e subestimado, mas mesmo pecando na
técnica e em sua condução, tem um roteiro interessante e momentos assustadores
e nojentos. Vale a pena conferir.
FONTE:
https://101horrormovies.com/2014/10/02/535-a-maldicao-raizes-do-terror-1987/
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