sexta-feira, 25 de março de 2016

#535 1987 A MALDIÇÃO RAÍZES DO TERROR (The Curse, EUA, Itália)


Direção: David Keith
Roteiro: David Chaskin (baseado no conto de H.P. Lovecraft)
Produção: Ovidio G. Assonitis; Lucio Fulci (Produtor Associado); Moshe Diamant (Produtor Executivo)
Elenco: Wil Wheaton, Claude Atkins, Malcom Danare, Cooper Huckabee, John Schneider, Amy Wheaton

O obscuro filme B A Maldição – Raízes do Terror inicialmente chama a atenção pelo seguinte fato: é baseado em um conto de H.P. Lovecraft. Isso já é motivo para gerar curiosidade suficiente para se assisti-lo, ainda mais se tratando de uma de suas melhores histórias: “A Cor que Caiu do Céu”. Mas na verdade o filme trata-se de uma boa surpresa. Vale lembrar que o mesmo conto já fora adaptado anteriormente para o cinema nos anos 60, no filme Morte Para um Monstro, estrelado por ninguém menos que Boris Karloff. Essa fita ítalo-americana foi produzida por Ovidio G. Assonitis, conhecido dos fãs do horror por pérolas como Tentáculos Piranha 2 – Assassinas Voadoras. Também é o primeiro filme como diretor do ator David Keith (aquele de Chamas da Vingança, baseado no livro de Stephen King) e traz no elenco um adolescente Wil Wheaton, muito antes de se tornar a nêmese de Sheldon Cooper. Mas talvez a informação mais interessante ou estranha dos créditos, é que temos um tal Louis Fulci como produtor associado, que sim, é nosso velho chapa Lucio Fulci, que também foi diretor de segunda unidade (e inicialmente cotado para dirigir o longa – o que instantaneamente já nos faz pensar como poderia ter sido diferente o filme entregue). Pois bem, o começo de A Maldição – Raízes do Terror é extremamente misterioso e eficiente em prender a atenção do espectador, onde um sujeito alterado com pústulas nojentas no rosto é preso por policiais gritando que “algo está na água”. Elipse para um passado recente para nos contar o que se sucedeu em Tellico Plains, no Kansas, mais precisamente na fazenda de Nathan Crane (Claude Akins) um bronco e religioso fundamentalista que passa por uns maus bocados por conta da recessão que atingia as fazendas familiares americanas na era Reagan. Nathan é casado com Frances (Kathleen Jordon Gregory), viúva com dois filhos, Zack (Wheaton) e Alice (Amy Wheaton, sua irmã também na vida real). Além disso, ele também tem um filho de seu primeiro casamento, Cyrus (Malcom Danare) um verdadeiro matuto rude com o QI menor que uma doninha. Nathan é aquele sujeito grosso patriarcal que bate no enteado por usar o nome de Deus em vão, recita frase da bíblia em todas as situações e não comparece com a esposa, pois é pecado fornicação por motivos que não sejam reprodutivos. Até que uma noite, com fogo na bacorinha, Frances resolve dar para o empregado da fazenda que está abrindo um poço no local e eis que do céu, um meteoro brilhante cai durante a noite bem nos arredores da fazenda de Nathan. Inicialmente o Dr. Alan Forbes (Cooper Huckabee) é chamado para analisar o fragmento espacial (com seu contador Geiger, afinal não sabia que os médicos dos consultórios do interior americano possuíam o equipamento em seu escritório) e quando decide procurar alguma ajuda técnica, é impedido por Charley Davidson (Steve Carlisle), presidente da junta comercial e da câmara municipal da cidade, interessado na especulação imobiliária e doidinho para comprar a propriedade de Crane, que se recusa em vendê-la. Paralelo a isso, um funcionário do departamento hídrico do estado está em visita ao local para estudos da construção de uma barragem. Pois bem, um belo dia o meteoro brilhante derrete e sua composição química adentra o poço, fazendo com que a água fique contaminada e toda a plantação irrigada e animais comecem a adoecer ou apodrecer. No caso dos humanos que beberem a água, como Frances, Cyrus e o próprio Nathan, um comportamento insano surgirá junto com terríveis deformações na pele. Frances é a primeira afetada, mas Nathan recusa procurar qualquer tipo de ajuda, pois acredita que Deus a está castigando pelo adultério. Zach e Alice salvam-se já que o moleque, ao perceber o gosto estranho na água, para de toma-la e vai buscar água na casa do Dr. Forbes, assim como alimentos na cidade, que dá também a sua irmã. Há três aspectos que compromete o andamento de A Maldição – Raízes do Terror. O primeiro e evidente é a falta de verba que acabou afetando consideravelmente na parte técnica do filme e principalmente nos efeitos especiais. O segundo é alguma inépcia da direção de David Keith, dando um desconto por ser seu debute atrás das câmeras. O terceiro e principal, é o maldito alívio cômico completamente desnecessário e situações esdrúxulas, como o insuportável personagem de Carlisle, completamente exagerado e caricato e a esposa dondoca do Dr. Forbes, Esther (Hope North), colocando na conta dela uma cena patética onde tenta convencer o bom médico a ceder à pressão de Davidson em não buscar por ajuda, seduzindo-o com um baby-doll provocante e passando óleo nas pernas. A conclusão infelizmente é apressada e novamente por conta da verba, fica obviamente muito aquém da resolução do próprio conto de Lovecraft, que seria impossível de ser adaptado. Mas há algo que se deva tirar o chapéu: a atuação de Frances quando começa a se transformar em uma criatura mutante disforme. Uma cena em particular vale por toda e qualquer deficiência do filme: o momento em que Davidson entra no porão da fazenda, sem saber que Frances foi confinada ali pelo marido. É realmente assustadora, climática e muito bem conduzida até seu desfecho sangrento. Seu final também é pessimista e interessante e nos mostra (logo na primeira cena na real) que a barragem fora construída e a “cor que caiu do céu” irá se espalhar e contaminar mais pessoas. Apesar dos apesares, A Maldição – Raízes do Terror é um bom filme. Teve uma péssima recepção, sendo muito criticado (inclusive por Wheaton que diz que a única coisa boa do longa é que ele pode atuar com sua irmã) e subestimado, mas mesmo pecando na técnica e em sua condução, tem um roteiro interessante e momentos assustadores e nojentos. Vale a pena conferir.
FONTE: https://101horrormovies.com/2014/10/02/535-a-maldicao-raizes-do-terror-1987/

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